Líderes católicos na Austrália emitiram fortes condenações ao que descreveram como uma atmosfera "agravante" de antissemitismo, devido a um ataque terrorista ontem (14) contra uma celebração da festa judaica do Hanukkah, na praia de Bondi, em Sydney, no Estado de Nova Gales do Sul, que matou 16 pessoas.

O arcebispo de Sydney, Anthony Fisher, disse sentir "profunda tristeza e justa indignação" pela violência.

“O fato de uma celebração da festa judaica de Hanukkah ter terminado com cerca de 16 mortos, entre eles uma criança, e muitos outros feridos, horroriza os australianos comuns”, disse Fisher.

“O desprezo descarado e insensível pela vida humana, e o ódio de algumas pessoas contra todos os judeus, é um mal indizível que deve ser repudiado por todos os australianos”, disse o arcebispo.

Ligação pessoal para o arcebispo

Fisher disse que uma "atmosfera de antissemitismo público tem se alastrado" em Sydney há cerca de dois anos, falando especificamente sobre atividades inflamatórias perto da catedral católica da cidade.

“Em frente à minha própria catedral, no Hyde Park, têm ocorrido manifestações semanais nas quais mensagens inflamatórias têm sido regularmente articuladas, o que só poderia ter aumentado a tensão e talvez contribuído para a radicalização”, disse ele. “Isso deve parar”.

O arcebispo falou sobre uma ligação pessoal com a tragédia, citando sua própria ascendência judaica: "Minha bisavó era judia... Os cristãos são filhos dos judeus", escreveu ele. "Portanto, um ataque aos judeus é um ataque a todos nós".

O arcebispo de Perth, Timothy Costelloe, SDB, presidente da Conferência dos Bispos Católicos Australianos (ACBC, na sigla em inglês), uniu-se a Fisher na condenação do "flagelo do antissemitismo", dizendo que a violência "abalou profundamente os australianos".

“Os motivos perversos por trás daqueles que perpetraram esses atos terríveis estão agora claramente ligados ao flagelo do antissemitismo”, disse Costelloe. “Essa é uma realidade chocante e profundamente angustiante que coloca em questão a nossa própria compreensão de nós mesmos como australianos”.

Ele disse que “o preconceito cego e o ódio indicam uma mancha escura e destrutiva em nossa sociedade, que ameaça não só nossos irmãos e irmãs judeus, mas, na verdade, todos nós”.

Fisher disse que a comunidade católica "redobraria seus esforços" para combater o antissemitismo por meio da educação e da pregação. Ele ofereceu serviços católicos de educação e aconselhamento à comunidade judaica, enquanto suas próprias instituições estiverem "fechadas ou sobrecarregadas".

“Amamos nossos vizinhos e amigos judeus e devemos fazer tudo o que pudermos para mantê-los em segurança”, disse Fisher.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

Mais em

Incidente terrorista declarado

Autoridades confirmaram que uma menina de dez anos de idade estava entre os mortos quando dois homens armados abriram fogo contra a multidão reunida para a celebração de Chanucá à Beira-Mar ontem à noite. Cerca de 40 pessoas ficaram feridas.

Mal Lanyon, vice-comissário da polícia de Nova Gales do Sul, confirmou que os responsáveis pelo ataque terrorista eram pai e filho, identificados pela mídia local e por fontes policiais como Sajid Akram, de 50 anos de idade; e seu filho, Naveed Akram, de 24 anos de idade.

A emissora australiana ABC disse que Naveed Akram foi investigado há seis anos pela Organização Australiana de Inteligência de Segurança

(ASIO, na sigla em inglês), agência de inteligência interna da Austrália, por seus vínculos com uma célula do grupo terrorista Estado Islâmico com sede em Sydney.

A ABC citou um alto funcionário não identificado da força-tarefa conjunta de combate ao terrorismo, que disse que Naveed era considerado como tendo laços estreitos com Isaac El Matari, membro do Estado Islâmico preso em julho de 2019 e depois condenado por preparar um ato terrorista.

O senhor Akram mais velho foi morto a tiros pela polícia no local. Seu filho permanece em estado crítico sob custódia policial.

Na noite de ontem, as autoridades invadiram a casa da família no subúrbio de Bonnyrigg, em Sydney, onde a polícia disse ter descoberto artefatos explosivos improvisados num veículo ligado aos responsáveis pelo atentado. O tiroteio foi formalmente declarado um incidente terrorista.

Costelloe falou sobre a “coragem notável da polícia e de outros socorristas”.

O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, destacou a ação de um transeunte que confrontou um dos homens armados, chamando-o de "verdadeiro herói" que salvou vidas.

'Um ato de maldade'

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, condenou a violência como um "ataque direcionado contra judeus australianos" e um "ato de maldade".

“À comunidade judaica, estamos com vocês”, disse Albanese. “Vocês têm o direito de praticar sua religião, estudar, viver e trabalhar em paz e segurança. Um ataque contra judeus australianos é um ataque contra todos os australianos”.