O cardeal Fridolin Ambongo Besungu rebateu a narrativa de que só os africanos se opuseram à declaração Fiducia supplicans, publicada pela Santa Sé em 2023, que permite bênçãos de uniões homossexuais.

Ambongo, arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo, e presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM, na sigla em inglês) disse que "a posição assumida pela África foi também a posição de muitos bispos aqui na Europa”.

“Não se trata só de uma exceção africana", disse o cardeal, de 65 anos. A homossexualidade é fundamentalmente um “problema doutrinário e teológico” e que a doutrina moral da Igreja sobre o assunto não mudou, disse Ambongo.

Depois que o Dicastério para a Doutrina da Fé publicou Fiducia supplicans em 18 de dezembro de 2023, Ambongo foi para Roma transmitir pessoalmente ao papa Francisco as reações de bispos africanos.

Segundo Ambongo, ele trabalhou com o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, e com o papa Francisco para fazer uma declaração dizendo que a permissão para bênçãos homossexuais não se aplicava à África. Uma declaração do SECAM, de 11 de janeiro do ano passado, citou as proibições bíblicas de atos homossexuais e chamou as uniões homossexuais de "intrinsecamente corruptas".

Em 4 de janeiro do ano passado, o Dicastério para a Doutrina da Fé emitiu uma declaração dizendo que contextos pastorais em diferentes países poderiam exigir uma recepção mais lenta da declaração.

Mais tarde, em janeiro do ano passado, o papa Francisco defendeu a declaração e disse que a Igreja na África é "um caso à parte".

"Para [os africanos], a homossexualidade é algo feio do ponto de vista cultural”, disse Francisco ao jornal italiano La Stampa. “Eles não a toleram".

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Ambongo, que falou à EWTN News depois de uma entrevista coletiva no Vaticano para apresentar um documento sobre justiça climática e conversão ecológica, disse que a África “vivenciou [ a Fiducia supplicans ] como algo que estava sendo imposto de fora a um povo que tem outras prioridades”.

“A prioridade pastoral para nós não é um problema de gays, não é um problema de homossexualidade”, disse também o arcebispo de Kinshasa. “Para nós, a prioridade pastoral é a vida: como viver, como sobreviver”.

Temas como a homossexualidade “são para vocês aqui na Europa, não para nós na África”, disse o cardeal.

Ambongo, que foi membro do conselho consultivo de cardeais do papa Francisco — às vezes chamado de “C9” porque pela maior parte de sua história foi composto por nove cardeais — disse que não sabe se o papa Leão XIV formará um grupo semelhante para aconselhá-lo.

O arcebispo disse que, nas reuniões pré-conclave, os cardeais disseram desejar que o papa valorizasse a contribuição de todo o colégio de cardeais, possivelmente até mesmo fazendo reuniões anuais.

"Mas esse pequeno grupo que também poderia ajudar o papa”, disse Ambongo. “Isso depende dele".