O bispo da Santíssima Trindade em Almati, Cazaquistão, Dom José Luis Mumbiela, presidente da Conferência Episcopal da Ásia Central, disse que a visita do papa Francisco à Mongólia foi um “sinal de esperança para o mundo”.

O papa Francisco chegou à capital da Mongólia, Ulan Bator, na sexta-feira passada (1º), e desembarcou em Roma na tarde de ontem (4). De todos os momentos vividos nestes últimos dias, dom Mumbiela disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que o mais impressionante foi “sem dúvida a Eucaristia, para nós como discípulos de Jesus”.

“Nós que estávamos lá percebemos. Com as pessoas não só da Mongólia, porque não era só para os católicos do país, mas uma Eucaristia presidida pelo Santo Padre na qual participavam bispos e cardeais da Igreja na Ásia e fiéis da Ásia, Europa, Rússia e de vários países. Foi mais um testemunho da Igreja Universal”, disse.

Para dom Mumbiela, a Santa Missa foi “o mais profundo, o centro para o qual convergem todas as ações que o papa fez nestes dias. Sem a eucaristia nada faz sentido. Sem ela, a Igreja da Mongólia não existiria".

Ele disse que durante estes dias “a Igreja universal olhou para a Mongólia” e que esta viagem “mostra que cada país, mesmo que seja pequeno, tem um valor que influencia os países que há em volta. Todos os países, mesmo que sejam pequenos, podem ser modelos para os grandes, e a Mongólia pôde ver como isso é possível”.

“A grandeza da Igreja”

Dom Mumbiela também falou sobre a JMJ de Lisboa, que aconteceu pouco antes da partida do papa para a Mongólia.

“A Igreja não só procura encontros como a JMJ para demonstrar a relevância que a Igreja tem no mundo, mas também vai à Mongólia para manifestar o cuidado e o amor que se tem pelos pequenos. Essa é a grandeza da Igreja, que cuida de todas as suas ovelhas, também do pequeno rebanho”.

Ele conta que durante a visita do papa à Mongólia viu “como as pessoas vibravam de alegria. Sentem-se amados, acompanhados, fortalecidos, sentem-se importantes. Não se sentem isolados, humilhados ou menosprezados, mas fazem parte da família da qual a Igreja Católica faz parte, sentiram o que é a fraternidade na Igreja”, disse ele.

Os frutos desta visita

Dom José Luis Mumbiela disse à ACI Prensa que os católicos asiáticos “viram que a esperança não decepciona, que Deus e a Igreja estão com eles, e não apenas os bispos ou missionários, mas toda a Igreja. Viram-se amados pelos irmãos vizinhos, sentindo-se Igreja Universal”.

“Disto”, disse, “virão os frutos, aqueles que Deus quiser. Talvez também melhore a relação entre a Igreja e o Estado”.

“Esses católicos são uma minoria onde vivem, mas não no mundo. Eles são tão importantes para Deus como as pessoas que vivem em Roma ou em qualquer país de maioria católica. Isto é também um incentivo para sermos mais fiéis, porque vale a pena mesmo sendo uma minoria. Vale a pena testemunhar e continuar amando aqueles que não partilham a nossa fé. Vale a pena continuar fazendo gestos de caridade pelos mais necessitados, mesmo que não sejam cristãos. Esse é o Evangelho”, disse.

O bispo disse que “já se percebem mudanças” depois da visita do papa e que com algo assim “os países se abrem à tolerância religiosa e valorizam o papel da Igreja Católica e da Santa Sé em todo o mundo”.

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“Eles veem que o cristianismo não é um problema, mas o caminho para a solução. A Igreja Católica como entidade religiosa que ajuda o país em particular a crescer em humanidade e esperança, essa mensagem é transmitida em cada viagem do papa”, disse,

Um sinal de esperança

Aludindo ao discurso de boas-vindas que dom Mumbiela dirigiu ao papa Francisco durante o encontro com os religiosos do país, recordou que “na Ásia vivemos da esperança”.

“Este país estava esperando a vinda do papa, e ele veio. Este é um sinal de que a esperança não decepciona. Ver o papa, o sucessor de Pedro na Mongólia, é ver a Igreja e a família universal da Igreja, é ver que Deus está com eles”.

Segundo dom Mumbiela, “as palavras de Jesus ‘Eu estarei convosco’ ganham vida nesta viagem e com a presença do papa na Mongólia. É uma Teofania, Cristo se faz presente no corpo da Igreja que veio à Mongólia”.

“Quando há estes sinais de fraternidade – disse – há provas de que Cristo está conosco. E essa é a esperança que nos move. Quando Cristo vem, ele se faz presente. Há uma semeadura de graça e de bondade, uma semeadura da mensagem que chega a muito mais pessoas em diferentes níveis, esperança de que as circunstâncias possam realmente mudar para melhor”.

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Para dom Mumbiela, “na Igreja ninguém é estrangeiro. Embora os missionários sejam provenientes de outros países, para as comunidades católicas não são estrangeiros, fazem parte da mesma família. Somos todos irmãos e esta é uma irmandade que temos que recuperar”.

A mensagem do papa aos católicos chineses

Sobre as palavras que o papa Francisco proferiu após a celebração da missa, dom Mumbiela disse que foi uma mensagem “improvisada” e provavelmente “inspirada durante a missa”.

“O papa os viu ali e fora da catedral gritando com entusiasmo. Acho que não poderia ficar indiferente a esta realidade, porque somos uma família. O papa não é um líder político que fala em termos políticos, é um pai espiritual que se preocupa com os seus filhos e irmãos que estão em todos os países, e também na China”.

Ele disse que o papa Francisco “queria um gesto especial. É um gesto natural que não tem qualquer conotação política, mas é apenas paterno e familiar. Aquele abraço que ele deu nos dois bispos no final da missa foi um abraço fraterno, não foi um aperto de mão político”, esclarece.

“Isso me lembrou o abraço da colunata do Vaticano, estendida e aberta a todos. E naquele momento estendeu-se à China, que é o desejo do papa. Isso é Cristianismo, amar a fé e amar o país onde vivemos. Apoio aos fiéis e apoio à China. Porque se os católicos forem bons católicos, amarão a China e ajudarão o país a crescer e a tornar-se cada vez mais um país modelo e exemplar para o mundo inteiro”.

Por fim, recordemos que a Mongólia celebra um ano mariano, já que o país foi consagrado a Nossa Senhora “Mãe do Céu”.

“No âmbito deste ano mariano, recebeu a visita do papa, que rezou diante de Nossa Senhora encontrada num lixão. A Virgem também está na Mongólia e na Ásia. Não precisa de aparições especiais, se cuidar da Virgem ela faz milagres. E esse milagre foi a visita do papa à Mongólia”, concluiu.