O papa Leão XIV celebrou hoje (29) a única missa da sua viagem internacional à Turquia, na qual fez uma homilia centrada na unidade dos cristãos e na necessidade da paz no mundo atual.

Os fiéis aguardaram a chegada do papa na Volkswagen Arena, um espaço inaugurado oficialmente em 2015 que faz parte do complexo cultural Uniq, em Istambul.

Milhares de fiéis participam da missa com o papa Leão XIV na Volkswagen Arena, espaço do complexo cultural Uniq, em Istambul. Vatican Media
Milhares de fiéis participam da missa com o papa Leão XIV na Volkswagen Arena, espaço do complexo cultural Uniq, em Istambul. Vatican Media

Diante de uma grande cruz que iluminava o recinto, o papa Leão XIV entrou em procissão ao lado do patriarca Bartolomeu I, acompanhado por bispos e padres concelebrantes. O ambiente, profundamente solene, foi enriquecido pelas vozes de um numeroso coro que entoava cânticos litúrgicos típicos do país.

Em sua homilia, lida em inglês, o papa refletiu sobre a primeira leitura do profeta Isaías, que foi lida em armênio. Em todos os detalhes da missa, o ecumenismo esteve presente. O salmo responsorial foi lido em aramaico, a segunda leitura em inglês, o canto do Evangelho em armênio e a leitura do Evangelho em turco.

À luz do livro do profeta Isaías, Leão XIV propôs uma reflexão sobre o “nosso ser Igreja” e destacou que esta leitura “nos lembra que os frutos da ação de Deus em nossa vida não são um dom apenas para nós, mas para todos".

A alegria do bem é contagiante

O papa salientou que “a alegria do bem é contagiante” e, com isso, convidou todos "a renovar na fé a força do nosso testemunho". “Se queremos realmente ajudar as pessoas que encontramos, vigiemos sobre nós mesmos, como nos recomenda o Evangelho”, disse o papa.

Ele também disse que “o Senhor, a quem esperamos em sua vinda gloriosa no fim dos tempos, vem todos os dias bater à nossa porta” e pediu: "Estejamos prontos com o compromisso sincero de uma vida boa, como nos ensinam os numerosos modelos de santidade de que é rica a história desta terra".

Depois, ele dirigiu o seu foco para as guerras e conflitos atuais, enfatizando o chamado dos cristãos para trabalhar pela paz: "Quão urgente parece-nos hoje este apelo! Quanta necessidade de paz, unidade e reconciliação existe à nossa volta, dentro de nós e entre nós! Como podemos contribuir para corresponder a esta exigência?", perguntou.

Em resposta a essa pergunta, o papa propôs a metáfora do estreito de Bósforo, que atravessa a cidade de Istambul e une dois continentes: a Ásia e a Europa. 

“A sua tríplice extensão através do Estreito faz-nos pensar na importância dos nossos comuns esforços pela unidade em três níveis: dentro da comunidade, nas relações ecuménicas com os membros de outras Confissões cristãs e no encontro com os irmãos e irmãs pertencentes a outras religiões”, disse.

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'A unidade que se consolida em torno do Altar é um dom de Deus'

O papa disse que na Igreja da Turquia há "quatro tradições litúrgicas diferentes: latina, arménia, caldeia e siríaca", e "cada uma delas" é "dotada de uma própria riqueza a nível espiritual, histórico e eclesial"

"A partilha dessas diferenças" — continuou Leão XIV, "pode mostrar de forma excelente uma das características mais belas do rosto da Esposa de Cristo: a da catolicidade que une. A unidade que se consolida em torno do Altar é um dom de Deus e, como tal, é forte e invencível, porque é obra da sua graça".

Assim, o papa convidou os fiéis a empenharem-se "em favorecer e fortalecer os laços que nos unem, para enriquecermo-nos mutuamente e sermos, diante do mundo, um sinal crível do amor universal e infinito do Senhor".

Em relação ao ecumenismo, tema central desta viagem histórica, Leão XIV pediu "renovamos hoje o nosso “sim” à unidade", especialmente no mundo atual, em que, “com demasiada frequência, a religião é usada para justificar guerras e atrocidades”.

O papa também recordou que a Escritura afirma: “quem não ama, não conhece a Deus” e exortou a todos a valorizarem "o que nos une, derrubando os muros do preconceito e da desconfiança, promovendo o conhecimento e a estima recíproca, para dar a todos uma forte mensagem de esperança e um convite a tornarem-se “operadores de paz”".

“Os nossos passos movem-se como numa ponte que une a terra ao Céu e que o Senhor ergueu para nós. Mantenhamos sempre os olhos fixos nas suas margens, para amar a Deus e aos irmãos com todo o coração, para caminharmos juntos e para que possamos nos reencontrar, um dia, todos na casa do Pai”, concluiu.

Ao final da missa, o vigário apostólico de Istambul, dom Massimiliano Palinuro, agradeceu ao papa Leão XIV por “ter confirmado na fé os católicos desta terra”. Ele recordou também que na missa estavam presentes mais de 70 nações, todas como irmãos, sentindo-se parte de “uma mesma família”.

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Ele também salientou o convite do papa para construir pontes de unidade e exortou a buscar a justiça e a paz. Por último, entregou ao papa um "presente ecumênico": um cálice no qual estão representados os seis apóstolos que levaram o Evangelho à Turquia.

Depois de alguns momentos de oração diante da imagem de Nossa Senhora, Leão XIV deixou o lugar, novamente numa procissão solene na qual ocupou o último lugar.

Leão XIV rezando diante da imagem de Nossa Senhora. Vatican Media
Leão XIV rezando diante da imagem de Nossa Senhora. Vatican Media