As Comissões Nacionais de Prevenção de Abusos da Conferência Episcopal Boliviana (CEB) apresentaram na segunda-feira (16) em coletiva de imprensa um relatório que reflete o progresso de seu trabalho, dedicado a prevenir e erradicar os abusos.

O objetivo deste relatório, disse o secretário-geral adjunto da CEB, padre Diego Plá, é tornar “claramente visíveis todas as ações da Igreja nesta situação”.

O padre disse que a Igreja trabalha desde 2018 para erradicar este flagelo, muito antes de virem à luz os abusos cometidos pelo jesuíta Alfonso Pedrajas e outros padres. Ele também considerou injusto que “por causa de 3% – na Bolívia há mais de 700 sacerdotes – a imagem de todos estes sacerdotes que trabalham diariamente com muito sofrimento, sem remuneração, seja manchada”.

O padre Plá ressaltou o número de abusos no país: “Na Bolívia temos uma realidade que é que uma em cada duas crianças é abusada sexualmente. Não podemos tapar os olhos, é uma realidade real que temos que enfrentar”.

A coordenadora da Comissão Nacional de Escuta, Nancy Loredo, comentou que desde a criação da comissão em junho, formou-se uma rede de delegados jurisdicionais de escuta nas 18 dioceses da Bolívia, com os quais está previsto um encontro nacional para fortalecer o trabalho e alcançar uma tarefa coordenada.

Neste sentido, manifestou o desejo de que possam “ter um serviço transparente, de fácil acesso”, e que possam ser atendidos de forma oportuna e com qualidade. Até agora, informou, foram recebidos sete casos de denúncias: três por abuso sexual há 20 anos e os restantes por abuso de poder e consumo de álcool.

No caso da Comissão Nacional de Prevenção e Formação, o coordenador Jorge Fernández, disse que são várias as atividades que são feitas.

A comissão, disse, oferece material a nível nacional, distribuído nas 1.389 unidades educativas, 659 paróquias e 207 obras de apoio social onde a Igreja está presente. Também foram oferecidas oficinas de formação e capacitação com o pessoal da Conferência Episcopal Boliviana, sacerdotes, religiosos e religiosas e catequistas.

Quanto ao trabalho da Comissão Nacional de Investigação, sua coordenadora, Susana Inch, destacou o trabalho que é feito na articulação do Direito Canônico com o Direito Penal Boliviano.

O objetivo desta ação é “ter a melhor resposta possível ao domínio estritamente jurídico, no que diz respeito ao atendimento e eventual acompanhamento das denúncias”, disse.

No âmbito canônico, há procedimentos com reformas que foram aprovadas na Santa Sé e que estão sendo implementadas na Igreja do país; enquanto na área criminal busca-se uma forma de levar os casos à justiça ordinária.

Susana Inch, que também atua como assessora jurídica da CEB, disse que as sete denúncias recebidas foram processadas no âmbito canônico e no âmbito penal: os casos seguem o curso normal da justiça ordinária e a Igreja está apresentando toda a informação requerida.

O coordenador da Comissão de Comunicação, Andrés Eichmann, disse que sua principal tarefa é divulgar o trabalho das demais comissões.

“Lamentamos as ações das pessoas que foram criminosas e traíram a função que desempenhavam, a Igreja e as pessoas que tinham que cuidar e servir”, disse, dirigindo-se às vítimas de abusos. Ele também manifestou a sua proximidade.

Em seguida, dirigiu-se à sociedade boliviana, pedindo a sua colaboração para combater este flagelo: “Convido as pessoas que conhecem os abusos a oferecerem a sua colaboração para erradicar isto o mais rapidamente possível”, disse.

Garantiu que a comissão continuará atendendo aos meios de comunicação, às entrevistas, bem como às exigências do Parlamento da Assembleia Plurinacional, ao qual foram convocados para prestar contas da sua tarefa.