“Um grande exército de famílias em prol da vida”, assim a Associação Vida e Família definiu a Caminhada pela Vida que aconteceu ontem (24), em Florianópolis (SC). O ato reuniu milhares de pessoas, que seguiram pelas ruas da capital catarinense com cartazes, faixas e mensagens pró-vida, contra o aborto e contra a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que pede a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação.

A ADPF 442 foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017 pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol). No dia 19 de setembro, a presidente do Supremo e relatora do caso, ministra Rosa Weber, colocou a ADPF 442 em pauta no Plenário Virtual, para julgamento entre 22 e 29 de setembro. Na madrugada do dia 22, Weber votou a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Logo em seguida, o ministro Luís Roberto Barroso pediu destaque e o processo foi suspenso, sem data para ser retomado.

A ministra Rosa Weber se aposenta no início de outubro e já tinha dito que queria colocar o tema do aborto em julgamento antes da aposentadoria. Mesmo após Weber deixar o STF, quando a ADPF 442 for pautada novamente, seu voto será mantido.

Inicialmente, a Caminhada pela Vida em Florianópolis estava marcada para o dia 8 de outubro, Dia do Nascituro. Mas, “quando soubemos que a ADPF tinha sido pautada para votação de 22 a 29 de setembro, criamos uma nova data para fazer algo durante a votação”, disse à ACI Digital a segunda tesoureira da Associação Vida e Família, Tamires Pontes.

A caminhada começou com uma concentração no Trapiche da Beira-Mar e seguiu até a catedral metropolitana. Durante o trajeto, houve algumas falas em defesa da vida, sobre a ADPF 442 e de conscientização contra o aborto.

“Organizamos para as famílias estarem na linha de frente, as gestantes, crianças, mães com bebês de colo, mães com carrinhos. Isso foi bem bonito. Durante todo o trajeto, eles permaneceram ali. Teve um momento que choveu muito e todos se ajudaram, as famílias com guarda-chuvas, capas. Ninguém foi embora, todos permaneceram. Choveu questão de cinco a sete minutos e depois parou e o céu parecia uma pintura”, contou Pontes. Segundo ela, “milhares de pessoas participaram”.

Para Tamires Pontes, manifestações como esta são importantes para a “conscientização, a formação das pessoas, para que entendam que só juntos vamos conseguir combater a cultura da morte”. “Enquanto Igreja, nós temos a Verdade, o Caminho e a Vida. Basta que nos unamos e tenhamos a voz, porque nós somos a maioria. E, às vezes, ficamos cobertos de um medo que não é de Deus. Então, acho que atos como este acabam nos fortalecendo”, disse.

Tamires Pontes contou que foram coladas no trio elétrico faixas com frases como “se você é contra o aborto, buzine”, “se você é a favor da vida, buzine”. E havia também “faixas de abre alas, justamente para envolver o povo que estava passando”, e não participando da caminhada. “E tinha um retorno. Nós que estávamos em cima do trio percebíamos as pessoas passando, buzinando, acenando, cumprimentando”, disse.

Além disso, foram produzidos materiais sobre o aborto, a ADPF 442 e havia uma equipe para entregar esses panfletos para as pessoas. Segundo Pontes, o objetivo era “promover a conscientização”. “Porque a ADPF não traz apenas a questão do aborto em si, tem outras coisas para as quais ela vai abrir as portas, como o suicídio assistido, a eutanásia e toda monstruosidade que conhecemos da cultura da morte. É como se fosse um cavalo de troia”, disse.

A Associação Vida e Família

A Associação Vida e Família, que promoveu a caminhada em Florianópolis, é “uma associação beneficente criada para promover a dignidade e a inviolabilidade da vida humana e da família”, diz um documento da própria associação. Foi fundada em 19 de março de 2023, solenidade de São José.

Tamires Pontes, 29 anos, casada e “mãe de três filhos, um no céu e dois aqui”, contou que entrou no movimento pró-vida em 2018 e “sempre foi um sonho fazer algo em Florianópolis”. Ela recordou um caso de 2022 de uma menina de 11 anos, em Santa Catarina, que foi autorizada a abortar o filho no sétimo mês de uma gravidez gerada por estupro.

“Nós acompanhamos de perto aquele caso, mas não foi possível salvar o bebê. No início deste ano, tivemos um caso bem semelhante, em outro hospital aqui da região da Grande Florianópolis”, disse.

Diante desses casos, contou Pontes, “falei para o nosso diretor espiritual que precisávamos fazer algo a mais. Então, surgiu a Associação Vida e Família em março deste ano”. Segundo ela, “na associação há a parte da diretoria, há médicos, enfermeiros, advogados, um grupo de pessoas formado para trabalhar com a defesa da vida”.

A associação trabalha em três frentes: assistencial, educativa e política. No trabalho assistencial, “presta aconselhamento e assistência Às mulheres em tentação de praticar um aborto, acompanhando-as durante a gestação, o parto e o pós-parto”, diz a associação. No educativo, “promove a educação para a castidade (vivência ordenada da sexualidade) como meio de salvaguardar a família, ‘santuário da vida’”. E no âmbito político, “à margem de qualquer política partidária, luta contra a legalização do aborto, da eutanásia, do ‘casamento’ de homossexuais, do hedonismo sexual nos currículos escolares e de todas as outras formas de agressão à vida humana e à família natural”.