27 de out de 2025 às 16:59
Dom Bernard Fellay, bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), celebrou uma missa tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II depois de uma procissão eucarística ontem (26) no Rio de Janeiro (RJ).
O evento foi organizado pelo Centro Cultural Permanência e pela FSSPX, com o apoio do Centro Dom Bosco (CDB).
Segundo CDB, é “a primeira Missa Tradicional pública celebrada no Rio de Janeiro desde o Congresso Eucarístico Internacional de 1955”.
Dom Fellay é um dos quatro bispos ordenados pelo arcebispo Marcel Lefebvre sem autorização da Santa Sé em 1988. A missa celebrada foi a solenidade de Cristo Rei, que, no calendário estabelecido pela nova liturgia de são Paulo VI, se chama Cristo Rei do Universo e se celebra no último dia do ano litúrgico.
Segundo o CDB, mais de mil pessoas participaram. Imagens publicadas pelo centro mostram muitas crianças, jovens e famílias.
A concentração aconteceu na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, em frente ao monumento em honra ao Santíssimo Sacramento, construído pelo CDB em 2024. Às 15h, a procissão saiu pelas ruas da cidade, acompanhada pela Cavalaria da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
A procissão de cerca dois km seguiu até a Praça das Crianças, no Aterro do Flamengo, onde dom Fellay celebrou missa pontifical.

Dom Bernard Fellay
Dom Bernard Fellay, 67 anos, é um bispo suíço, ex-superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
A Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) é uma sociedade sacerdotal tradicionalista canonicamente irregular criada pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre em 1970, em oposição ao Concílio Vaticano II e suas reformas.
Em 1988, indo contra uma proibição expressa da Santa Sé, dom Lefebvre sagrou quatro bispos para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, em Écône, Suíça: Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta.
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No dia seguinte à sagração dos bispos, 1º de julho de 1988, a Congregação para os Bispos da Santa Sé emitiu decreto declarando que Lefebvre e os quatro bispos ordenados tinham incorrido em excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica.
Em 2 de julho de 1988, o papa são João Paulo II publicou a carta apostólica Ecclesia Dei. O documento diz sobre a ordenação dos quatro bispos: “Em si mesmo, tal ato foi uma desobediência ao Romano Pontífice em matéria gravíssima e de importância capital para a unidade da Igreja, como é a ordenação dos bispos, mediante a qual é mantida sacramentalmente a sucessão apostólica. Por isso, tal desobediência ― que traz consigo uma rejeição prática do Primado romano ― constitui um ato cismático. Ao realizar tal ato, não obstante a advertência formal que lhes foi enviada pelo Prefeito da Congregação para os Bispos no passado dia 17 de junho, Mons. Lefebvre e os sacerdotes Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta, incorreram na grave pena da excomunhão prevista pela disciplina eclesiástica”.
O papa Bento XVI suspendeu a excomunhão em 2009, embora tenha escrito numa carta que a FSSPX não tem status canônico e, portanto, "seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja". Na época, dom Bernard Fellay era o superior geral da FSSPX, cargo que ocupou de 1994 a 2018.
O papa Francisco determinou que, durante o Jubileu Extraordinário da Misericórdia de 2015-2016, as confissões ouvidas pelos padres da FSSPX fossem válidas. Depois, o papa estendeu a validade dessa ordem indefinidamente.
Centro Dom Bosco e FSSPX
A Associação Civil Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, conhecida como Centro Dom Bosco, é uma associação de leigos que “se reúnem para rezar, estudar e defender a fé”, diz o seu site oficial. Afirma ter a missão de “ajudar a resgatar a bimilenar Tradição da Igreja por meio de livros, aulas e iniciativas apologéticas”.
Em junho, ao divulgar a realização, em agosto, do VIII Fórum Nacional da Liga Cristo Rei, o CDB afirmou sua aproximação com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Na época, divulgaram que uma das novidades deste ano no evento era a “presença de padres ligados à Fraternidade Sacerdotal São Pio X”, que estariam “palestrando, atendendo confissões e celebrando a missa de sempre”, como se referem à missa no rito romano anterior à reforma do Concílio Vaticano II estabelecido pelo Concílio de Trento no século XVI.
A arquidiocese do Rio de Janeiro reagiu com uma nota assinada pelo delegado episcopal para a atenção pastoral dos grupos de fiéis que celebram o rito romano segundo o missal anterior à reforma de 1970, monsenhor André Sampaio de Oliveira. Na nota, a arquidiocese orientou os fiéis católicos a não participarem de eventos promovidos pelo Centro Dom Bosco, depois que esta instituição “se autodeclarou sob a direção” da Fraternidade Sacerdotal São Pio X “e de ministros que a ela pertencem ou a suas comunidades amigas”.
A arquidiocese também falou especificamente sobre a FSSPX, na nota, dizendo que a fraternidade “ostenta sérias oposições em matéria de obediência à autoridade de todos os papas exercida desde o Concílio do Vaticano II, bem como oposições às próprias diretrizes do mesmo Concílio”.
Disse ainda que enquanto a FSSPX “não tiver uma posição canônica legítima na Igreja, também os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja”. Por isso, “os fiéis católicos devem abster-se de participar das atividades promovidas por tal Fraternidade ou por associações jurídica ou espiritualmente a ela vinculadas, como é o caso agora do Centro Dom Bosco”, completou.





