Os resultados das primeiras prévias para indicar o candidato republicano à eleição a presidente dos EUA em Iowa deram um bom impulso inicial à tentativa do ex-presidente Donald Trump de retornar à Casa Branca em 2024.

Trump lidera desde ontem (15) a disputa com um apoio recorde de 51% dos participantes das prévias republicanas.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, ficou em segundo lugar, com 21% das preferências, e a ex-embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, teve 19%.

O empresário Vivek Ramaswamy ficou com cerca de 8% das preferências. Ramaswamy saiu da disputa e declarou apoio a Trump.

A vitória de Trump representa uma ruptura acentuada com os padrões de votação anteriores dos participantes nas prévias republicanas do Iowa, que desde 2008 têm tradicionalmente favorecido o candidato mais conservador e pró-vida.

Em 2016, Trump recebeu apenas 24% dos votos em uma disputa acirrada que foi vencida pelo senador do Texas Ted Cruz, que prevaleceu com mais de 27% dos votos.

Em 2012, a disputa foi vencida pelo ex-senador Rick Santorum, enquanto em 2008 o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, liderou as primárias.

Ao citar uma pesquisa da rede de TV CBS, a diretora de relações públicas estaduais da Susan B. Anthony Pro-Life America, Kelsey Pritchard, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, ao qual pertence ACI Digital, que quase três quartos (75%) dos eleitores republicanos de Iowa acreditam que a vida de uma criança ainda não nascida no útero deve ser protegida em todos ou quase todos os casos.

“Nosso próximo presidente precisa defender a proteção nacional [dos nascituros] para que os bebês sejam protegidos em estados como Iowa”, acrescentou Pritchard.

Ao falar sobre o aborto à rede de TV Fox News na semana passada, Trump disse estar “orgulhoso” por ter conseguido a revogação da decisão Roe x Wade, que legalizou o aborto nos EUA em 1973, e alertou que “tem que vencer as eleições, caso contrário, estaremos de volta onde estávamos”.

Embora não tenha sido específico, o ex-presidente respondeu a um eleitor pró-vida sobre sua política em relação ao aborto: “Vamos conseguir algo que as pessoas querem, que as pessoas gostam” e “acho que vão ficar felizes no final”.

Trump nomeou três dos seis juízes que votaram pela revogação da decisão Roe x Wade em 2022, que permite aos Estados americanos regulamentar o aborto.

Depois do fraco desempenho dos republicanos nas eleições legislativas de 2022, Trump culpou a posição pró-vida dos republicanos pelas derrotas eleitorais. O ex-presidente não se comprometeu com a proibição do aborto até 15 semanas e criticou DeSantis por assinar uma proibição do aborto até seis semanas na Flórida.

“Obviamente não custa muito e ele pensa que há uma boa vantagem quando tem de concorrer na campanha geral”, disse o editor Joshua Mercer, do boletim informativo diário The Loop do grupo de defesa política CatholicVote, à CNA.

Uma católica que serviu no governo Trump, Mercedes Schlapp, observou numa entrevista à CNA que “Roe x Wade nunca teria sido anulada” sem as nomeações de Trump para a Suprema Corte.

Ela enfatizou que “ele ouve a comunidade pró-vida” e foi o primeiro presidente em exercício a discursar na Marcha pela Vida.

“Trump resolveu a questão basicamente fornecendo juízes constitucionalistas fortes”, disse Schlapp.

Schlapp também argumentou que os habitantes de Iowa se lembram da economia sob Trump e confiam mais nele em questões de segurança nacional e controle de fronteiras: “Basicamente as coisas eram melhores com Trump”.

Segundo Mercer, o desempenho desanimador dos dois candidatos que disputaram pelo segundo lugar, DeSantis e Haley, significa problemas especialmente para DeSantis, porque ele dedicou “muito tempo e energia” à disputa.

A próxima disputa republicana será nas primárias de New Hampshire em 23 de janeiro. Em seguida, as primárias de Nevada e Virgin Island serão realizadas em 8 de fevereiro, as primárias da Carolina do Sul serão em 24 de fevereiro e as primárias de Michigan serão em 27 de fevereiro. As primárias de Idaho e Michigan serão realizadas em 2 de março; as primárias de Washington, DC, serão realizadas de 1 a 3 de março, e as primárias da Dakota do Norte serão realizadas em 4 de março.

Mais em

Haverá 16 disputas em 5 de março, na chamada “Super Terça”, nos Estados de Alabama, Alasca, Arkansas, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Minnesota, Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah, Vermont e Virgínia, além do território da Samoa Americana.