Ao dar seu testemunho ao papa Francisco, uma leiga mongol, que não tem braços nem pernas, disse que a experiência de compreender o sacrifício de Jesus na cruz como um ato de amor a levou à aceitação da sua própria deficiência.

“Entendi que Ele foi crucificado por mim, fiquei muito comovida e percebi que esta também é a minha cruz, e então aceitei com alegria a minha cruz como pessoa com deficiência”, contou Lucia Otgongerel hoje (4) durante a visita do papa Francisco para a inauguração da Casa da Misericórdia em Ulan Bator, Mongólia.

“Faltam-me dois braços e duas pernas, mas quero dizer que sou a pessoa mais sortuda do mundo, porque tomei a decisão de aceitar plenamente o amor de Deus, o amor de Jesus”, disse a leiga que pertence à paróquia de Santa Maria, em Ulan Bator.

Lúcia, a sétima de uma família de oito filhos, contou como a sua vida tomou rumo depois de um encontro com a Igreja Católica e os Missionários da Consolata em 2002.

Ela começou sua história relembrando sua infância e a valiosa ajuda de seus pais e irmãos: “Passei minha infância na companhia de meus pais. Embora eu tenha nascido com uma deficiência, cresci como uma criança normal e feliz com a ajuda dos meus amorosos pais e irmãos.”

Em 2002 recebeu o convite para entrar na Igreja: “O meu primeiro percurso de fé começou com a ajuda dos Missionários da Consolata. Sou muito grata porque graças a eles comecei esta bela experiência de fé cristã”.

No seu testemunho, Lúcia falou de um momento muito dois anos depois de se aproximar da Igreja: “Quando vi a cruz, vi Jesus com pregos nas mãos e nos pés: por que uma pessoa é pregada assim? Logo que encontrei dentro de mim a resposta para esta pergunta, percebi que Jesus foi pregado na cruz por mim, por amor, pelos meus pecados, e senti que esta é uma cruz que devo carregar e carregar com prazer”.

Para Lúcia, “Deus dá tudo, dá uma oportunidade a cada pessoa e, dependendo de como se vê e se aceita essa oportunidade, a vida é repleta do amor de Deus”.

No final da mensagem, ela recitou o Salmo 22:

O Senhor é meu pastor, nada me faltará; em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome.

Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo. Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça.

A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.