Por Kristina Millare
27 de nov de 2025 às 15:48
A viagem apostólica do papa Leão XIV à Turquia e ao Líbano tem um significado tanto espiritual quanto histórico para a Igreja Católica e suas relações com a Igreja ortodoxa, assim como com o Islã.
Entre hoje (27) e 2 de dezembro, o papa Leão XIV visita esses lugares históricos na primeira viagem apostólica internacional de seu pontificado:
1. Catedral do Espírito Santo (Istambul, Turquia)
A catedral católica romana foi construída e inaugurada oficialmente em 1846 e é a sede do vigário apostólico de Istambul. Também conhecida como catedral do Espírito Santo, a basílica menor tem várias relíquias de santos, como as dos dois primeiros papas, são Pedro e são Lino.
Em 1884, o papa Leão XIII doou uma relíquia de são João Crisóstomo, padroeiro do vicariato apostólico de Constantinopla, à catedral. Desde 1967, quatro papas visitaram a catedral do Espírito Santo: são Paulo VI, são João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
Uma estátua do papa Bento XV foi erguida no pátio da catedral em 1919, em reconhecimento à sua dedicação às vítimas turcas da Primeira Guerra Mundial e aos cristãos armênios mortos no antigo Império Otomano entre 1915 e 1916.
2. Escavações arqueológicas da antiga basílica de São Neófito (İznik, Turquia)
Acredita-se que essa antiga basílica, que fica a cerca de 130 km a sudeste de Istambul, tenha sido construída em 380 d.C. sobre o local do primeiro concílio ecumênico cristão, o concílio de Niceia, convocado pelo imperador Constantino I em 325 d.C. O concílio reafirmou a crença da Igreja em Jesus Cristo como Filho de Deus e levou à formulação do Credo Niceno.
A antiga igreja foi construída no lugar onde o mártir são Neófito, de 16 anos de idade, foi morto por sua fé e por se recusar a oferecer sacrifícios a deuses pagãos. Escavações recentes no local revelaram sepulturas de pessoas que se acredita serem mártires cristãos primitivos.
3. A mesquita do Sultão Ahmed (Istambul, Turquia)
Uma das mesquitas mais importantes de Istambul, construída entre 1609 e 1617 em parte do terreno do grande palácio de Constantinopla, residência imperial do imperador cristão Constantino I e dos imperadores romanos do Oriente até 1204.
Dois papas visitaram a mesquita, também conhecida como "mesquita Azul", em viagens apostólicas oficiais ao país. Bento XIV visitou a mesquita em 2006 e o papa Francisco visitou o lugar religioso em 2012.
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4. Igreja patriarcal de São Jorge (Istambul, Turquia)
A igreja ortodoxa oriental foi construída em 1720 e tem relíquias de alguns dos santos mais venerados da antiga Constantinopla, como santa Eufêmia de Calcedônia.
Desde 2004, a igreja patriarcal tem relíquias de santo André Apóstolo, venerado por ter levado a fé cristã a Bizâncio, atual Istambul. As relíquias de são Gregório, o Teólogo, e de são João Crisóstomo também estão na igreja.
5. Igreja ortodoxa armênia de São Gregório Lusavorich (Istambul, Turquia)
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Essa igreja ortodoxa, também conhecida como igreja patriarcal da Santa Mãe de Deus, é a catedral mais antiga da Igreja Apostólica Armênia na Turquia.
A igreja armênia foi originalmente construída em 1391, pouco antes de o Império Otomano, liderado pelo sultão Mehmed II, conquistar Constantinopla em 1453. Ela recebeu o nome de são Gregório, o Iluminador, um cristão grego reverenciado como o fundador da Igreja Apostólica Armênia.
O papa Leão XIV será o primeiro papa a visitar a igreja, que serve como local de culto religioso para gerações de famílias armênias que vivem em Istambul há cerca de 600 anos.
6. Igreja patriarcal de São Jorge (Istambul, Turquia)
Convertida de convento em igreja no início do século XVII, a basílica ortodoxa grega foi reconstruída várias vezes ao longo de seus 425 anos de história.
A igreja é a sede e a principal catedral do patriarca Bartolomeu I, chefe do patriarcado ecumênico ortodoxo de Constantinopla e líder espiritual dos cerca de 300 milhões de cristãos ortodoxos orientais em todo o mundo.
7. Mosteiro de São Maroun (Annaya, Líbano)
O mosteiro maronita libanês, construído em 1828, tornou-se um lugar de peregrinação para os fiéis cristãos que buscavam o conselho espiritual de são Charbel Makhlouf, que viveu no mosteiro de Annaya e na ermida de São Pedro e São Paulo, nas proximidades, de 1853 até sua morte, em 1898.
Depois da beatificação de Charbel Makhlouf em 1965, a Ordem Maronita Libanesa construiu uma nova igreja perto do mosteiro e a consagrou em 1974 em honra do santo monge e sacerdote canonizado pelo papa são Paulo VI em 1977. Desde então, ela tem sido visitada por peregrinos cristãos e não-cristãos inspirados pela vida santa de são Charbel.
8. Santuário de Nossa Senhora do Líbano (Harissa, Líbano)
Construído em 1904 para marcar o 50º aniversário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição pelo papa beato Pio IX, o santuário foi inaugurado no primeiro domingo de maio de 1908, que desde então se tornou a festa anual de Nossa Senhora do Líbano.
Milhares de peregrinos cristãos e muçulmanos vão anualmente rezar no santuário, que tem uma estátua de bronze de Nossa Senhora com 8,5 metros de altura, erguida sobre uma torre de pedra de 21 metros de altura com uma escada em espiral, confiada aos cuidados da Congregação dos Missionários Libaneses.
Em 1993, uma nova basílica foi construída ao lado do santuário. São João Paulo II foi o primeiro papa a visitar Nossa Senhora do Líbano em 1997, seguido por Bento XVI em 2012.
9. Patriarcado maronita de Antioquia (Bkerké, Líbano)
O chefe do patriarcado maronita vive em Bkerké desde 1830. Entre os séculos XV e XIX, o chefe da Igreja Católica Maronita viveu no mosteiro de Qannubin, no vale de Qadisha, no Líbano.
O patriarcado maronita em Bkerké foi construído no lugar de um mosteiro erguido em 1703 por um membro influente da nobre família Khattar al-Khazen. Em 1779, o mosteiro passou a ser usado pela Igreja maronita e, depois, em 1830, tornou-se a residência de inverno do patriarca maronita.
A Igreja maronita — que recebeu o nome do asceta são Maroun, que viveu em Antioquia e morreu em 410 d.C.— sempre esteve em plena comunhão com a Sé Apostólica. O atual patriarca maronita é o cardeal Béchara Boutros Raï, OMM.
