O arcebispo de Juba, Sudão do Sul, cardeal Stephen Ameyu, se disse preocupado com o agravamento da crise humanitária no Sudão e Sudão do Sul, países vizinhos.

O cardeal, que é presidente da Conferência Episcopal Católica do Sudão e do Sudão do Sul (SSS-CBC), exortou os membros da SSS-CBC na diocese de Malakal, Sudão do Sul, a fortalecer a unidade, promover a não-violência e reforçar as estruturas pastorais, enquanto a Igreja responde ao sofrimento do povo de Deus no Sudão e no Sudão do Sul.

Ameyu descreveu o encontro como “um sinal de comunhão que nos une como corpo de Cristo; uma comunhão que fortalece os laços de unidade, caridade e paz, que nos unem no colégio dos bispos”.

Ele rezou para que as deliberações na reunião fossem “guiadas pelo evangelho da não-violência e pelo chamado para sermos servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus”.

“O povo do Sudão e do Sudão do Sul está sofrendo profundamente, com deslocamentos, perda de vidas, destruição de igrejas e propriedades, e uma crise humanitária de proporções sem precedentes”, disse Ameyu.

Ele falou sobre o espírito de resistência do povo sudanês, dizendo: “Em meio a essas provações, as dioceses demonstraram resiliência, fornecendo abrigo, alimentos e assistência espiritual por meio de instituições de caridade e outras agências”.

“É nossa prioridade pastoral trabalhar pela paz e pela justiça. Somos chamados a construir essa importante instituição de justiça e paz em nosso secretariado, mas sobretudo também em nossas diferentes dioceses”, disse Ameyu.

“Oferecemos apoio não só material, mas também moral, demonstrando solidariedade aos refugiados e retornados que estão voltando para casa”, disse o cardeal. “Estamos juntos, evangelizando essas pessoas e oferecendo catequese para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade”.

“Devemos estar sempre atentos, mesmo em meio a essa destruição e essa violência, pois as pessoas ainda precisam de catequese; precisam de evangelização”, disse o arcebispo. “Concentremo-nos em nossa missão para com a família e o sacramento do matrimônio, porque acreditamos que o matrimônio é um dos aspectos mais importantes de nossas sociedades”.

O cardeal também expressou preocupação com os novos impostos governamentais sobre as propriedades e o pessoal da Igreja, dizendo que tais medidas poderiam prejudicar a missão da Igreja de servir aos pobres.

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“A recente imposição de impostos sobre as propriedades e o pessoal da Igreja ameaça nossa capacidade de servir aos pobres”, disse ele. “Os bispos vaõ dialogar com o governo para resolver essa questão”.

Ameyu instou os governos do Sudão e do Sudão do Sul a priorizarem a paz acima de tudo. "Ninguém foi criado para a guerra; todos fomos criados para a paz", disse o arcebispo.

Na reunião de 10 a 14 de novembro, os membros da SSS-CBC devem discutir o trabalho pastoral, a construção da paz e o crescente impacto dos desastres relacionados ao clima nas comunidades locais.

Em sua homilia na missa de abertura da assembleia plenária, Ameyu exortou os líderes políticos sudaneses a porem fim ao sofrimento dos cidadãos que continuam a suportar desastres naturais e provocados pelo homem no Estado do Alto Nilo, no Sudão do Sul.

“Meus caros funcionários do governo, é sua autoridade e dever trazer a paz ao povo de Malakal”, disse Ameyu, dizendo: “Muitos dizem que bispos e padres devem trazer a paz, mas eu lhes digo, não é o clero que traz a paz. Já ​​estamos em paz dentro de nós mesmos — é o governo e o povo que devem criar a oportunidade para o diálogo e a reconciliação”.

Ele disse que a verdadeira paz no Sudão e no Sudão do Sul só poderá ser alcançada quando os cidadãos superarem as divisões tribais e abraçarem a unidade.

“Vamos nos aceitar como Shilluk, como Dinka, como Nuer, como povo de Maban… Vamos trabalhar juntos pela paz”, disse o cardeal.

Na missa, membros da SSS-CBC lançaram a iniciativa Pequenas Comunidades Cristãs para reforçar o compromisso da Igreja com o tema da sinodalidade. A iniciativa incentiva os cristãos a viverem em comunhão e a assumirem papéis ativos na construção da paz em suas comunidades.

Em sua homilia, Ameyu também rezou para que Deus removesse o “espírito de desunião” entre o povo sul-sudanês, dizendo que a Igreja continuará a acompanhar o país por meio da oração e da orientação moral.

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“A paz começa com cada um de nós”, disse o cardeal. “Quando caminharmos juntos em comunhão e missão, o Sudão do Sul encontrará a paz que tanto almeja”.