“Hoje, trazendo meu testemunho, tendo essa graça que Deus me deu de reparar um pouco os meus pecados perante a Igreja, eu tenho que falar que não vale a pena. Eu fiz todos esses abortos, mas existe a cicatriz, existe a ferida”, disse a dona de casa Agenora Maria Lima de Oliveira durante um ato pró-vida que aconteceu na quarta-feira (4), na catedral de Juiz de Fora (MG).

O evento intitulado “Desperta para a vida Juiz de Fora” reuniu centenas de fiéis e faz parte da programação da Semana Nacional da Vida da arquidiocese mineira. O objetivo foi chamar a atenção contra o julgamento no Superior Tribunal Federal (STF) da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que pretende descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação no Brasil.

A ADPF 442 foi impetrada no STF pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em março de 2017. O julgamento começou no dia 22 de setembro e iria até o dia 29, no plenário virtual. Mas, logo após o voto favorável da ex-presidente do STF e relatora da ação, Rosa Weber, foi suspenso a pedido do ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo. Até o momento o julgamento não foi remarcado, mas quando retornar acontecerá no plenário físico do STF.

A dona de casa Agenora de Oliveira foi uma das pessoas que deram seu testemunho no evento pró-vida na catedral de Juiz de Fora. Ela contou que, quando jovem, fez vários abortos por não ter o apoio do então namorado. “Eu acredito que todas as mulheres que cometeram aborto nunca mais foram as mesmas e nunca serão”, disse.

Outro testemunho foi o da advogada Lizzie Rodrigues. Ela contou que durante a gravidez de sua filha, não teve suporte do companheiro e passou “por uma situação de completo abandono” por parte dele.

“Foi uma história de muita luta, de muita resistência, de muita fé em Deus, que foi o que me moveu até o meu parto e depois, até criar a minha filha. Hoje eu quis vir aqui compartilhar com as mães e com os pais, para que eles possam passar à frente a mensagem de que vale a pena a gente não optar pelo aborto”, testemunhou.

A advogada ainda reiterou que o Estado precisa garantir a vida da mãe e do bebê e “dar condições” para que “essa mulher consiga levar a gestação dela”, e que “o bebê consiga nascer em segurança e, caso ela não deseje exercer a maternidade, possa ter condições de encaminhar o bebê à adoção”.

No decorrer do evento também teve oração, escuta da Palavra de Deus, ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica sobre o aborto, palestras sobre a defesa da vida e uma reflexão sobre o aborto do arcebispo de Juiz de Fora, dom Gil Antônio Moreira. Em seguida, houve uma adoração ao Santíssimo Sacramento. Após a bênção, os fiéis participaram de uma procissão luminosa até a gruta de Nossa Senhora Aparecida, cantando e dizendo: “vida sim, aborto não”.

Ao final do evento, dom Gil Antônio Moreira pediu a Deus que “não permita que haja no Brasil qualquer agressão ao espírito democrático, que nenhum dos três poderes invada a competência do outro”, pois “isso é uma destruição da democracia”.

Ainda em comemoração pela Semana Nacional da Vida, a arquidiocese de Juiz de Fora fará uma mesa redonda sobre aborto e drogas no sábado (7), às 15h, no auditório Mater Ecclesiae, da Cúria Metropolitana. No domingo (8), dom Gil Antônio Moreira celebrará uma missa em ação de graças pelo Dia do Nascituro, na catedral às 10h. Após a celebração haverá uma carreata com “buzinaço” até o seminário Santo Antônio, em defesa da vida.