A Santa Sé confirmou que o papa Francisco recebeu um telefonema do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, hoje (26). Eles conversaram sobre a dramática situação na Terra Santa como resultado do confronto entre Israel e a organização terrorista islâmica Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, informou por e-mail que a conversa desta manhã ocorreu a pedido de Erdoğan e centrou-se “na dramática situação na Terra Santa”.

“O papa expressou sua tristeza pelo que está acontecendo e reiterou a posição da Santa Sé, esperando que seja possível alcançar uma solução de dois Estados e um estatuto especial para a cidade de Jerusalém”, diz Bruni.

A conta da rede social X da Presidência da República da Turquia diz que "o telefonema abordou o conflito entre Israel e Palestina (sic) e as violações cada vez mais graves dos direitos humanos na região".

A presidência turca, cuja declaração não condena os assassinatos de civis e os sequestros cometidos pelo Hamas em 7 de outubro em Israel, descreveu o que está atualmente acontecendo em Gaza como um “massacre”, onde mais de 5 mil pessoas morreram em consequência dos bombardeios israelenses. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que já estão se preparando para a invasão terrestre da Faixa.

Segundo a agência EFE, num discurso perante o parlamento turco pronunciado ontem (25), o presidente Erdoğan disse que “o Hamas não é uma organização terrorista; é um grupo de combatentes da libertação que luta para proteger as suas terras e os seus cidadãos”.

Os líderes da União Europeia se reúnem hoje e amanhã em Bruxelas (Bélgica) para aproximar posições e solicitar uma "pausa humanitária" que lhes permita cuidar dos 2 milhões de habitantes de Gaza, que, além dos bombardeios, enfrentam as consequências do bloqueio israelense, como a escassez de água, medicamentos, alimentos e outros bens de primeira necessidade.

Os dois Estados

A posição da Santa Sé a favor da criação de dois Estados – um israelense e outro palestino– baseia-se na Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, aprovada em 1947 e com a qual foi criado o Estado de Israel.

No entanto, a divisão do território do então Mandato Britânico da Palestina e o estabelecimento de Israel não foram aceitos pelos países árabes, o que trouxe três guerras e o aparecimento em 1987 do Hamas, um grupo islâmico palestino que tomou o poder em Gaza em 2007.

Em relação à cidade de Jerusalém, a Resolução 181 propôs um regime internacional especial e que fosse administrada pelas Nações Unidas. Um dos objetivos era “proteger e preservar os interesses espirituais e religiosos” dos seguidores das três grandes religiões – judaísmo, cristianismo e islamismo – que ali têm lugares sagrados.

Mas na guerra de 1967, Israel reconquistou Jerusalém e declarou-a sua capital, o que aumentou o conflito com países muçulmanos como o Irã, que é suspeito de financiar o Hamas.