28 de nov de 2025 às 11:34
O papa Leão XIV encorajou hoje (28) a pequena comunidade católica da Turquia a redescobrir o que chamou de "lógica da pequenez" do Evangelho, exortando-os a não desanimarem com seu número reduzido, mas a reconhecer neles a força do autêntico testemunho cristão. Os católicos na Turquia são cerca de 0,05% da população de 85 milhões de habitantes.
No segundo dia de sua visita ao país, o papa discursou para bispos, padres, religiosos, agentes pastorais e leigos na catedral do Espírito Santo, em Istambul.
Chamando a Turquia de “terra santa”, onde o Antigo e o Novo Testamento se encontram, o papa falou sobre as profundas raízes cristãs da região: a jornada de Abraão por Harã, as primeiras comunidades cristãs em Antioquia e Éfeso, e a longa e influente história do cristianismo bizantino. Ele disse que o patriarcado ortodoxo ecumênico de Constantinopla, atualmente liderado pelo patriarca Bartolomeu I, continua sendo “um ponto de referência” tanto para os fiéis gregos quanto para outras Igrejas ortodoxas.
O papa alertou os cristãos para que não tratem essa herança meramente como uma lembrança de uma grandeza passada. Em vez disso, ele os exortou a adotar “uma visão evangélica” que enxergue sua realidade presente à luz do Espírito Santo.
“Quando olhamos com os olhos de Deus, descobrimos que Ele escolheu o caminho da pequenez”, disse Leão XIV, apontando para o grão de mostarda, as criancinhas louvadas por Jesus e o crescimento silencioso do reino de Deus. A verdadeira força da Igreja, disse ele, “não reside em seus recursos ou estruturas”, nem em números ou influência, mas em permanecer reunida em torno de Cristo e enviada pelo Espírito Santo.
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Citando as palavras de Jesus: "Não tenham medo, pequeno rebanho", o papa encorajou os cristãos na Turquia a cultivarem a esperança. Ele apontou para o crescente número de jovens que se aproximam da Igreja como um sinal de esperança e pediu às comunidades que continuem a acolhê-los e a acompanhá-los.
Ele exortou a uma dedicação especial ao diálogo ecumênico e inter-religioso, à transmissão da fé às comunidades locais e ao serviço pastoral aos refugiados e migrantes — muitos dos quais estão entre as pessoas mais vulneráveis do país. O papa disse que muitos fiéis na Turquia vêm do exterior, uma realidade que exige um processo mais profundo de inculturação para que a língua e a cultura do país se tornem “cada vez mais suas”.
Leão XIV falou sobre o papel singular da Turquia na história da Igreja, dizendo que os oito primeiros concílios ecumênicos foram feitos em seu solo. Celebrando o 1700º aniversário do Primeiro Concílio de Niceia, ele disse que o concílio continua suscitando três questões aos cristãos de hoje: Qual é a essência da fé? Quem é Jesus para nós? E como a doutrina deve ser expressa de modo a dialogar com a cultura contemporânea?
Ele falou contra o que descreveu como um “novo arianismo”, uma versão da heresia que dividiu o cristianismo em seus primeiros séculos, que reduz Jesus Cristo a um mestre moral ou figura heroica, negando Sua divindade e Seu senhorio sobre a história.
Antes de concluir, Leão XIV invocou a memória do papa são João XXIII, que serviu na Turquia e escreveu com carinho sobre seu povo. Falando sobre a imagem do santo dos pescadores do estreito de Bósforo trabalhando à noite, ele encorajou os fiéis turcos a perseverar no mesmo espírito: trabalhando com fidelidade, alegria e coragem “no barco do Senhor”.
A catedral do Espírito Santo, onde ocorreu o encontro, foi construída em 1846 e abriga relíquias dos primeiros papas, como são Lino. Uma estátua do papa Bento XV está erguida em seu pátio, em gratidão por seus esforços em ajudar as vítimas da guerra de 1915-1918. A inscrição o homenageia como um “benfeitor dos povos, sem distinção de nacionalidade ou religião”.




