O papa Francisco escreveu uma carta a quatro leigas católicas alemãs que deixaram o Caminho Sinodal Alemão neste ano.

Lançado em 2019, o Caminho Sinodal Alemão, um processo de discussão entre bispos e uma associação oficial de leigos votou a favor da ordenação de mulheres, bênçãos de uniões homossexuais e mudanças na doutrina da Igreja sobre atos homossexuais.

Não é a primeira vez que o papa Francisco e a Santa Sé fazem ressalvas ao Caminho Sinodal Alemão. A seguir, uma linha do tempo das intervenções anteriores.

Janeiro: Em entrevista publicada pela Associated Press em 25 de janeiro, o papa Francisco criticou o caminho sinodal alemão como elitista e disse que “a experiência alemã não ajuda, porque não é um sínodo, um caminho sinodal sério, é um caminho chamado sinodal, mas não da totalidade do povo de Deus, e sim feito por elites”. O papa também disse que “o perigo é que se filtre algo muito, muito ideológico. E quando a ideologia se mete nos processos eclesiais, o Espírito Santo vai para casa, porque a ideologia supera o Espírito Santo”.

O papa também disse que o objetivo do sínodo global é “ajudar este caminho mais elitista para que de alguma forma não termine mal, mas também se integre na Igreja”.

2022

Junho: O papa Francisco falou sobre o caminho sinodal na Alemanha numa conversa com os editores de revistas jesuítas publicadas em 14 de junho.

Ele disse ter dito ao líder da conferência episcopal alemã, dom Georg Bätzing, que o país já tinha “uma igreja evangélica muito boa” e “não precisamos de duas”.

“O problema surge quando o caminho sinodal provém das elites intelectuais, teológicas, e é muito influenciado por pressões externas. Há algumas dioceses onde o caminho sinodal está sendo feito com os fiéis, com o povo, lentamente”, disse o papa.

Julho: A Santa Sé intervém no caminho sinodal alemão em 21 de julho, alertando sobre uma “ameaça à unidade da Igreja”.

“Para salvaguardar a liberdade do povo de Deus e o exercício do ministério episcopal, parece necessário esclarecer que o ‘Caminho Sinodal’ na Alemanha não tem o poder de obrigar os bispos e os fiéis a adotar novas formas de governo e novas orientações de doutrina e moral”, diz uma declaração que o papa Francisco alegou ter vindo da Secretaria de Estado da Santa Sé.

2020

Setembro: O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o cardeal Kurt Koch, disse que o papa Francisco expressou preocupação com a Igreja na Alemanha.

Koch disse à revista Herder Korrespondenz no dia 22 de setembro que acredita que o papa apoiou uma intervenção da dicastério para a Doutrina da Fé num debate sobre a intercomunhão entre católicos e protestantes.

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Outubro: Segundo o bispo emérito de Fulda, Heinz-Josef Algermissen, o papa Francisco expressou “preocupação dramática” com a Igreja Católica na Alemanha ao falar após a audiência geral de 7 de outubro.

O jornal alemão Fuldaer Zeitung disse que o papa disse a Algermissen que o caminho sinodal estava concentrado demais em “questões políticas”, como a posição das mulheres na Igreja e o celibato sacerdotal.

2019

Junho: O papa Francisco enviou uma carta de 28 páginas aos católicos alemães em 29 de junho, apelando a um foco na evangelização face à “erosão” e ao “declínio da fé” no país.

Em sua carta, ele fez uma advertência sobre o caminho sinodal alemão, um processo anunciado pelo cardeal Reinhard Marx, em março anterior. O papa disse: “O que isto implica em termos concretos e como se desenrola certamente exigirá uma análise mais aprofundada”.

Setembro: Em uma carta enviada aos bispos alemães, a Santa Sé disse que os planos para um sínodo vinculativo da Igreja na Alemanha “não eram eclesiologicamente válidos”.

O então prefeito do dicastério para os Bispos, o cardeal Marc Ouellet, também enviou a Marx uma avaliação jurídica de quatro páginas dos projetos de estatutos dos bispos alemães, na qual são levantadas preocupações sobre a estrutura proposta e os participantes do caminho sinodal alemão.

O cardeal concluiu que os bispos alemães não planejam um sínodo nacional, mas sim um concílio eclesial específico – algo que não podem fazer sem a aprovação explícita da Santa Sé.