4 de dez de 2025 às 12:12
“A árvore já está montada e a equipe está trabalhando 24 horas para preparar o Natal”, disse a vice-prefeita de Belém, Lucy Talgieh, ao jornal National Catholic Register, da EWTN. “Depois de cinco anos de fechamentos por causa da covid e depois da guerra, queremos celebrar”.
As festividades incluirão uma cerimônia de iluminação da árvore na praça da Manjedoura, e as ruas que levam à praça e à basílica da Natividade estarão repletas de luzes decorativas. Uma feira de presentes de Natal e um coral na véspera de Natal estarão de volta este ano. A procissão anual da véspera de Natal de Jerusalém a Belém, liderada pelo patriarca latino, cardeal Pierbattista Pizzaballa, que foi tão sóbria nos últimos dois anos, deverá ser muito mais alegre.
A decisão de retomar as celebrações públicas tradicionais de Natal reflete a esperança de que a guerra em Gaza esteja perto do fim, o que, por sua vez, oferece encorajamento aos cristãos na Terra Santa, especialmente em Belém, que estão enfrentando uma situação econômica terrível. A frágil economia de Belém, e particularmente sua comunidade cristã local, depende muito das peregrinações.
Embora Belém não fique na Faixa de Gaza, e sim na Cisjordânia, os combates entre Israel e o grupo radical islâmico patrocinado pelo Irã Hamas, que controla Gaza, afetou toda a região. Os combates tiveram início com a invasão de Israel pelo Hamas que matou cerca de 1,2 mil pessoas e fez centenas de reféns. No momento vigora um cessar-fogo entre Israel e Hamas.
Durante o último século, as lojas ao redor da praça da Manjedoura, que vendem cruzes de madrepérola feitas à mão e presépios esculpidos à mão por artesãos cristãos locais, sustentaram famílias inteiras.
Durante os confinamentos da covid-19 e a guerra, quase todas as lojas fecharam e a maioria dos artesãos encerrou suas atividades, talvez permanentemente, por falta de peregrinos, e passou a depender da internet.
O turismo estava apenas começando a se recuperar dos confinamentos da covid-19 quando o Hamas se infiltrou em Israel em 7 de outubro de 2023, desencadeando a guerra com Israel. Da noite para o dia, praticamente todas as companhias aéreas estrangeiras cancelaram seus voos para Tel Aviv, tornando quase impossível para os visitantes, incluindo peregrinos, viajarem. Mesmo aqueles que conseguiram chegar foram impedidos de entrar na Cisjordânia devido aos bloqueios de segurança israelenses.
Em dezembro de 2023, os bispos das igrejas cristãs de Jerusalém convocaram conjuntamente todas as paróquias cristãs a cancelarem suas celebrações públicas de Natal e, em vez disso, arrecadarem fundos para as vítimas da guerra.
“Não estamos vivendo tempos normais”, escreveram os bispos na declaração de 2023. “Por isso, nós, bispos e chefes das Igrejas em Jerusalém, convocamos nossas paróquias a abrirem mão de celebrações desnecessárias neste ano”.
Um ano depois, os patriarcas e líderes da Igreja admitiram que as restrições prejudicaram os cristãos locais.
“Embora nossas intenções fossem boas”, escreveram autoridades da Igreja em uma declaração conjunta de 2024, “muitos ao redor do mundo interpretaram mal esse apelo, vendo-o como um ‘cancelamento do Natal’ na Terra Santa — o próprio local do Santo Nascimento de Nosso Senhor. Por causa disso, ‘nosso testemunho único da mensagem natalina da luz que surge das trevas’ (João 1, 9) foi diminuído não apenas ao redor do mundo, mas também entre o nosso próprio povo”.
Mesmo assim, a prefeitura de Belém manteve as celebrações públicas no mínimo possível no ano passado, em solidariedade aos palestinos em Gaza.
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Este ano, muitas lojas, restaurantes e hotéis de Belém estarão abertos durante todo o mês de dezembro e, espera-se, por mais tempo.
“Os peregrinos podem esperar segurança e proteção aqui”, disse o vice-prefeito Talgieh, que é católico.
O padre franciscano Rami Askarieh, pároco em Jerusalém, disse que a decisão de permitir que os católicos celebrassem o Natal plenamente este ano partiu do cardeal Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém.
Durante uma reunião em outubro, “o patriarca insistiu que celebrássemos o Natal da mesma forma que os muçulmanos celebram o Ramadã e os judeus celebram seus feriados”, disse o padre Askarieh. “As pessoas estão exaustas com todas as coisas que aconteceram aqui. Eles precisam de um símbolo de esperança, uma luz na escuridão. Celebrar o Natal e a paz lhes dá esperança. Ele disse que devemos levar essa alegria a todas as pessoas ao nosso redor, cristãos e não cristãos”.
Apesar do que se vê nos noticiários da noite, o clima em Belém e Jerusalém é de paz. No entanto, apesar do aumento significativo de peregrinos nas últimas semanas, Belém continuará a enfrentar dificuldades até que os estacionamentos perto da Igreja da Natividade estejam novamente lotados de ônibus de turismo. "Muitos peregrinos esperam por sinais de normalidade, mas sempre há tensões", disse Askarieh.
Elisa Leopold Moed, CEO da Travelujah, uma operadora de turismo israelense que organiza viagens personalizadas para grupos cristãos, disse que agora há "mais interesse" em visitar Israel do que em qualquer outro momento desde o início da guerra. Embora muitas companhias aéreas já estejam voando para Israel, disse ela, é claramente tarde demais para os grupos reservarem uma viagem para o Natal.
"O problema é que, quando os grupos quiseram reservar um voo meses atrás para o inverno, não conseguiram encontrar voos para grupos".
A maioria dos grupos reserva com seis a doze meses de antecedência, explicou. "Seis meses atrás, havia uma guerra com o Irã".
A boa notícia é que as passagens aéreas de ida e volta para grupos da América do Norte caíram consideravelmente, de pelo menos US$ 2 mil por viajante para cerca de US$ 1,4 mil para boa parte de 2026. Embora os grupos questionem sobre segurança, a maior preocupação, disse Moed, é se poderão entrar em Belém, que está aberta a turistas há mais de um ano.
“A resposta é que nossos grupos estão indo a Belém agora. Vamos à igreja, almoçamos em um restaurante de Belém e fazemos compras na cidade. As operadoras de turismo estão cooperando para tornar isso possível. Belém está aberta”.
A vice-prefeita Talgieh disse que Belém espera ao menos 11 mil visitantes na semana do Natal. Embora esse número possa parecer pequeno, é um sinal de esperança para os moradores da cidade.
“Belém é o lugar certo para celebrar o Natal”, disse ela. “Com a ajuda de Jesus, renasceremos. Estamos ansiosos por um futuro melhor”.





