PORTO ALEGRE, 25 de jul de 2025 às 15:09
“Os jovens que querem levar a sério suas vidas, mesmo nas questões referentes à fé, estão cansados e enjoados de futilidades e experimentações litúrgicas, de doutrina dúbia e mundana”, diz o bispo de Frederico Westphalen (RS), dom Antônio Carlos Rossi Keller. Sua diocese de apresenta uma tendência incomum: o número de candidatos ao sacerdócio. No momento há 26 seminaristas se preparando. Eles “querem coisas sérias e propostas sérias”.
“Eu não gostaria de sentir o sofrimento e a angústia de ver o Seminário vazio e a escassez de clero na Diocese”, disse o bispo dom Antônio Carlos Rossi Keller, 72 anos, que está à frente da diocese desde 2008, que reúne 40 paróquias, dois Santuários e uma Reitoria.
As características da diocese favorecem o chamado vocacional diz dom Keller. Localizada no norte do Estado, a região de municípios de pequeno porte voltados a produção rural tem 350 mil habitantes em 56 cidades. Destas, 40 são sede de paróquia.
“Sem dúvida, para nós, é uma Graça de Deus sermos uma igreja diocesana formada por pequenos municípios”, disse dom Keeler à ACI DIgital. “Isto faz a Igreja mais próxima das realidades humanas. Assim, através da catequese paroquial, dos inúmeros grupos de coroinhas, dos retiros de crisma e das visitas às escolas, conseguimos ter um contato direto com aqueles que podem descobrir em suas vidas o chamado de Deus para o sacerdócio.”
No site da diocese de Frederico Westphalen consta a informação de que o Seminário Maior estaria lotado, mas tanto Dom Antônio Carlos como o padre Elisandro Fiametti, reitor do Seminário há dez anos, destacam a constante necessidade de atrair mais vocacionados.
“Nosso Seminário Diocesano é como ‘coração de mãe’: sempre cabe mais um. Quem poderá assegurar de que está verdadeiramente lotado?”, diz o bispo. O reitor do seminário concorda: “Costumo dizer que temos poucos seminaristas e que precisamos trabalhar mais a fim de termos muitos e bons padres para ampliar a missão”.
Para dom Keller, o principal fator para o grande número de seminaristas “é a consciência de que o grande dever de um bispo é o de garantir que as Comunidades Católicas a ele confiadas sejam devidamente atendidas”.
Zelo pela Liturgia chama a juventude
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Reconhecido por valorizar a Liturgia e a Tradição da Igreja, o bispo de Frederico Westphalen sublinha que os jovens também querem viver uma vida de fé com fundamentos sólidos. “Certamente estas realidades influenciam muito o desejo de tantos adolescentes e jovens buscarem integrar-se ao Seminário Diocesano”, disse o bispo.
O reitor do Seminário Maior complementa esta percepção a partir do convívio diário que tem com os jovens.
“É confortante ver como os jovens procuram levar a sério os mais diferentes aspectos da formação. Vê-se como muitos têm profundo gosto pelo estudo, pela vida de oração, pela meditação da palavra de Deus, pelo apostolado”, diz ele. “O filósofo Josef Pieper diz que é o ócio que dá sentido ao negócio. Então, basta ver o que fazem os seminaristas nos momentos de folga. Não é raro ver um grupinho, nos corredores ou na varanda da casa, a discutir os temas da formação filosófica, teológica, pastoral, etc. Não é raro ver seminaristas rezando em horas que não estão no cronograma da casa. A carta do Papa Francisco sobre a importância da literatura na formação dos padres animou ainda mais a muitos seminaristas de tão especial interesse, nomeadamente pelos clássicos. O mesmo se diga do interesse pela história da Igreja e pelo estudo dos grandes e bons autores do presente e do passado”.
Zelo pelo clero
O segundo eixo da diocese para constantemente atrair jovens para o seminário é o cuidado com o clero.
“Seguindo o conselho de Francisco e dos papas recentes, a preocupação e o cuidado com os padres constituem um outro eixo de minha compreensão da missão do bispo e de minha atuação na diocese”, diz dom Antônio Carlos. “Se você tem um clero bem formado e que esteja bem no exercício de seu Ministério sacerdotal, bem humano, psicológico, afetivo, espiritual, formativo, etc., o ‘restante’ da Diocese vai bem”.
O bispo local reforça que é importante uma relação de paternidade com o clero. “Portanto, a prioridade das prioridades é o cuidado, a atenção e o zelo para com os padres”, diz o bispo. “São homens revestidos de um poder divino, mas são homens. Têm suas dificuldades, sua história, suas fragilidades e defeitos. Mas tem também qualidades inúmeras. A mim, como bispo diocesano, cabe amá-los, cuidar deles, ajudá-los em tudo o que necessitam. Ser para eles um pai, se quiser que eles sejam para mim filhos. É isto que entendo por ‘estar próximo’ dos padres: cuidar de cada um como se fosse o único, e oferecer as melhores condições para que possam exercer adequadamente seu Ministério pastoral.”






