5 de dezembro de 2025 Doar
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Leão XIV oficializa diocese criada pelo governo da China e não menciona bispo desaparecido

Estátua de são Francisco Xavier em frente à catedral de São José em Pequim, China, em 25 de fevereiro de 2016. | Zvonimir Atletic/Shutterstock

O papa Leão XIV criou uma diocese católica no norte da China com o mesmo nome de uma estabelecida décadas atrás pelo governo comunista chinês sem aprovação da Santa Sé.

A Santa Sé anunciou ontem (10) que o papa suprimiu duas dioceses históricas de Xiwanzi e Xuanhua — ambas erigidas em 1946 pelo venerável papa Pio XII — e as substituiu pela diocese de Zhangjiakou. A sede da nova diocese fica na cidade de Zhangjiakou, onde a associação católica estatal chinesa estabeleceu sua própria diocese em 1980 com limites nunca reconhecidos pela Santa Sé.

Não houve nenhuma menção ao bispo de Xuanhua, dom Augustine Cui Tai, de 75 anos, bispo clandestino de longa data. O bispo Cui foi detido quatro vezes desde a assinatura do acordo China-Santa Sé de 2018 e não foi visto desde que foi levado sob custódia policial em abril de 2021, segundo um relatório do ano passado do Instituto Hudson.

Sua diocese, agora suprimida, havia repetidamente solicitado sua libertação da detenção, mas sem sucesso. A Asia News, agência de notícias católica da Ásia, disse que o clero católico em Hebei foi informado de que uma cerimônia de "aposentadoria" para Cui, atualmente com 75 anos de idade, ocorrerá amanhã (12).

Os termos do acordo provisório Santa Sé-China de 2018 — renovado pelo papa Francisco em outubro do ano passado — para nomeações episcopais de comum acordo entre o papa e o governo chinês, permanecem secretos. Autoridades da Santa Sé já reconheceram que Pequim violou o acordo diversas vezes.

O papa Leão XIV nomeou um novo bispo para liderar a diocese de Zhangjiakou, na província de Hebei, China, o padre Joseph Wang Zhengui, que foi escolhido dentro da estrutura do acordo provisório da Santa Sé com o governo chinês sobre a nomeação de bispos, também conhecido como acordo Santa Sé-China.

O anúncio da Santa Sé ocorreu horas depois de Wang, de 62 anos de idade, ter sido consagrado ontem (10) bispo de Zhangjiakou, numa missa na igreja da Sagrada Família em Zhangjiakou, com a presença de cerca de 300 fiéis, 50 padres e líderes seniores da Associação Católica Patriótica Chinesa. A Santa Sé disse que o papa Leão XIV havia nomeado Wang em 8 de julho.

“A fim de promover o cuidado pastoral do rebanho do Senhor e atender mais eficazmente ao seu bem-estar espiritual, em 8 de julho de 2025, o papa Leão XIV decidiu suprimir as dioceses de Xuanhua e Xiwanzi na China continental, estabelecidas em 11 de abril de 1946 pelo papa Pio XII”, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé em seu comunicado. “Desse modo, o território da diocese de Zhangjiakou corresponde ao da capital, Zhangjiakou”.

A nova diocese abrange 14 distritos e condados ao redor da cidade de Zhangjiakou, uma área de 36,5 km² com uma população de cerca de 4 milhões de pessoas, entre elas cerca de 85 mil fiéis atendidos por 89 padres. Zhangjiakou será diocese sufragânea da arquidiocese de Pequim.

As disputadas fronteiras diocesanas da China

O anúncio destaca o problema de longa data nas relações entre a Santa Sé e a China: a Associação Patriótica Chinesa, patrocinada pelo governo chinês, redesenhou as fronteiras diocesanas para alinhá-las às divisões administrativas estaduais. Esse mapa diocesano redesenhado não corresponde às jurisdições canônicas da Santa Sé.

A Associação Católica Patriótica Chinesa é um órgão estatal sob o controle do Departamento de Trabalho da Frente Unida do Partido Comunista Chinês.

Antes da decisão do papa Leão XIV, Pequim reconhecia 104 dioceses, enquanto a Santa Sé tinha 143 dioceses católicas na China.

Papa Leão XIV sobre a China

A Santa Sé foi criticada no pontificado do papa Francisco pelo que alguns viram como uma resposta silenciosa aos abusos de direitos humanos na China, como a detenção de muçulmanos uigures e a prisão do ativista católico pró-democracia Jimmy Lai em Hong Kong.

Em 1º de maio, novas restrições da Frente Unida da China entraram em vigor, proibindo clérigos estrangeiros de celebrar atividades religiosas para chineses sem o convite do governo chinês, limitando severamente a atividade missionária estrangeira no país. Enquanto isso, instituições católicas autorizadas pelo Estado na China pouco reconheceram a morte do papa Francisco. 

O papa Leão XIV, que herdou o acordo Santa Sé-China de Francisco, manteve o cardeal Pietro Parolin, o arquiteto do acordo, como seu secretário de Estado.

O bispo de Hong Kong, cardeal Stephen Chow, que se encontrou com o papa Leão XIV em 2 de setembro, disse ao jornal diocesano local, o Sunday Examiner, que "o Santo Padre não desconhece totalmente a Igreja na China, pois já reuniu informações de várias fontes e por meio do acordo sino-vaticano".

Leão XIV também visitou a China continental antes de sua eleição como papa, quando serviu como superior geral da ordem agostiniana.

“Ele reconhece a importância do diálogo entre a Igreja e as autoridades do continente e considera a comunicação respeitosa como prioridade para enfrentar os desafios nas relações China-Santa Sé”, disse Chow.

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