O papa Francisco conversou por telefone com o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse que o papa Francisco falou sobre a guerra na Terra Santa com o presidente Abbas na tarde de ontem (2).

Segundo a WAFA, a agência de notícias do Estado da Palestina, Mahmud Abbas manifestou a sua gratidão ao papa Francisco pelos seus “esforços” na busca pela paz na Terra Santa e no mundo.

Durante o colóquio, o papa destacou a importância de alcançar a paz e acabar com a guerra e reforçou a necessidade de prestar assistência humanitária às pessoas afetadas.

Segundo a agência oficial palestina, Abbas falou sobre a importância de a Santa Sé “continuar os seus esforços”.

Jerusalém, “lugar de encontro e não de conflito”

Não é a primeira vez que o papa Francisco e o presidente da Palestina discutem a paz na região. No dia 4 de novembro de 2021, o papa recebeu Mahmud Abbas no Vaticano.

Segundo um comunicado da Santa Sé, durante esse encontro falaram “sobre o processo de paz entre Israel e a Palestina e a necessidade absoluta de reativar o diálogo direto a fim de alcançar uma solução de dois Estados, também com a ajuda de um compromisso mais vigoroso por parte da comunidade internacional”.

Também foi reiterado que “Jerusalém deve ser reconhecida por todos como um lugar de encontro e não de conflito", e seu status deve "preservar a identidade e o valor universal da Cidade Santa para todas as três religiões abraâmicas, inclusive através de um status especial garantido internacionalmente".

O conflito

O conflito entre Israel e os árabes data da criação do Estado judeu. Em 1948, as Nações Unidas decidiram que o protetorado britânico na região deveria ser dividido entre dois estados, um para os judeus e outro para os árabes da região. Jerusalém seria uma cidade internacional devido à sua importância como local sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos.

Os judeus aceitaram imediatamente a resolução e fundaram Israel. Os países árabes rejeitaram a ideia de um estado judeu. O Egito, a Síria e a Jordânia invadiram o território atribuído pela ONU ao Estado árabe e declararam guerra a Israel.

Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel invadiu os territórios ocupados pela Jordânia, Egito e Síria, incluindo Jerusalém, então ocupada pela Jordânia.

Em 1993, Israel e a Organização para a Libertação da Palestina assinaram um tratado de paz conhecido como Acordo de Oslo. A Autoridade Palestiniana assumiu o controle parcial da Faixa de Gaza e da Cisjordânia em troca do reconhecimento da existência de Israel.

O Hamas, um grupo radical islâmico formado em 1987, nunca aceitou o acordo de Oslo e iniciou uma luta tanto contra a Fatah, o grupo que controla a Autoridade Palestiniana, como contra Israel. Desde 2007, após ser eleito pela primeira vez, o Hamas controla a Faixa de Gaza. O Fatah continua no controle da Cisjordânia.

No dia 7 de outubro, o grupo terrorista islâmico Hamas invadiu Israel a partir da Faixa de Gaza. Também nesse mesmo dia, centenas de mísseis foram lançados em território israelense. Mais de mil civis morreram e cerca de 200 pessoas foram sequestradas. Em retaliação, Israel respondeu com a “Operação Espada de Ferro”, uma série de bombardeios e ataques terrestres contra Gaza, com número desconhecido de vítimas, além do bloqueio da área.

Papa Francisco, a Santa Sé e a busca por “caminhos de paz”

No dia 23 de outubro o papa Francisco conversou sobre o conflito com o presidente dos EUA, Joe Biden, para encontrar “caminhos de paz”.

Francisco também recebeu um telefonema no dia 26 de outubro do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, com quem discutiu a dramática situação na Terra Santa.

Em 27 de outubro, o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, pediu que se evitasse uma escalada na guerra entre Israel e o Hamas, e anunciou um possível encontro entre o papa Francisco e as famílias dos reféns que o grupo terrorista mantém em Gaza.

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O secretário para as Relações com os Estados, dom Paul Gallagher, também conversou por telefone com Hossein Amir-Abdollahian, ministro das Relações Exteriores do Irã, no dia 30 de outubro.

Na conversa, proposta pelo presidente iraniano, dom Gallagher manifestou “a séria preocupação da Santa Sé sobre o que está acontecendo em Israel e na Palestina”.