Na tarde de hoje (25), o papa Francisco celebrou as segundas vésperas da solenidade da Conversão do Apóstolo São Paulo, na basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma. Na ocasião, o papa pediu pela unidade na Igreja.

A celebração também coincidiu com a conclusão da 57ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que teve como tema: "Amarás o Senhor teu Deus... e ao teu próximo como a ti mesmo".

Representantes de outras igrejas e comunidades eclesiais presentes em Roma participaram das vésperas. Antes da bênção apostólica do papa, o prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, dirigiu uma saudação a Francisco.

"Dividir nunca vem de Deus, mas do diabo"

O papa Francisco concentrou sua homilia na reflexão sobre a importância de permanecer unido e advertiu que "dividir nunca vem de Deus, mas do diabo".

Francisco destacou que somente o amor "que se torna serviço gratuito, só este amor que Jesus proclamou e viveu, aproximará uns dos outros os cristãos separados".

"Sim, só este amor, que não esquadrinha o passado para justificar distâncias ou acusas, só este amor que, em nome de Deus, antepõe o irmão à férrea defesa do próprio sistema religioso, nos unirá", disse.

O papa disse que "todo o batizado pertence ao mesmo Corpo de Cristo" e que “todos, compomos a ‘sinfonia da humanidade’”.

"Eu e, depois, a minha comunidade, a minha Igreja, a minha espiritualidade… fazemo-nos próximo? Ou ficamos entrincheirados na defesa dos próprios interesses, ciosos da própria autonomia, fechados no cálculo das próprias vantagens, estabelecendo relações com os outros apenas para daí ganhar qualquer coisa?”.

O papa assegurou que "se assim fosse, não se trataria apenas de erros estratégicos, mas de infidelidade ao Evangelho".

Recordando a conversão de São Paulo, o papa Francisco disse que o apóstolo "não muda de vida na base dos seus objetivos, não se torna melhor porque realiza os seus projetos".

"A sua conversão nasce de uma reviravolta existencial, onde a primazia já não pertence à sua valentia em praticar a Lei, mas à docilidade para com Deus, numa abertura total ao que Ele quer”, disse.

Para Francisco, "todos os esforços para a plena unidade são chamados a seguir o mesmo itinerário de são Paulo, a deixar de lado a centralidade de nossas ideias para buscar a voz do Senhor e deixar a Ele a iniciativa e o espaço".

O papa exortou a reconhecer que "precisamos de nos converter, de permitir que o Senhor mude os nossos corações. Esta é a estrada: caminhar juntos e servir juntos, colocando a oração em primeiro lugar".

Em seguida, agradeceu ao arcebispo de Canterbury, Justin Welby, ao representando o patriarcado ecumênico, Metropolita Policarpo, e a todos os fiéis presentes de diferentes comunidades cristãs por sua presença.

O papa Francisco também analisou a parábola do Bom Samaritano e enfatizou "quem se comporta mal, com indiferença, é o sacerdote e o levita que antepõem, às carências de quem sofre, a salvaguarda das suas tradições religiosas. Primeiro o irmão, depois o sistema", disse. 

O papa reiterou que "rezar pela unidade é o primeiro dever do nosso caminho", um dever que definiu como "santo".

"Juntos, como irmãos e irmãs em Cristo, rezemos com Paulo dizendo: ‘Que hei de fazer, Senhor?’ E, no próprio ato de colocar a pergunta, já existe uma resposta, porque a primeira resposta é a oração", disse.

O papa também pediu orações pelo fim das guerras, especialmente na Ucrânia e na Terra Santa.

Duas mulheres invadem basílica em protesto contra as touradas

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Durante a celebração, mulheres invadiram a basílica para se manifestar contra as touradas com cartazes e camisetas onde se lia Stop blessing corridas (Parem de abençoar as touradas).

As mulheres, que pertencem à organização PETA (pessoas pelo tráfico ético dos animais), foram rapidamente expulsas da basílica.