A Justiça na Bolívia avança para esclarecer os casos de abusos envolvendo padres e religiosos, principalmente da Companhia de Jesus. O Ministério Público solicitou a colaboração da Igreja para identificar os provinciais da Ordem nos períodos que ocorreram os abusos.

O promotor departamental de Chuquisaca, Mauricio Nava, pediu à arquidiocese de Cochabamba os nomes das autoridades da Companhia de Jesus durante os anos de 1999, 2000 e 2001 nos quais, segundo as denúncias, ocorreram os abusos sexuais.

A exigência decorre de dois depoimentos recolhidos na cidade de Cochabamba, disse Nava, segundo o jornal La Razón.

O pedido decorre do testemunho de um dos denunciantes, o ex-jesuíta Pedro Lima, que disse que outros membros da Companhia de Jesus sabiam dos abusos.

Entre as perícias que serão realizadas estão estudos psicológicos e uma avaliação médica considerada essencial para a investigação.

Essas ações fazem parte do processo judicial iniciado em abril depois de uma reportagem do jornal espanhol El País, na qual são divulgados os abusos cometidos pelo jesuíta Alfonso Pedrajas durante seu ministério na Bolívia, especialmente quando estava à frente do Colégio João XXIII.

A principal evidência é um diário pessoal no qual o padre relatava seus crimes.

Uma cópia do diário chegou ao Ministério Público da Bolívia em 20 de junho, vindo da Cúria Geral dos Jesuítas de Roma.

Ao fazer contato com o material da prova, a diretora do Ministério Público, Daniela Cáceres, denunciou que a cópia recebida apresenta “quebras de página e setores riscados e apagados”.

Essas rasuras, disse o procurador-geral do Estado, Juan Lanchipa, corresponderiam a "nomes, datas e lugares".

Em 11 de julho, o Ministério Público obteve outra cópia do diário por meio do Ministério Público espanhol.

Em 17 de julho, a advogada da Companhia de Jesus, Audalia Zurita, confirmou que receberam uma intimação para proceder à "comparação e verificação do conteúdo" dos jornais, diz o portal La Razón.

No entanto, os jesuítas na Bolívia esclareceram que “essa comparação não foi feita e será realizada em laboratório”.

"Apenas foi verificado o conteúdo do envelope vindo da Espanha, que já estava aberto", disseram em comunicado.

Os jesuítas reiteraram sua disposição de colaborar com a Justiça e seu compromisso com as vítimas de abusos.

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