O Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) disse hoje (4) que os títulos de "Corredentora" e "Medianeira" não são maneiras apropriadas de descrever a participação de Nossa Senhora na salvação.

Em Mater populi fidelis (Mãe do Povo Fiel de Deus), o Dicastério para a Doutrina da Fé diz que, quando uma expressão exige explicações frequentes para manter o seu significado correto, ela se torna inútil.

“Neste caso”, diz que o título Corredentora “não ajuda a exaltar Maria como primeira e máxima colaboradora na obra da Redenção e da graça, porque o perigo de obscurecer o lugar exclusivo de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem por nossa salvação, único capaz de oferecer ao Pai um sacrifício de valor infinito, não seria uma verdadeira honra à Mãe”.

O papa Leão XIV aprovou o documento — assinado pelo prefeito da DDF, cardeal Víctor Manuel Fernández — em 7 de outubro.

A contribuição de Nossa Senhora para a salvação da humanidade, especificamente o título de Co-redemptrix (Corredentora), tem sido um ponto de debate teológico por décadas — com defensores pedindo que o papel de Nossa Senhora na redenção seja declarado dogma, enquanto críticos dizem que isso exagera a importância dela e pode prejudicar os esforços de unidade com outras denominações cristãs.

Num prefácio à nota, Fernández escreveu que o documento responde a perguntas que o dicastério recebeu nas últimas décadas sobre a devoção a Nossa Senhora e certos títulos dela, e fala sobre quais são aceitáveis.

“Existem alguns grupos de reflexão mariana, publicações, novas devoções e inclusive solicitações de dogmas marianos, que não apresentam as mesmas características da devoção popular”, escreveu o cardeal, dizendo que algumas devoções a Nossa Senhora, divulgadas “intensamente através das redes sociais”, podem semear confusão entre os fiéis.

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“O texto, ao mesmo tempo que esclarece em que sentido são aceitáveis, ou não, alguns títulos e expressões referentes a Maria, propõe-se aprofundar nos adequados fundamentos da devoção mariana precisando o lugar de Maria em sua relação com os fiéis, à luz do Mistério de Cristo como único Mediador e Redentor”, escreveu Fernández. “Isto implica uma profunda fidelidade à identidade católica e, ao mesmo tempo, um particular esforço ecumênico”.

Além de “Corredentora”, o documento também abordou detalhadamente o título de Nossa Senhora de “Medianeira” ou “Medianeira de todas as graças”, analisando a doutrina da Igreja sobre o papel de Nossa Senhora como intercessora.

A DDF concluiu que “alguns títulos, como por exemplo o de Medianeira de todas as graças, tem limites que não facilitam a correta compreensão do lugar único de Maria”.

O dicastério incentivou o uso de outras expressões para Nossa Senhora, especificamente títulos que se referiam à maternidade dela, como "Mãe de Deus" e "Mãe do Povo fiel de Deus".

“Ela é a mãe que deu ao mundo o Autor da Redenção e da graça, que se manteve firme junto à Cruz (cf. Jo 19, 25), sofrendo com o Filho, oferecendo a dor do seu coração materno transpassado pela espada (cf. Lc 2, 35). Ela esteve unida a Cristo desde a Encarnação até a Cruz e à Ressurreição, de um modo exclusivo e superior a quanto poderia ocorrer com qualquer fiel”.

Enfatizando que Nossa Senhora foi salva por seu Filho, Jesus Cristo, “de forma peculiar e antecipada”, o documento diz que “a grandeza incomparável de Maria está no que ela recebeu e na sua disponibilidade confiante a deixar-se preencher pelo Espírito”.

O texto diz que, “quando nos esforçamos em atribuir-lhe funções ativas, paralelas às de Cristo, distanciamo-nos da beleza incomensurável que é especificamente sua”.