14 de dez de 2025 às 08:43
O último grande evento do Ano Jubilar — que terminará no dia 6 de janeiro de 2026, solenidade da Epifania do Senhor — foi dedicado às pessoas privadas de liberdade nas prisões.
Segundo o Dicastério para a Evangelização, cerca de 6 mil pessoas — não apenas presos, mas também seus familiares, bem como pessoas que trabalham em centros penitenciários, capelães e voluntários — se reuniram em Roma para o Jubileu dos Presos.
Entre os países representados estavam Itália, Espanha, Portugal, Reino Unido, Polônia, Alemanha, Indonésia, México, Madagascar, Brasil, Colômbia, EUA, Guiné-Bissau, Filipinas, Taiwan e Austrália.
O evento mais esperado deste grande encontro final do Ano Santo 2025 foi a missa celebrada pelo papa Leão XIV neste domingo na basílica de São Pedro.
Diante dos participantes, o papa denunciou as graves deficiências que afetam os sistemas penitenciários, entre elas a “superlotação”, a falta de “programas educativos estáveis”, as escassas “oportunidades de trabalho” e as dificuldades pessoais enfrentadas por aqueles que cumprem pena.
O “peso do passado” e as “feridas a curar no corpo e no coração”
Junto com os problemas estruturais, Leão XIV enfatizou a dimensão humana e espiritual da experiência carcerária, marcada — segundo ele — pelo “peso do passado” e pelas “feridas a curar no corpo e no coração”.
Ele alertou sobre “a tentação de desistir ou deixar de perdoar”, tanto aos outros quanto a si mesmo.
Em sua homilia, o papa se dirigiu tanto às pessoas privadas de liberdade quanto aos responsáveis pelo mundo penitenciário, reconhecendo a complexidade da tarefa que têm pela frente.
“A tarefa que o Senhor vos confia a todos – reclusos e responsáveis pelo mundo carcerário – não é fácil. Os problemas a enfrentar são numerosos”, disse.
Para o papa, o primeiro passo é reconhecer que, “apesar do empenho de muitos, ainda há muito a fazer neste sentido, mesmo no mundo carcerário”.
Leão XIV reconheceu que “o cárcere é um ambiente difícil, onde mesmo os melhores propósitos podem encontrar inúmeros obstáculos”.
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No entanto, exortou a não desistir. “Não devemos cansar-nos nem desanimar ou recuar, mas avançar com tenacidade, coragem e espírito de colaboração”.
Ele ressaltou que “muitos ainda não compreendem que depois de cada queda deve ser possível levantar-se, que nenhum ser humano se reduz ao que fez e que a justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação”.
O papa disse que, “quando, mesmo em condições difíceis, se conservam a beleza dos sentimentos, a sensibilidade, a atenção às necessidades dos outros, o respeito, a capacidade de misericórdia e perdão, então, da terra dura do sofrimento e do pecado, brotam flores maravilhosas e, mesmo entre as paredes das prisões, amadurecem gestos, projetos e encontros únicos em humanidade”.
Leão XIV disse que “trata-se de um trabalho direcionado aos próprios sentimentos e pensamentos, necessário às pessoas privadas de liberdade e, em primeiro lugar, a quem tem o grande ónus de representar entre elas e para elas a justiça”.
Ele lembrou que “o Jubileu é um chamamento à conversão, sendo precisamente por isso motivo de esperança e alegria”.
“O Senhor continua, acima de tudo, a repetir-nos que uma só coisa é importante: que ninguém se perca e que todos ‘sejam salvos’”, disse, citando o evangelho de são João e a primeira carta a Timóteo.
“Deus é quem resgata e liberta”
“Deus é Quem resgata e liberta”, disse, evocando as palavras do profeta Isaías: “os que o Senhor libertar […] chegarão a Sião entre cânticos de júbilo”.
Leão XIV lembrou o desejo de seu predecessor, o papa Francisco, que solicitou que, no Ano Santo, fossem concedidas formas de anistia ou perdão da pena, com o objetivo de ajudar as pessoas encarceradas “a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade”. O papa manifestou seu desejo de que esse pedido tenha sido atendido.
Hóstias feitas por presos
As hóstias que foram consagradas usadas na comunhão na missa celebrada no Jubileu dos Presos foram feitas por presos que participam no projeto Il senso del Pane (O sentido do pão) da Fundação Casa dello Spirito e delle Arti de Milão, Itália, em que fazer hóstias para paróquias de 17 países.
Desde 2016, esta iniciativa envolve anualmente mais de 300 detidos na elaboração de hóstias destinadas a milhares de dioceses, paróquias e comunidades cristãs, tanto em Itália como no estrangeiro. Para a missa celebrada pelo papa, as hóstias eram das oficinas eucarísticas das prisões italianas de Opera, San Vittore e Bollate.





