30 de out de 2025 às 14:34
O papa Leão XIV exortou hoje (30) os jovens a cultivarem a “dimensão espiritual” e a ouvirem a inquietação sem “fugir” dela, nem “empanturrá-la” com aquilo que não satisfaz, para não caírem no vazio existencial.
“Não basta ter grande conhecimento científico, se depois não sabemos quem somos e qual é o sentido da vida”, disse o papa a centenas de estudantes universitários que recebeu na Aula Paulo VI, no Vaticano, num evento nas comemorações do Jubileu do Mundo Educativo.
Em sua mensagem, Leão XIV exortou as pessoas a redescobrir a dimensão interior da vida e disse que “sem silêncio, sem escuta, sem oração, até as estrelas se apagam”.
“Podemos conhecer muito do mundo e ignorar o nosso coração”, disse ele, ao mesmo tempo que os encorajou a “tender constantemente para o alto”, sendo “o farol da esperança nas horas escuras da história”.
Leão XIV disse que muitos jovens experimentam um sentimento de vazio ou inquietação interior, "que não nos deixa em paz", e destacou que essa desorientação não se deve só a causas pessoais.
Desconforto, violência, assédio, opressão, até mesmo jovens se isolando
“Nos casos mais graves, assistimos a episódios de desconforto, violência, bullying, opressão, e até mesmo a jovens que se isolam, não querendo mais relacionar-se com os outros”, disse o papa. Segundo Leão XIV, essas feridas profundas são “o vazio criado por uma sociedade incapaz de educar a dimensão espiritual da pessoa humana, e não só as dimensões técnica, social e moral”.
O papa mostrou-se acessível e descontraído com os jovens, com os quais falou sobre vários momentos espontâneos. Leão XIV apresentou-se duas vezes como "ex-professor de matemática e física", falando sobre seu passado como docente, e até brincou com eles: "Talvez vocês tenham um teste de matemática em breve?", perguntou, improvisando e gerando risos e aplausos.
O papa disse que “uma existência nivelada pelo passageiro nunca nos satisfaz”. Em vez disso, pediu que cada pessoa diga em seu coração: “Sonho mais alto, Senhor, quero mais: inspirai-me!”
“Esse desejo é a vossa força e exprime bem o empenho dos jovens que projetam uma sociedade melhor, em relação à qual se recusam a permanecer como espectadores”, enfatizou Leão XIV, depois de dizer que “nosso desejo de infinito” é a bússola que devem usar.
Em vez de "olhar para o smartphone", olhar para o Céu.
Ele exortou os jovens a não se contentar com "fugazes fragmentos de imagens" e a olhar para o Céu em vez de "olhar para o smartphone".
“Que maravilhoso seria se um dia a vossa geração fosse reconhecida como a geração plus, lembrada pelo impulso extra que sabereis dar à Igreja e ao mundo”, disse o papa.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Em seu discurso, Leão XIV citou como exemplos são Pier Giorgio Frassati, que “teve a audácia de viver a vida plenamente” e “rumo ao alto”, e são Carlo Acutis, “que não se tornou escravo da rede, antes a utilizou com habilidade para o bem”. O papa canonizou esses dois jovens santos juntos em 7 de setembro.
Descobrindo Deus no coração como santo Agostinho
Leão XIV também citou santo Agostinho como exemplo, descrevendo-o como “um jovem brilhante, mas profundamente insatisfeito” porque não encontrava “a verdade e a paz”.
“Até que descobriu Deus no próprio coração”, disse o papa.
Leão XIV dedicou grande parte do seu discurso aos desafios colocados pelo mundo digital e pelo desenvolvimento da inteligência artificial, e pediu que estas áreas não sejam uma "prisão onde vos encerrais" nem uma "dependência ou uma fuga".
“Vós viveis nela, e isso não é mau: contém enormes oportunidades de estudo e comunicação”, disse o papa. “No entanto, não permitais que o algoritmo escreva a vossa história! Sede vós os seus autores: servi-vos da tecnologia com sabedoria e não permitais que a tecnologia se sirva de vós”.
“Não basta silenciar as armas: é preciso desarmar os corações”
Leão XIV enfatizou a urgência de uma “educação desarmante e desarmada” para as novas gerações, que forme o respeito, a justiça e a igualdade.
“Vede bem como o nosso futuro é ameaçado pela guerra e pelo ódio que dividem os povos. Este futuro pode ser alterado? Certamente! Mas como? Através de uma educação para a paz desarmada e desarmante”, disse o papa aos jovens. Ele disse também que não basta “silenciar as armas”, mas que é “preciso desarmar os corações, renunciando a qualquer forma de violência e vulgaridade”.
Assim como em seu recente documento sobre educação, Desenhar novos mapas de esperança, Leão XIV pediu para evitar todas os modos de exclusão ou privilégio na educação: “Devemos reconhecer a igual dignidade de cada jovem, sem nunca os dividir entre aqueles poucos privilegiados que têm acesso a escolas caríssimas e aqueles muitos que não têm acesso à educação”.





