Um grupo de 20 bispos dos EUA e líderes religiosos de outras religiões assinaram um pedido ao Congresso dos EUA que votem contra proposta de orçamento que visa aumentar o financiamento para a fiscalização da imigração.

“De nossas diversas perspectivas religiosas, o teste moral de uma nação é como ela trata aqueles que mais precisam de apoio”, diz a carta. “Em nossa opinião, essa legislação prejudicará os pobres e vulneráveis ​​em nossa nação, em detrimento do bem comum”.

Entre os signatários da carta estão o arcebispo de Washington D.C, cardeal Robert McElroy; o arcebispo de Newark, Nova Jersey, cardeal Joseph Tobin; o Bispo de Phoenix, Arizona, John Dolan; o arcebispo de Seattle, Washington, Paul Etienne; o arcebispo de St. Louis, Missouri, Mitchell Rozanski; e o bispo de Sacramento, Califórnia, Jaime Soto.

As Irmãs da Misericórdia das Américas, alguns líderes luteranos, episcopalianos, presbiterianos, muçulmanos e judeus também assinaram a carta.

“Nossas organizações religiosas há muito defendem a criação de vias legais para a migração e um programa de legalização para imigrantes que vivem nos EUA há anos e contribuem com seu trabalho árduo para a nossa economia”, diz a carta. “Acreditamos que a adoção dessas políticas, em vez da implementação de uma campanha de deportação em massa, não beneficiaria só os trabalhadores imigrantes e suas famílias, mas também seria do melhor interesse da nossa nação”.

O projeto de lei orçamentária One Big Beautiful Bill Act prevê um aumento no financiamento para o Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos EUA (ICE, na sigla em inglês) e o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras. A proposta fala sobre verbas destinadas a deportações, contratação de mais agentes do ICE e da patrulha de fronteira, a construção de um muro na fronteira do país e várias outras medidas de fiscalização da imigração.

A carta critica o financiamento de "uma campanha de deportação em massa", que, segundo eles, "separará famílias americanas, prejudicará crianças cidadãs e imigrantes americanas e semeará o caos nas comunidades locais".

Ela fala também sobre "ataques de imigrantes em todo o país", que, segundo os autores, prejudicariam "famílias imigrantes trabalhadoras, essenciais para a nossa economia".

Segundo a carta, o aumento no financiamento também poderia prejudicar comunidades religiosas. Os autores disseram que o governo "removeu locais de culto de sua lista de locais sensíveis, permitindo que agentes do ICE tenham acesso a eles para fins de fiscalização".

“Já testemunhamos uma redução na frequência a muitos dos nossos serviços religiosos nas nossas denominações, uma vez que a ameaça de imposição impediu muitas famílias de praticarem a sua fé”, diz a carta.

A carta também expressa preocupações com o muro proposto na fronteira entre os EUA e o México, que, segundo os autores, "empurrará os migrantes para as regiões mais remotas da fronteira e levará a um aumento nas mortes de migrantes”.

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“Isso também prejudicaria o meio ambiente local ao longo da fronteira e forçaria os requerentes de asilo desesperados em busca de segurança a depender cada vez mais de traficantes de pessoas", diz também a carta.

Os autores da carta também criticaram as reformas propostas aos programas de saúde e de assistência alimentar, dizendo que elas prejudicariam “cidadãos de baixa renda e residentes legais, entre eles requerentes de asilo e refugiados, levando-os a uma pobreza ainda mais profunda”.

Andrew Arthur, ex-juiz de imigração e atual membro do Centro de Estudos de Imigração (CIS, na sigla em inglês), criticou a carta inter-religiosa. A carta apoia a "anistia" para imigrantes que estão no país ilegalmente, disse ele à CNA, agência em inglês da EWTN.

O CIS disse ser um think tank de "baixa imigração e pró-imigrantes". O grupo está alinhado com muitas das políticas de imigração do presidente dos EUA, Donald Trump.

“Eles não querem nenhuma fiscalização imigratória porque querem legalizar a situação de todos que estão ilegalmente no país”, disse Arthur, que é católico.

Arthur também se opôs à sugestão de que haja batidas policiais em locais de culto: "Eles nunca fazem referência a nenhuma ação policial real que tenha ocorrido em qualquer igreja católica".

Ele disse que é possível que um criminoso perigoso seja alvo de fiscalização numa igreja, mas que "não é como se eles fossem varrer a missa de domingo procurando pessoas".

Sobre o muro na fronteira, Arthur disse que uma barreira "impediria as pessoas de entrarem ilegalmente nos EUA". Ele falou sobre as altas taxas de migrantes que já contratam contrabandistas, dizendo que eles "colocam suas vidas e segurança nas mãos de criminosos" e que um muro na fronteira torna "menos provável que as pessoas venham" ilegalmente por este ou qualquer outro método.

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Chad Pecknold, professor de teologia na Universidade Católica da América, também expressou insatisfação com a carta, dizendo que ela não cita a doutrina do Catecismo da Igreja Católica de que um país tem o direito de regulamentar suas fronteiras.

“Declarações amplas e religiosamente ecumênicas que se opõem às políticas de um governo democraticamente eleito são coisas curiosas”, disse Pecknold. “Os autores estão claramente alinhados a um partido político e não a outro. Fazem afirmações espúrias sobre como o projeto de lei separará famílias e parecem desconsiderar completamente que as nações têm o direito de defender suas fronteiras e o dever de cumprir suas leis”.