4 de jul de 2025 às 15:38
A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou ontem (3) o projeto de lei orçamentária bem a tempo de o presidente Donald Trump sancioná-lo hoje (4), dia da Independência americana.
Depois de aprovado o projeto, o arcebispo do ordinariado militar dos EUA, Timothy Broglio, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês), emitiu declaração lamentando “o grande dano que o projeto de lei causará a muitos dos mais vulneráveis da sociedade”.
Broglio criticou “cortes inaceitáveis em assistência médica e alimentar, cortes de impostos que aumentam a desigualdade, disposições sobre imigração que prejudicam famílias e crianças e cortes em programas que protegem a criação de Deus”.
A declaração também critica vários "aspectos positivos" do projeto de lei, que foram reduzidos ou removidos na versão final aprovada ontem, como a redução dos recursos federais para a Planned Parenthood por apenas uma ano, em vez de dez, o enfraquecimento das disposições sobre a escolha educacional pelos pais e a eliminação das restrições ao uso de verbas federais para os chamados procedimentos médicos de redesignação sexual.
“Redesignação sexual” é o nome dado a um conjunto de procedimentos médicos usados para pessoas que se identificam com o sexo oposto. Pode incluir a administração de hormônios que alteram características sexuais secundárias, como quantidade de pelos no corpo e tom de voz, e cirurgias cosméticas para imitar os órgãos sexuais do sexo com que a pessoa passa a se identificar.
Diante dessa situação, Broglio diz que “a doutrina da Igreja Católica de defender a dignidade humana e o bem comum nos obriga a redobrar nossos esforços e oferecer ajuda concreta àqueles que estarão em maior necessidade e continuar a defender esforços legislativos que proporcionarão melhores possibilidades no futuro para os necessitados”.
Antes da aprovação da medida na Câmara e no Senado dos EUA, a USCCB havia delineado preocupações sobre vários aspectos do projeto de lei, como suas disposições fiscais, o aumento da fiscalização da imigração, a redução dos programas federais de segurança e a redução de programas ambientais e de energia verde.
Planned Parenthood
Marjorie Dannenfelser, presidente do grupo pró-vida Susan B. Anthony Pro-Life America, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, que a lei "representa uma vitória histórica em uma prioridade crítica: acabar com o financiamento forçado do setor do aborto pelos contribuintes".
O projeto de lei suspende por um ano o financiamento público, por meio do Medicaid, de provedores de serviços de aborto, como a Planned Parenthood. Embora o projeto original propusesse uma suspensão de dez anos no financiamento, Dannenfelser chamou a pausa de um ano de "a maior vitória pró-vida desde a decisão Dobbs".
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“Isso salvará vidas e retirará cerca de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2, 7 bilhões) dos cofres do Big Abortion”, disse ela referindo-se à indústria do aborto com expressão calcada em Big-Pharma, o poderoso setor da indústria farmacêutica dos EUA. “Combinado com a decisão da Suprema Corte da semana passada, que autorizou os Estados a fazerem o mesmo, isso representa um tremendo progresso em direção a uma meta de décadas que se mostrou fugidio por muito tempo”.
“As mulheres são muito melhor atendidas em centros de saúde qualificados pelo governo federal, que superam em número as unidades da Planned Parenthood em 15 para 1 em todo o país e dão atendimento abrangente e acessível aos beneficiários do Medicaid e às famílias necessitadas”, diz Dannenfelser.
Deportações
O governo Trump agora está divulgando seu plano de deportar 1 milhão de imigrantes não autorizados por ano, graças aos mais de US$ 150 bilhões (cerca de R$ 812 bilhões) em financiamento para segurança de fronteira e deportação, com a expansão da capacidade de detenção do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA em 100 mil leitos, a contratação de cerca de 10 mil novos agentes do ICE e a conclusão da construção de um muro na fronteira.
O arcebispo de Washington D.C, cardeal Robert McElroy, disse à rede de televisão americana CNN pouco antes da aprovação do projeto de lei, chamou as políticas de deportação em massa do governo Trump de "moralmente repugnantes" e "desumanas".
Embora reconhecesse o direito do governo de deportar condenados por crimes graves, ele disse que o problema maior é a falha do sistema político dos EUA em reformar as leis de imigração.
McElroy disse que a remoção, pelo governo, de proteções contra prisões em áreas sensíveis, como igrejas, gerou medo, com alguns imigrantes evitando cultos religiosos.
“Todos concordamos que não queremos imigrantes indocumentados, terroristas ou criminosos violentos conhecidos, em nossas comunidades”, disse o arcebispo de Los Angeles, José Gómez, depois de protestos contra o ICE em Los Angeles. “Mas não há necessidade de o governo implementar medidas de repressão que provoquem medo e ansiedade entre imigrantes comuns e trabalhadores e suas famílias”.
Segundo uma pesquisa recente da Universidade Quinnipiac, Connecticut, 64% dos eleitores dizem que preferem dar à maioria dos imigrantes ilegais nos EUA um caminho para o status legal, contra 31% que dizem que preferir deportar a maioria deles.