O cardeal Anders Arborelius fez um apelo direto à unidade na diocese de Estocolmo, Suécia, esclarecendo o status canônico da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) e alertando os fiéis contra escolhas que possam minar a comunhão eclesial.

A declaração do cardeal, divulgada na última sexta-feira (15) na solenidade da Assunção de Nossa Senhora, respondeu à controvérsia depois de atos episcopais feitos na diocese pelo bispo Bernard Fellay, ex-superior geral da FSSPX, sem o conhecimento ou consentimento do bispo diocesano.

Segundo o esclarecimento oficial da diocese de Estocolmo, só o bispo de Estocolmo exerce a supervisão sobre a vida litúrgica dentro de sua jurisdição, e nenhum outro bispo pode exercer atos eclesiais na diocese sem permissão, conforme exigido pelo direito canônico e pelas diretrizes da Santa Sé. O documento disse que Fellay havia conduzido funções episcopais "sem o conhecimento do nosso bispo", um ato descrito como contrário ao direito canônico e causa de "divisão e discórdia".

Segundo a diocese, a FSSPX não vive nem age em comunhão com a Santa Sé, e seu status canônico permanece obscuro.

Os sacramentos recebidos de padres da FSSPX foram descritos como “válidos, mas ilícitos”, e os fiéis foram incentivados a evitá-los.

O esclarecimento disse também que tais sacramentos não poderiam ser inseridos nos registros paroquiais — afetando o acesso aos certificados de batismo ou confirmação — e que os padres da FSSPX não têm permissão para celebrar missa em nenhum lugar da diocese.

Arborelius fez referência específica à ênfase do papa Leão XIV no fortalecimento da unidade interna da Igreja desde o início de seu pontificado, dizendo que “só a partir dessa unidade interior podemos contribuir para promover a unidade com outros cristãos”.

O cardeal disse que este ano, ano do jubileu e 1.700º aniversário do Concílio de Niceia, proporcionou ocasiões importantes para renovar a fé na “Igreja una, santa, católica e apostólica”.

A diocese de Estocolmo enfatizou que os fiéis que recebem os sacramentos administrados pela FSSPX devem entender que tal participação “expressa uma falta de unidade com o bispo diocesano e o papa Leão XIV”.

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A declaração disse também que convidar privadamente líderes da Igreja para a diocese violava o direito canônico e fomentava a divisão.

Arborelius vinculou a importância da unidade ao ano jubilar e ao aniversário de Niceia, descrevendo a Eucaristia como o "sacramento da unidade" e alertando contra qualquer coisa que pudesse semear divisão. Ele rezou pela intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, exortando os fiéis a permanecerem firmes na unidade confiada por Cristo aos apóstolos e seus sucessores.

O esclarecimento detalhado da diocese reafirmou que a Igreja deve guardar seu tesouro mais sagrado — os sacramentos — e que os sacramentos devem sempre ser celebrados em comunhão com o bispo diocesano e o papa.

A Fraternidade São Pio X foi fundada em 1970 pelo arcebispo Marcel Lefebvre na Suíça para preservar as práticas católicas tradicionais em meio às reformas do Concílio Vaticano II.

A consagração de quatro bispos por Lefebvre em 1988, sem a aprovação papal, levou à sua excomunhão e à dos bispos, considerada um "ato cismático" pelo papa são João Paulo II.

Embora o papa Bento XVI tenha levantado as excomunhões em 2009, o grupo permanece fora da plena comunhão com a Igreja.

Entre concessões recentes da Santa Sé, estão o papa Francisco concedendo aos padres da FSSPX a faculdade de ouvir confissões validamente em 2015 e autorizando a supervisão diocesana para casamentos válidos da FSSPX em 2017.

A Santa Sé incluiu uma peregrinação da FSSPX em seu calendário oficial para o Ano Jubilar 2025. Em preparação para a peregrinação, a FSSPX informou que iniciou uma novena à Imaculada Conceição em 11 de agosto.