A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) apoiou publicamente a remoção da ideologia de gênero dos formulários de reassentamento de refugiados para crianças desacompanhadas.

A ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher. A ideia contraria à Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. ‘Ser homem’, ‘ser mulher’ é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, ‘à imagem de Deus’. No seu ‘ser homem’ e no seu ‘ser mulher’, refletem a sabedoria e a bondade do Criador”.

Segundo a ordem executiva do presidente Donald Trump, “defendendo as mulheres do extremismo da ideologia de gênero” e restaurando “a verdade biológica ao governo federal”, o Escritório de Reassentamento de Refugiados adotou substituir nos formulários a palavra “gênero” por “sexo”. As opções do formulário serão limitadas a “masculino” e “feminino”.

O comentário publicado pela USCBB, sigla em inglês da conferência episcopal americana, diz que “historicamente têm mantido uma estreita parceria com o Escritório de Reassentamento de Refugiados para proteger o bem-estar de crianças não cidadãs desacompanhadas, ao mesmo tempo em que, em todos os aspectos, aderem à doutrina da Igreja Católica sobre a dignidade dada por Deus à pessoa humana, criada homem e mulher”, e citaram Gênesis 1,27.

“Ao substituir as referências [nos formulários] a ‘gênero’ por ‘sexo’, a proposta reflete uma antropologia verdadeira, baseada na identidade sexual biológica que é masculina ou feminina, uma antropologia que promove o florescimento humano”, diz o comentário, assinado pelo Conselheiro Geral da USCCB, William J. Quinn, e pelo Conselheiro Geral Adjunto, Daniel E. Balserak.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

A USCCB se baseou nas doutrinas católicas relacionadas ao sexo e à incapacidade de mudar o sexo de uma pessoa, conforme destacado no documento Dignitas infinita, de abril de 2024, do dicastério para a Doutrina da Fé (DDF), aprovado pelo papa Francisco.

“O sexo biológico (sex) e o papel sociocultural do sexo (gender) podem-se distinguir, mas não separar”, diz Dignitas infinita.

“Devem-se rejeitar todas aquelas tentativas de obscurecer a referência à insuprimível diferença sexual entre homem e mulher: ‘Não podemos separar o que é masculino e feminino da obra criada por Deus, que é anterior a todas as nossas decisões e experiências e onde existem elementos biológicos que não podem ser ignorados’. Cada pessoa humana, somente quando pode reconhecer e aceitar esta diferença na reciprocidade, torna-se capaz de descobrir plenamente a si mesma, a própria dignidade e a própria identidade”, acrescenta o documento.

Os bispos também citaram o documento de junho de 2019 da congregação para a Educação Católica intitulado “Homem e mulher os criou” para enfatizar a importância de usar o termo “sexo” em vez de “gênero”.

“Neste contexto cultural, compreende-se muito bem que sexo e gênero já não são sinônimos e, por tanto, conceitos intercambiáveis, na medida que descrevem duas entidades diversas... o próprio conceito de gender depende da atitude subjetiva da pessoa, que pode escolher um gênero que não corresponde à sua sexualidade biológica e, portanto, com o modo como os outros o consideram”, diz o documento.

A ordem executiva de Trump instruiu as agências e departamentos a atualizar a terminologia nos formulários e em todos os documentos oficiais do governo para remover qualquer reconhecimento da ideologia de gênero. A ordem reflete a posição do governo de que existem apenas dois sexos: masculino e feminino.