Católicos de toda a Ásia foram à Mongólia assistir à missa celebrada pelo papa Francisco no domingo (3), a primeira missa papal no país.

“Para as pessoas na Ásia… não temos muitas oportunidades de conhecer pessoalmente o Papa, por isso, para muitos de nós, para a maioria de nós, esta é uma oportunidade única na vida e é como um sonho que se torna realidade para muitos, muitos asiáticos”, disse Hee Jung Choi, de Seul, coreia do Sul, à CNA na missa de hoje (3).

A missa na capital da Mongólia, Ulan Bator, teve uma presença de apenas 2,5 mil pessoas.

“Viemos à Mongólia pedir ao Papa que visitasse o Vietnã”, disse o padre Huynh The Vinh, da diocese vietnamita de Phu Cuong.

Huynh é um dos 90 católicos vietnamitas que foram à Mongólia, junto com sete bispos do país, para ver o papa.

Católicos da Coreia do Sul, Vietnã, Filipinas, Rússia, China, Hong Kong, Tailândia, Cazaquistão, Quirguistão e Azerbaijão assistiram à missa na arena esportiva, segundo a Santa Sé. Os visitantes quase duplicaram a população católica da Mongólia que é de 1,5 mil pessoas.

Havia católicos da China continental, que correm o risco de serem punidos pelo governo comunista por assistir à missa com o papa. No final da celebração, Francisco chamou ao seu lado o bispo de Hong Kong, Stephen Chow, e o bispo emérito de Hong Kong, cardeal John Tong Hon, para uma mensagem ao povo chinês. “Peço aos católicos chineses que sejam bons cristãos e bons cidadãos”, disse o papa.

Francisco chegou à Arena Estepe sob aplausos e gritos de mados de “Viva Papa!” enquanto percorria a arena em um carrinho de golfe, parando para beijar bebês e cumprimentar pessoas.

Em sua homilia, refletindo sobre as palavras do Salmo 63, “a minha alma tem sede de ti”, o papa disse elas acompanham “o nosso caminho pela vida, no meio de todos os desertos que somos chamados a atravessar”.

Segundo Francisco, as palavras do salmista, que lamenta a sede da sua alma como se estivesse numa “terra seca e cansada”, têm “ressonância particular numa terra como a Mongólia: imensa, rica em história e cultura, mas também marcada por a aridez das estepes e do deserto.”

O deserto de Gobi, o sexto maior do mundo, estende-se pelo terço inferior da Mongólia. Tem um clima extremamente rigoroso, com temperaturas que podem variar de 45ºC a -40°C.

Falando em um lugar impregnado de tradição nômade, o papa disse: “Todos nós somos ‘nômades de Deus, peregrinos em busca da felicidade, viajantes sedentos de amor. O deserto de que fala o salmista, então, é a nossa vida”.

 

“Muitos de vós conhecem tanto a satisfação como o cansaço da viagem, que evoca um aspecto fundamental da espiritualidade bíblica representada por Abraão e, num sentido mais amplo, pelo povo de Israel e, na verdade, por cada discípulo do Senhor”, disse o papa.

Ao longo do último meio século, cerca de um terço da população da Mongólia deixou o campo, onde viviam como pastores nómadas, para viver na capital, Ulan Bator. Com cerca de 3,3 milhões de pessoas, a Mongólia é um dos países com a mais baixa densidade populacional do mundo.

Num país tão familiarizado com as dificuldades das longas viagens, o papa disse à multidão que a fé cristã é “a resposta à nossa sede”.

“Temos sede de amor, pois só o amor pode verdadeiramente satisfazer-nos, trazer-nos realização, inspirar segurança interior e permitir-nos saborear a beleza da vida”, disse ele. “Queridos irmãos e irmãs, a fé cristã é a resposta a esta sede; leva-o a sério, sem descartá-lo ou tentar substituí-lo por tranquilizantes ou substitutos. Porque nesta sede reside o grande mistério da nossa humanidade: ela abre o nosso coração ao Deus vivo, ao Deus do amor, que vem ao nosso encontro e nos torna seus filhos, irmãos e irmãs uns para os outros”.

Citando os comentários aos salmos de santo Agostinho, o papa disse: “Para que não desmaiemos neste deserto, Deus nos refresca com o orvalho da sua palavra... É verdade, ele nos faz sentir sede, mas depois vem saciar essa sede... Deus foi misericordioso conosco; ele nos abriu uma estrada no deserto: nosso Senhor Jesus Cristo”.

“Ele nos ofereceu uma fonte de consolação naquele deserto: os pregadores da sua palavra. Ele nos ofereceu água naquele deserto, enchendo aqueles pregadores com o Espírito Santo, de modo a criar, neles, uma fonte de água jorrando para a vida eterna."

Houve orações em chinês e russo depois da homilia do papa. O cardeal Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulan Bator e o cardeal mais jovem do mundo, foi o celebrante principal da missa.

Mais em

“No coração do Cristianismo está uma mensagem incrível e extraordinária. Se você perder sua vida, se você fizer dela uma oferta generosa, se você a arriscar escolhendo amar, se você fizer dela um presente gratuito para os outros, então ela retornará para você em abundância, e você será dominado por uma alegria sem fim, paz de coração e força e apoio interior”, disse o papa. “[Quando] perdemos nossas vidas por causa do Evangelho, o Senhor nos devolve-as abundantemente, na plenitude do amor e da alegria por toda a eternidade”.