11 de nov de 2025 às 15:08
“Num período de renovação das estruturas democráticas – com as eleições legislativas realizadas há um ano, as autárquicas em maio e a aproximação das presidenciais a 18 de janeiro de 2026 – é urgente que os homens e as mulheres que servem na política busquem mais consensos, se comprometam verdadeiramente com o bem comum e procurem garantir a paz social, na dignidade e na justiça”, disse ontem (10) o bispo de Leiria-Fátima, dom José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Em seu discurso de abertura da 212.ª Assembleia Plenária da CEP, em Fátima, dom Ornelas refletiu sobre a situação política e social de Portugal. Segundo ele, o país enfrentar “diversos desafios” sociais, como “as dificuldades econômicas de muitas famílias, as desigualdades sociais, o difícil acesso à habitação, a pressão sobre os serviços de saúde e o fenômeno migratório” e esses desafios são “agravados por discursos polarizados e ideologias extremistas”.
O presidente da CEP disse que atualmente se vive “dias em que o medo, a desconfiança e a agressividade parecem querer ocupar o lugar da razão e do diálogo”. Entretanto, ressaltou, “nenhum projeto humano se pode erguer sobre a divisão, o insulto ou o ódio”.
“A nação só floresce quando cada cidadão reconhece no outro um irmão – não um inimigo”, disse. Segundo dom Ornelas, a Igreja convida “a rejeitar palavras fáceis que prometem soluções rápidas, mas que alimentam ressentimentos e destroem pontes”. Ao contrário, ele defendeu “o caminho cristão”, que “é o da escuta, da verdade e da fraternidade concreta”.
Dom José Ornelas falou especificamente sobre a situação migratório em Portugal, destacando o “impacto que traz à sociedade portuguesa o aumento do número de migrantes”. Para o bispo, isso “interpela” a “capacidade de acolher e integrar”, mas também se revela “uma oportunidade para construirmos, juntos, uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, onde ninguém é excluído ou descartado”.
“Um migrante é um irmão e não uma ameaça”, disse o presidente da CEP, ao informar que no dia 15 de novembro acontecerá em Fátima o “Fórum Migrações”, que tem o “objetivo de sensibilizar e formar as nossas comunidades para o fenômeno migratório e contribuir para a reflexão desta temática, na Igreja e na sociedade em geral”.
Sinodalidade na Igreja em Portugal
Dom José Ornelas também falou sobre o Sínodo da Sinodalidade que, segundo ele, a Igreja está vivendo e que “nos convida à escuta atenta do Espírito e à conversão das relações para uma Igreja que, caminhando junta no discernimento daquilo que Deus aponta e na corresponsabilidade de todos os batizados, se torna mais fiel à sua missão de anunciar o Evangelho”
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Igreja em Portugal está vivendo a “fase de implementação do Documento Final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, rumo à Assembleia Eclesial de 2028”, disse o bispo de Leiria-Fátima.
Segundo ele, as “comunidades estão a adaptar as orientações aí contidas às suas realidades locais”. Trata-se, disse, de “um processo que caminha a diferentes ritmos, com avanços, desafios e resistências, mas onde todas as dioceses estão envolvidas”.
Ele informou que em 10 de janeiro de 2026 vai acontecer o II Encontro Sinodal Nacional “para avaliar as ações desenvolvidas ao longo do último ano e para motivar a que nenhuma reflexão fique estéril, mas dê origem a atitudes novas e relações sinodais”.
Proteção de menores e adultos vulneráveis
Dom José Ornelas também falou sobre os casos de abusos sexuais na Igreja em Portugal. Segundo ele, “a proteção de menores e adultos vulneráveis é um caminho de conversão exigente e necessário que temos vindo a percorrer na Igreja em Portugal, em comunhão com as orientações dos últimos papas e reafirmadas pelo papa Leão XIV”, disse dom José Ornelas.
O presidente da CEP disse que “é claro para todos que estamos num caminho que não voltará atrás”. Dom Ornelas disse que “a transparência, proteção e cuidado dos mais frágeis estão a tornar-se numa cultura permanente”.
O bispo de Leiria-Fátima falou sobre o processo de compensação financeira de vítimas de abusos, “que está em curso” na Igreja em Portugal. Segundo ele, a expectativa é de que o processo “ficasse concluído” até o final do ano e estão fazendo “todos os esforços nesse sentido”. Entretanto, admitiu a possibilidade de “que o prazo se estenda para além do previsto devido a fatores como o alargamento dos prazos para acolher mais alguns pedidos, a remarcação de entrevistas das Comissões de Instrução devido às dificuldades de deslocação de alguns interessados e o volume de pedidos a ser analisados pela Comissão de Fixação da Compensação”.




