O bispo de Jales (SP), dom José Reginaldo Andrietta, mandou que o padre Telmo José Amaral de Figueiredo peça desculpas pelas declarações feitas na homilia da missa de domingo (23), na Catedral Nossa Senhora da Assunção, sobre a operação policial ocorrida no Rio de Janeiro no mês passado contra o grupo criminoso Comando Vermelho (CV). O padre disse que aqueles que fossem favoráveis à operação deveriam se retirar da igreja. A fala provocou reação imediata: muitos fiéis se levantaram e saíram no meio da celebração.

A Operação Contenção, realizada em 28 de outubro contra o CV, resultou na morte de 122 pessoas, entre elas cinco policiais, na prisão de 113 indivíduos e na apreensão de cerca de 100 fuzis e mais de uma tonelada de drogas nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.

Pesquisas indicam que a maioria dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, onde aconteceu a ação, é favorável à ação. Nas comunidades da cidade, o lugar mais afetado pela operação policial, esse apoio chega a quase 90%.

Em nota divulgada hoje (26), dom José Reginaldo disse que conversou com o padre e ele “reconhecendo seu erro, se dispôs a retratar-se e pedir desculpas”.

"Em nome da Diocese de Jales, dirijo-me aos irmãos e às irmãs de fé que estiveram presentes nas missas presididas pelo padre Telmo José Amaral de Figueiredo, na catedral de Jales, no último dia 23 de novembro, e que se sentiram ofendidos por algumas de suas afirmações nas homilias”, diz o bispo.  

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“Na missão que Cristo me confiou de zelar pela caridade e pela unidade na Igreja Diocesana de Jales, dialoguei com o Pe. Telmo sobre o contrassenso dessas afirmações e a falta de respeito e de caridade pelo modo que as proferiu”, acrescentou.

O bispo também repudiou manifestações agressivas posteriores, algumas com “características de injúria e difamação”, e convidou os fiéis à reflexão e ao perdão mútuo.

O pároco da catedral, padre Valter Lucato Campano Junior, também se manifestou em nota publicada na segunda-feira (24). Ele disse sentir “profundo sentimento de tristeza” diante do ocorrido e reafirmou seu compromisso pastoral de evitar que situações semelhantes se repitam.

“Manifesto aqui meu carinho por todos e, como pastor deste pequeno rebanho, reafirmo meu compromisso de ser fiel à missão que me foi confiada, procurando corrigir o que for necessário para evitar que situações semelhantes aconteçam daqui para frente”, diz o pároco. “Jesus não fecha as portas a ninguém. Ele é a porta. Por isso, Ele mesmo diz que é por Ele que as ovelhas entrarão e encontrarão pastagem, abrigo e segurança. Ele convida a todos a uma conversão fraterna e solidária, cujo único caminho e única porta é Ele próprio”.

A ACI Digital entrou em contato com o padre Telmo por e-mail e pelas redes sociais em busca de esclarecimentos, mas até o fechamento desta edição ele não havia respondido.