22 de dez de 2025 às 15:49
A Comunidade Católica Shalom vai fundar uma missão em Dublin, Irlanda, em 2026, dando continuidade a um trabalho que vem realizando desde 2018 com a presença de alguns consagrados da comunidade de aliança. “Chegarão cinco consagrados da comunidade de vida, são três brasileiros, uma argentina e uma americana”, disse à ACI Digital a administradora Bruna Frota, 38 anos, responsável pelo trabalho feito pela comunidade na capital irlandesa.
A comunidade de aliança “é o chamado do Senhor para viver o seguimento a Nosso Senhor Jesus Cristo e seu Evangelho em meio à vivência familiar e atividades profissionais permanecendo em suas famílias, residências e suas atividades ou trabalhos próprios”, diz o site da Comunidade Shalom. Na comunidade de vida, os membros “passam a viver de uma forma mais fraterna morando em uma das ‘Casas Comunitárias’ da Comunidade Shalom e, em sua nova família, partilham suas vidas do encontro com Deus, consigo mesmo e com o irmão”.
Bruna é uma celibatária da Comunidade Shalom natural de Fortaleza (CE). No início de 2018, quis sair em missão como comunidade de aliança. Depois de receber algumas opções, “disse que queria estudar” na Irlanda e então seguiu em sua missão. No país europeu, conciliou sua missão com estudos e trabalho.
“Então, a gente já tem um trabalho apostólico, tem quase 50 pessoas na obra junto conosco”, contou Bruna. Segundo ela, já é feito um trabalho na catedral de Dublin, onde os membros da comunidade são responsáveis pela missa das 18h aos domingos. “A gente toca na missa, canta, é responsável pela liturgia, leitores...”, disse. Depois da missa, “tem os grupos de oração e, todas as terças-feiras, também na catedral, temos os ministérios de toda a obra e uma hora de adoração”, contou.
Com o trabalho sendo desenvolvido ao longo do tempo, “a gente foi percebendo que só a comunidade de aliança não era suficiente, digamos assim”, disse Bruna. “A comunidade queria algo mais, porque somos dez da comunidade de aliança aqui, os dez trabalham, alguns estudam”. Em conversa na igreja local e com o arcebispo de Dublin, dom Dermot Farrel, decidiram fundar a missão na cidade, com a presença da comunidade de vida. “A arquidiocese abriu as portas e estamos aqui realmente abrindo para a chegada da comunidade de vida”, disse a consagrada.
Uma Igreja em busca de renovação
Historicamente, a Irlanda, terra de são Patrício, de santa Brígida de Kildare e outros santos, foi uma terra de envio de missionários para outros locais. Atualmente, vê o catolicismo esfriar em uma sociedade cada dia mais secularizada, e passou a receber missionários, como os da Comunidade Shalom.
Bruna Frota contou que, nesses sete anos em que está no país, pôde observar que a Igreja na Irlanda “é uma Igreja muito ferida com os escândalos que aconteceram”. Segundo ela, os jovens irlandeses “são abertos a um diálogo, a uma conversa, a evangelização em si, mas quando se trata da instituição Igreja, eles recuam”.
Segundo a consagrada, a Igreja na Irlanda tem “muitos idosos” e “você não vê a expressão da juventude dentro da Igreja, as grandes lideranças são todos acima dos 50”.
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Diante dessa realidade, Bruna disse ver a evangelização dos jovens “muito por meio da amizade, de mostrar o testemunho como vivência, por meio de eventos que não são corriqueiros”, como um dia de panqueca, tradicional no país, convivências com músicas.
A missionária contou ainda que vê “um fogo tímido ainda de uma evangelização de outras nações”. Segundo ela, “há muitos grupos de outras nações aqui que estão buscando essa renovação da evangelização”, como “indianos, latinos de língua hispânica”.
Amizade como meio de evangelização
Bruna destacou que, no caso da Comunidade Shalom, “a evangelização é especificamente direcionada aos irlandeses”, ou seja, não trabalham com a comunidade de brasileiros. Apesar disso, além dos irlandeses, participam das atividades pessoas “do leste europeu, da Eslováquia, Lituânia, Polônia, tem italiano, espanhol, enfim, são 11 nacionalidades diferentes”, disse.
Segundo ela, a missão é feita também “pessoa a pessoa”. “Gastar tempo com o pessoal que está com a gente, fazer convivências, acompanhamento pessoal, trazer para perto”, contou Bruna. “Eu acho que essa amizade pessoal faz a grande diferença”, acrescento.
Nessa experiência de amizade, disse Bruna, muitos jovens “vão percebendo e tendo a experiência de Deus”.
Segundo Bruna, dessa relação já é possível ver alguns sinais de vocações. “Na verdade, a gente já teve um vocacional há algum tempo, mas como éramos muito poucos, a gente não conseguiu dar prosseguimento aos outros anos de vocacional”, disse.
Mas, a missionária contou que há “cinco ou seis pessoas dentro da obra que já expressaram o desejo de conhecer mais a comunidade, de fazer experiência”. Por isso, há “planos para abrir uma turma de vocacional”, o que será mais fácil com a fundação da missão.




