Em diversas ocasiões durante seu pontificado, o papa Francisco tem sido claro sobre o tema do aborto: a criança por nascer tem que ser sempre protegida. Nos últimos anos, Francisco disse que o aborto é um assassinato e o comparou à contratação de um assassino de aluguel ou à eugenia nazista.

Um ser humano é sempre sagrado e inviolável

Na exortação apostólica Evangelii gaudium, o papa Francisco diz que entre os “seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predileção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir”.

“Muitas vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Se cai esta convicção, não restam fundamentos sólidos e permanentes para a defesa dos direitos humanos, que ficariam sempre sujeitos às conveniências contingentes dos poderosos de turno”, disse.

O papa acrescentou que, “por si só a razão é suficiente para se reconhecer o valor inviolável de qualquer vida humana, mas, se a olhamos também a partir da fé, ‘toda a violação da dignidade pessoal do ser humano clama por vingança junto de Deus e torna-se ofensa ao Criador do homem’”.

O cuidado com a criação é "incompatível com a justificativa do aborto"

Na encíclica Laudato Si, o papa Francisco escreveu: “Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá proteção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incómodos e dificuldades”.

"O aborto é assassinato"

No voo de regresso a Roma de sua viagem à Eslováquia, em 15 de setembro de 2021, um jornalista da publicação jesuíta dos EUA, America Magazine, perguntou ao papa sobre "o direito de escolha de uma mulher" e sobre dar a Comunhão aos políticos que apoiaram as leis pró-aborto. O papa Francisco respondeu que "o aborto é mais do que um problema, o aborto é um homicídio".

“Sem meias palavras: quem faz um aborto, mata. Pegai em qualquer livro sobre embriologia, daqueles que estudam os alunos nas Faculdades de Medicina e vede que, na terceira semana da gestação – na terceira semana, e muitas vezes antes que a mãe se dê conta –, o feto já tem todos os órgãos; todos, mesmo o DNA. E não seria uma pessoa? É uma vida humana… ponto final! E esta vida humana deve ser respeitada. Este princípio é tão claro… A quem não consegue entendê-lo, eu faria duas perguntas: É justo matar uma vida humana para resolver um problema? Cientificamente, é uma vida humana”, disse.

Discurso às Nações Unidas

Em uma mensagem de vídeo por ocasião da 75ª Assembleia Geral da ONU, em 25 de setembro de 2020, ao falar sobre “as consequências devastadoras da crise da covid-19 sobre as crianças”, o papa Francisco disse que, “infelizmente, os países e as instituições internacionais estão também a promover o aborto como um dos chamados ‘serviços essenciais’ como resposta humanitária”.

“É triste ver como se tornou simples e conveniente, para alguns, negar a existência da vida como solução para problemas que podem e devem ser resolvidos tanto para a mãe como para a criança não nascida”, disse.

O aborto é como "contratar um assassino"

Na catequese de 10 de outubro de 2018, o papa Francisco disse que o aborto “é como pagar a um assassino para resolver um problema”.

“Como pode ser terapêutico, civil ou simplesmente humano um ato que suprime a vida inocente e inerme no seu desabrochar? Pergunto-vos: é justo ‘eliminar’ uma vida humana para resolver um problema? É correto contratar um sicário para resolver um problema? Não se pode, não é justo ‘eliminar’ um ser humano, por mais pequenino que seja, para resolver um problema”, disse.

O papa repetiu esta comparação do aborto à contratação de um matador de aluguel muitas vezes desde então. Um delas foi em janeiro de 2021, em uma entrevista concedida ao Tg5, um noticiário do canale 5 da Itália. “As crianças são descartadas, não sendo desejadas ou enviadas para o remetente quando veem que têm alguma doença ou quando simplesmente não são amadas. Antes de nascer, são canceladas na vida”, disse.

O papa Francisco comentou que, embora "o problema da morte não seja um problema religioso, mas humano, de ética humana", é algo que "um ateu também deve resolver em consciência".

O aborto de deficientes é repetir "o que os nazistas fizeram"

Em um discurso a uma associação familiar, em 16 de junho de 2018, o papa disse que o aborto de crianças doentes ou deficientes é como o genocídio dos nazistas "mas com luvas brancas".

Mais em

“Ouvi dizer que está na moda — ou pelo menos é habitual — nos primeiros meses de gravidez fazer certos exames para verificar se a criança está bem ou se nascerá com algum problema... A primeira proposta neste caso é: ‘O que fazemos? Interrompemos?’. O homicídio dos bebés. E para ter uma vida tranquila, mata-se um inocente”, disse o papa.

“No século passado o mundo inteiro escandalizou-se pelo que os nazistas fizeram para obter a pureza da raça. Hoje fazemos o mesmo, mas com luvas brancas”, disse.

O aborto não é um ‘mal menor’, é um crime

Durante a coletiva de imprensa no voo de volta a Roma da viagem ao México, em 17 de fevereiro de 2016, um jornalista perguntou o papa se a Igreja poderia tomar em consideração o conceito de “mal menor” para o aborto no caso de grávidas com o vírus Zika.

“O aborto não é um «mal menor». É um crime. É eliminar uma pessoa para salvar outra. É aquilo que faz a máfia. É um crime, é um mal absoluto”, respondeu o papa.

Francisco disse que “o aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Mata-se uma pessoa para salvar outra (na melhor das hipóteses!) ou para nossa comodidade. É contra o Juramento de Hipócrates, que os médicos devem fazer. É mal em si mesmo, não um mal religioso – na raiz, não; é um mal humano. E, obviamente, uma vez que é um mal humano – como cada assassinato – é condenável”.

O papa reza no cemitério da Coreia do Sul pelas vítimas do aborto

Na sua viagem a Coreia do Sul, o papa Francisco rezou em um cemitério para bebês abortados, em 16 de agosto de 2014. Parando para rezar em silêncio diante dos jornalistas que documentavam todos os movimentos do papa durante uma viagem oficial, Francisco usou esse gesto silencioso para comunicar o Evangelho da vida.

O papa também visitou um cemitério para crianças não nascidas na periferia de Roma para rezar no dia de finados de 2018.

Toda criança por nascer abortada tem o rosto de Jesus

Em um discurso a um grupo de ginecologistas e obstetras, em 20 de setembro de 2013, o papa disse que “cada criança não nascida, mas condenada injustamente a ser abortada, tem o rosto de Jesus Cristo, tem a face do Senhor, que ainda antes de nascer e depois, recém-nascido, experimentou a rejeição do mundo”.

Francisco disse que os médicos são chamados a cuidar “da vida humana na sua fase inicial”. Ele pediu que os médicos se lembrem de que a vida “é sempre, em todas as suas fases e em todas as idades, sagrada e sempre de qualidade”.