O arcebispo de Oviedo, dom Jesús Sanz Montes, disse que o decreto Fiducia suplicans, que autoriza bênçãos a casais em situação irregular e a uniões homossexuais, “às vezes é Fiducia complicans”.

Em entrevista ao jornal El Debate, da Associação Católica de Propagandistas (ACdP), o arcebispo disse: “Nós, bispos, teremos que fazer todo este caminho sem contar com a certeza e o apoio de que, acima do seu ministério local, alguém está te apoiando, iluminando, acompanhando. E às vezes é preciso tomar uma decisão com uma espécie de tempestade, em que esse tipo de documentos estranhos estão sendo e continuam sendo publicados”.

Para o arcebispo, Fiducia supplians é um exemplo da “confusão antropológica” causada pelo fato de “a ideologia de gênero ter penetrado na Igreja”.

É “uma forma de trair a mensagem de Cristo, a Boa Nova do seu Evangelho e o que a tradição do Cristianismo sempre defendeu”,  disse dom Sanz Montes.

Esta confusão “tem a ver com a relação entre homem e mulher, com a verdade dos homens, com a verdade das mulheres e com a pedagogia de deixar as crianças crescerem saudáveis”.

“Vemos isso quando nos colégios, no ensino e até na catequese, há expressões e gestos em que se reconhece uma ambiguidade ou, claramente, uma claudicação”, acrescenta.

“Hoje, se você não fala com o jargão da ideologia de gênero, se você não menciona as mudanças climáticas, se você não tem o broche e a agenda 2030 nas entranhas, parece que você está em outro mundo e eles te encurralam", disse.

O papa, disse dom Sanz Montes, “respeitamos sempre”. Mas é preciso ter consciência de que “às vezes a diferença não é clara” entre “o que diz o papa Francisco e o que diz Jorge Mario Bergoglio”.

“O que o papa diz num ato do magistério é sempre respeitado”, acrescenta o arcebispo de Oviedo.