30 de set de 2025 às 09:35
O bispo de Charlotte, EUA, Michael Martin, proibiu que a missa tradicional continue sendo celebrada em quatro paróquias de sua diocese. A liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II só será permitida em uma igreja a partir da quinta-feira (2).
Depois de adiar restrições que havia planejado à missa tradicional, Martin disse numa carta de 26 de setembro que a capela da Pequena Flor na paróquia de Santa Teresa em Mooresville, Carolina do Norte, que foi recentemente reformada pela diocese e tem capacidade para cerca de 350 pessoas, terá duas missas todos os domingos e em dias santos de guarda, ambas as quais serão celebradas pelo padre Brandon Jones, capelão recentemente nomeado.
O bispo disse que a capela “não é uma paróquia, nem é uma comunidade semelhante a uma paróquia sendo formada para aqueles que desejam celebrar a missa tradicional em latim”.
A proibição de celebrar o rito antigo em paróquias é parte das severas restrições à liturgia tradicional impostas pelo papa Francisco com o motu proprio Traditionis custodes, publicado em 2021. O papa argentino mudou de modo marcante a abordagem mais acolhedora do papa Bento XVI às comunidades do rito tradicional em seu motu proprio Summorum pontificum, publicado em 2007.
Brian Williams, líder dos participantes da missa em latim em Charlotte desde 2009, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, que havia cerca de 700 pessoas na missa tradicional de domingo em sua paróquia, Sant’Ana, que ele chama de paróquia "principal" da missa em latim na diocese, e cerca de 500 na paróquia de Santo Tomás de Aquino.
Segundo Williams, a capela designada pelo bispo é muito pequena para acomodar todos os participantes regulares da missa tradicional em latim, e que muitos agora terão que percorrer longas distâncias para chegar à capela.
O bispo Martin disse que quem participa das missas trsadicionais nas quatro paróquias devem participar das missas ordinárias dessas paróquias e a ver a capela da Pequena Flor como uma capela-santuário "que se pode visitar para a missa ocasionalmente".
Ele disse compreender a possível dor enfrentada pelos participantes da missa tradicional em latim, dizendo que “ouviu suas histórias de fidelidade e as maneiras como a missa tradicional em latim enriqueceu suas jornadas espirituais”.
Martin disse rezar para que os membros da comunidade da missa tradicional em latim “estejam abertos à oportunidade” de graça que a “fidelidade à disciplina da Igreja” pode trazer, falando sobre a “incerteza” que muitos podem experimentar por causa das restrições.
Williams disse que os membros da comunidade estão "tristes, irritados, relutantes, resignados e tudo o mais" com as mudanças.
“Tudo flui da missa”, disse Williams. “De lá, surgem os diferentes ministérios: São Vicente de Paulo, formação religiosa infantil, rito de iniciação cristã de adultos etc. Nos afastar de nossas paróquias enfraquece a comunidade como um todo e enfraquece as paróquias que deixamos para trás, porque não fazemos parte dela plenamente”.
Williams disse à CNA que, do grande número de seminaristas na diocese de Charlotte — cerca de 50% — vieram de paróquias com missa em latim ou que já a celebravam. Há tantos jovens interessados no sacerdócio que um seminário menor foi criado na diocese.
Ele disse que só na comunidade da missa tradicional em latim da paróquia de Sant’Ana, há nove jovens em vários estágios de formação no seminário nos últimos sete anos.
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“Essa missa, essa paróquia criou vocações”, disse Williams.
Falando sobre a questão da unidade, que tem sido usada por aqueles que restringem a missa tradicional em latim, ele destacou que a maioria das pessoas que ele conhece e que participam da missa tradicional em latim “acreditam absolutamente na validade da missa novus ordo”.
No entanto, ele atribuiu o grande crescimento da comunidade da missa tradicional em latim nos últimos anos a “um nível de reverência e beleza que os ajuda a reconhecer o aspecto atemporal da liturgia”.
A comunidade da missa tradicional em latim é extremamente "acolhedora" e "realmente prosperou organicamente", disse Williams. Ela atrai um número diversificado e crescente de pessoas: famílias jovens, pessoas solteiras, uma variedade de grupos étnicos, "mulheres que usam véu e algumas que não usam".
Williams, que recentemente participou do programa The World Over, da EWTN, para falar sobre a missa tradicional em latim em Charlotte, disse que os membros das comunidades da missa tradicional em latim estão vivendo as restrições como "grande coerção".
“Tudo parece muito estratégico, como se estivessem construindo essa capela para não dar certo, e para as paróquias também não darem certo", disse Williams.
“Por que ir à missa em latim é algo ruim?”, disse ele. “Não é diferente do Ordinariato, ou do Bizantino, ou de qualquer outro rito. Continua sendo tudo católico. Ninguém se sente ameaçado por eles”.
Williams disse à CNA que o bispo anterior de Charlotte, Peter Jugis, pediu e recebeu uma dispensa de dois anos das restrições do papa Francisco em 2023. Ele se aposentou no ano passado e foi sucedido por Martin.
Williams disse que ele e outros membros da comunidade da missa tradicional em latim ainda estão esperançosos de que o pontificado do papa Leão XIV seja mais acolhedor para a missa tradicional em latim e que as coisas podem mudar, citando uma publicação ontem (29) na rede social X em 29 de setembro mostrando um padre na capela de São Miguel na basílica de São Pedro, no Vaticano, celebrando a missa no rito extraordinário, assim como a recente concessão de uma isenção às restrições impostas pela Traditionis custodes na diocese de San Angelo, Texas, EUA, a primeira isenção concedida sob o pontificado de Leão XIV.
A diocese de Charlotte não respondeu a um pedido de comentário até a publicação desta matéria.






