17 de out de 2025 às 16:09
O prefeito do Dicastério Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Arthur Roche, encorajou paróquias a se familiarizar melhor com as diretrizes do papa Francisco sobre a missa e a garantir que os escritos do papa argentino, que morreu em abril, informem a formação litúrgica do clero e dos paroquianos.
Roche, que é prefeito do desde 2021, em substituição ao cardeal Robert Sarah, fez as recomendações numa reunião de três dias da Federação das Comissões Litúrgicas Diocesanas dos EUA.
“O papa Francisco não pretendia dar um tratamento sistemático à formação litúrgica”, disse Roche aos cerca de 230 participantes da reunião, segundo um comunicado da FDLC à imprensa divulgado na última quarta-feira (15).
“O que ele queria fazer era tomar a Igreja pela mão e conduzi-la em direção ao centro do mistério que celebramos, em direção ao coração de Cristo que arde com seu desejo ardente de que nos aproximemos, tomemos seu Corpo e bebamos seu Sangue, para adorar o Pai com corações e mentes renovados por termos sido lavados no sangue do Cordeiro”, disse ele.
Roche disse que a celebração da missa deve ser "fundamentada no Mistério Pascal de Cristo" e reafirmou os comentários de Francisco de 2017 de que "a reforma litúrgica é irreversível". Roche citou a carta apostólica Desiderio desideravi, publicada pelo papa Francisco em 2022, e disse que o documento deveria estar "mais amplamente disponível às paróquias" e que deveria haver mais ajuda para "organizar leituras guiadas dele".
Francisco escreveu o Desiderio desideravi um ano depois de emitir o motu proprio Traditionis custodes, de 2016 , que restringia a celebração da missa tradicional em latim.
Nesse documento, o papa argentino escreveu que “todos os aspectos do celebrar devem ser cuidados”, como o espaço, o tempo, os gestos, as palavras, os objetos, as vestes, o canto e a música. Ele escreveu: “Bastaria essa atenção para evitar subtrair à assembleia aquilo que lhe é devido, isto é, o mistério pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece”.
Roche disse: “A profundidade e a amplitude de sua visão litúrgica nos oferecem inúmeras oportunidades de fazer uma pausa para reflexão a fim de apreciar o grande dom que nos foi transmitido nos livros litúrgicos”.
“Não hesito em encorajá-los a serem ousados, mas sempre caridosos, na promoção da singular lex orandi do rito romano”, disse ele. “Discursos sobre a liturgia que carecem de espírito de caridade provêm de um espírito diferente do de Cristo”.
Roche foi o responsável por implementar a obediência ao motu proprio Traditionis custodes, com o qual o papa Francisco restringiu fortemente a celebração da liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II.
A própria FDLC foi fundada pela Conferência de Bispos Católicos dos EUA em 1969 para auxiliar na implementação das reformas litúrgicas decorrentes do concílio Vaticano II. O 56º encontro nacional anual foi feito de 30 de setembro a 2 de outubro em Baltimore, Maryland, EUA.
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Rita Thiron, diretora executiva da FDLC, disse à CNA, agência em inglês da EWTN, que o documento do papa Francisco é um "texto muito, muito bonito" e que a FDLC oferece um guia de estudo para paróquias que oferece perguntas para discussão e reflexões sobre o documento. Ela disse que o documento fala sobre como o homem moderno perdeu a capacidade de se associar a símbolos e que ele "nos encorajou a usar símbolos de forma mais ritualística", como a água mais abundante nos batismos.
Ela destacou que a liturgia oferece formação espiritual para todos os presentes e que, quando o clero celebra a missa corretamente, “as pessoas estarão mais sintonizadas com o rico texto e a rica teologia contidos na liturgia”.
O padre Anthony Ruff, professor de teologia na Escola de Teologia e Seminário Saint John, especializado em música litúrgica, disse à CNA que Roche "fez uma excelente sugestão". Para ele, Desiderio desideravi é "um documento lindamente escrito e inspirador".
“Ajuda todos nós a entender a visão da Igreja sobre a liturgia com base no concílio Vaticano II — especialmente como a liturgia reformada pode ser a fonte viva de toda a nossa vida de oração e do nosso discipulado cristão”, disse ele.
A missa tradicional em latim não é discutida em detalhes
Roche não discutiu longamente as restrições de Francisco à missa tradicional em latim, mas promoveu os documentos que falam sobre essas restrições.
Ruff disse que a segunda carta “segue naturalmente” essas restrições “para aqueles que ainda têm dificuldade de aceitar a liturgia oficial da Igreja como foi reformada depois do Vaticano II”.
Em Desiderio desideravi , Francisco disse que a não aceitação das reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II “distraem-nos da tarefa de encontrar as respostas à questão que volto a repetir: como crescer na capacidade de viver em plenitude a ação litúrgica? Como continuar a surpreendermo-nos com o que acontece na celebração diante dos nossos olhos?”
Francisco escreveu que seria “banal” ver as tensões sobre a missa tradicional em latim “como se de uma simples divergência se tratasse entre sensibilidades diversas em relação a uma forma ritual”. O papa argentino escreveu que não entendia como se pode reconhecer a validade do Concílio “e não aceitar a reforma litúrgica”.
Respondendo se Roche falou se o papa Leão XIV seguirá Francisco nas restrições ou fará algum ajuste, Thiron disse: "Ele não falou sobre isso".
Thiron disse que Roche fez alusão ao "papel do concílio que não seria revertido" e que Roche "disse que Desiderio desideravi era uma continuação de Traditionis custodes para encorajar as pessoas a entender melhor a liturgia como ela é e como o concílio pretendia que fosse".






