23 de dez de 2025 às 15:48
Maurizio Gronchi, consultor especializado do Dicastério para a Doutrina da Fé, disse que "não é uma proibição absoluta" o que se estabeleceu para o uso dos títulos "Corredentora" e "Medianeira" para a Nossa Senhora e que esses títulos podem ser usados na piedade popular, desde que se compreenda o seu significado.
“Não é uma proibição absoluta, mas não será mais usado em documentos oficiais ou na liturgia”, disse o especialista à EWTN News. “Mas se a devoção popular o usar, compreendendo seu significado, ninguém vai aplicar sanções”.
A entrevista ocorreu depois da publicação, em 4 de novembro, do documento Mater populi fidelis (Mãe do Povo Fiel de Deus)", no qual o Dicastério para a Doutrina da Fé, liderado pelo cardeal Victor Fernandez, diz que o uso do título "Corredentora" é "sempre inapropriado" e recomenda "especial prudência" com o título "medianeira de Todas as Graças". O texto gerou controvérsia entre os fiéis, especialmente entre os que usam esses termos na Igreja.
De onde vem esse estudo sobre os termos Corredentora e Medianeira?
Gronchi disse que “a questão é antiga”.
“Esse problema está em discussão há 99 anos, desde 1926”, diz ele. “Estudamos o assunto em várias ocasiões, e o dicastério recebeu vários pedidos de esclarecimento sobre esses termos. Esses títulos apresentam um problema. Há o risco de obscurecer, de não afirmar claramente, que a centralidade do Mistério Pascal da salvação é Jesus Cristo”.
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“Por essa razão”, disse o especialista, “agora é o momento de esclarecer esses títulos, para que, quando se disser que foram usados no passado, signifique que isso foi feito de modo inadequado. Não significa que estava errado, mas sim que a definição desses títulos ainda não estava madura e clara”.
O consultor disse que o documento papal é uma nota doutrinal que “aprofunda, esclarece e diz que esses termos não são convenientes, não são apropriados, simplesmente porque Nossa Senhora participa da redenção, colabora com a redenção, mas não do mesmo modo que Jesus”.
Depois de dizer que Nossa Senhora é como a lua refletindo a luz do sol, um símbolo de Jesus Cristo, Gronchi disse que “Nossa Senhora dá à luz Jesus, mas Jesus morre na Cruz, não Nossa Senhora. Nossa Senhora participa com seu coração, com seu afeto, com tudo o que ela é, mas é uma participação que o documento chama de dispositiva, ou seja, Nossa Senhora nos ajuda a receber a graça de Cristo, mas ela não é a fonte da graça, nem a medianeira de todas as graças”.
A quem se sente confuso com o documento da Santa Sé, o especialista disse que “eles não devem sentir nenhuma confusão”.
“Devem rezar a Nossa Senhora e devem rezar a ela com o Santo Rosário”, diz ele. “O Rosário contém os mistérios da vida de Jesus, portanto, reza-se a Nossa Senhora meditando sobre os mistérios da vida de Jesus”.
“Esse é o modo mais simples e popular de devoção, aquela que conduz ao céu”, diz Gronchi. “Os santos já disseram isso, e rezamos a Nossa Senhora com serenidade. Se também quisermos usar a Ladainha de Loreto, que tem títulos muito bonitos, não há necessidade de acrescentar mais nada”.
“O que devemos dizer sobre Nossa Senhora”, concluiu ele, “é que ela é a Mãe do Senhor, a Mãe de Deus, a Mãe da Igreja, a Mãe do povo fiel que nos acompanha e nos guia com ternura e grande amor”.




