Diante de uma das ofensivas mais agressivas do governo de Daniel Ortega contra a Igreja Católica na Nicarágua, o papa Francisco demonstrou preocupação e convidou a rezar pelos perseguidos.

Ao final da oração mariana do Ângelus de hoje (1), solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, o papa assegurou que acompanha “com preocupação” o que está acontecendo na Nicarágua, “bispos e sacerdotes foram privados de sua liberdade”.

Da janela do Palácio Apostólico do Vaticano, o papa manifestou a sua "proximidade na oração" aos sacerdotes e bispos, às suas famílias e a toda a Igreja no país.

“Convido à oração insistente também todos vocês aqui presentes e todo o povo de Deus, enquanto espero que sempre busquemos o caminho do diálogo para superar as dificuldades. Oremos hoje pela Nicarágua”, pediu o papa.

Perseguição contra a Igreja na Nicarágua

A hostilidade contra a Igreja Católica na Nicarágua aumentou significativamente nos últimos dias. Até o momento, foram detidos 12 membros do clero – incluindo dois bispos – e dois seminaristas.

Entre 29 e 30 de dezembro de 2023, o governo de Daniel Ortega e da sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, prendeu mais cinco padres, que se juntaram aos quatro que tinham sido capturados no dia anterior.

Um dos alvos desta perseguição é o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, que está impedido de sair de casa pelas autoridades nicaraguenses desde 4 de agosto de 2022. Encontra-se injustamente preso desde fevereiro do memso ano.

No dia 20 de dezembro, a Polícia da Nicarágua prendeu dom Isidoro del Carmen Mora Ortega, 63 anos, um dia depois de ter celebrado uma missa em Matagalpa e de ter pedido orações por dom Rolando.

Na perseguição contra a Igreja Católica, o governo fechou universidades como a UCA, que era administrada pelos jesuítas, expulsou freiras como as Missionárias da Caridade, fechou instituições de ajuda como a Caritas, prendeu padres e leigos, entre muitas outras agressões.

Segundo o último relatório de outubro da pesquisadora e advogada nicaraguense Martha Patricia Molina, intitulado “Nicarágua: Uma Igreja Perseguida”, foram perpetrados pelo menos 667 ataques contra a Igreja Católica entre abril de 2018 e agosto de 2023.

Ortega tem se mantido no poder na Nicarágua ininterruptamente desde 2007, depois reeleições questionadas. Em janeiro de 2022, iniciou um quinto mandato presidencial de cinco anos.