Um estudo recente descobriu que práticas litúrgicas tradicionais, como receber a Eucaristia na língua, correspondem a uma crença mais forte entre os fiéis na Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia.

No ano passado, Natalie A. Lindemann publicou um artigo num periódico científico sobre a crença dos católicos na presença real do corpo e do sangue de Jesus Cristo na Eucaristia. Lindemann, professora do departamento de psicologia da Universidade William Paterson, em Nova Jersey, EUA, publicou um novo artigo que usa uma amostra maior e examina novas informações.

A crença na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia é fundamental para a fé católica, mas só cerca de 57% dos fiéis dos EUA acreditam que a Eucaristia é o corpo de Jesus Cristo, segundo o relatório de Lindemann.

O estudo, publicado no periódico Catholic Social Science Review, sugere que receber a Eucaristia na língua, frequentar uma paróquia que toca sinos durante a consagração e frequentar uma paróquia que celebra a missa tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II tem um efeito na crença de alguém na Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia.

A pesquisa ouviu 860 adultos católicos falantes de inglês nos EUA. O grupo reflete de perto a proporção de homens e mulheres na população católica adulta dos EUA. A demografia étnica apresentou viés em direção à super-representação de alguns grupos étnicos, por isso foi aplicado um peso corretivo.

As crenças sobre a eucaristia dos participantes variaram: 31% disseram ter certeza da Presença Real de Jesus Cristo, 23,6% disseram ter certeza de que a Eucaristia é um símbolo sem a presença de Jesus, 10,5% disseram que Jesus provavelmente está presente, 19,2% não tinham certeza e 15,8% disseram que a Eucaristia é provavelmente um símbolo.

A pesquisa pediu aos participantes que respondessem a perguntas numa escala de um a cinco. Uma delas era sobre a crença de que “pão e vinho são símbolos de Jesus; tenho certeza de que Jesus não está realmente presente”. Cinco disseram que a pessoa tem “certeza de que Jesus está realmente presente no pão e no vinho da Eucaristia”. A crença na Presença Real de Cristo na escala de classificação de cinco pontos teve uma média (M) de 3,10.

Os participantes que receberam a Eucaristia na língua em algum momento (M=3,27) acreditam mais na Presença Real de Cristo do que aqueles que nunca a receberam na língua (M=2,79). Pessoas que frequentemente recebem a Eucaristia na língua e frequentemente veem outros recebendo a Eucaristia na língua também relataram uma crença mais forte na Presença Real de Cristo.

Aqueles que sempre recebem a Eucaristia na língua (M=3,69) demonstraram uma crença moderadamente maior na Presença Real de Cristo do que aqueles que sempre a recebem na mão (M=3). O relatório disse que, como a maioria dos participantes recebe a Eucaristia consistentemente por meio de um método, tratar o método de recepção como uma variável de escala é questionável.

Os fiéis que afirmaram que as pessoas devem receber a Eucaristia na língua apresentaram uma crença significativamente mais forte na Presença Real de Cristo (M=4,32) do que aqueles que disseram que a Eucaristia deve ser recebida na mão (M=2,62). Aqueles que disseram valorizar a escolha pessoal sobre como receber a Eucaristia ficaram num ponto intermediário (M=3,37).

O relatório disse que 33 participantes mencionaram que a pandemia da covid-19 continua a ter um efeito, estimulando mais recepção da Eucaristia na mão.

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Levando em conta a missa tradicional em latim

“A liturgia da missa tradicional em latim prescreve um comportamento eucarístico-reverente... portanto, [Lindemann] esperava que os católicos que frequentam a missa tradicional em latim tivessem, em média, crenças mais fortes na Presença Real [de Cristo]”. O estudo confirmou que isso é verdade, pois os participantes cujas paróquias oferecem uma missa tradicional em latim (M=3,63), independentemente de o participante já ter participado ou não, mostraram uma crença ligeiramente mais forte na Presença Real do que aqueles cujas paróquias não oferecem (M=3,04).

O efeito da missa em latim foi ligeiramente maior entre aqueles que frequentam uma paróquia que celebra a missa tradicional em latim e já a frequentaram antes (M=3,83), em comparação com os católicos sem exposição a uma missa em latim (M=3,07).

Houve também uma tendência a uma crença mais forte na Presença Real entre pessoas com uma percepção positiva da missa tradicional em latim (M=3,74) do que entre aquelas com uma percepção negativa (M=2,44). Verificou-se que aqueles com sentimentos neutros em relação à missa tradicional em latim apresentaram uma média de 3,60.

“Como os sinos de consagração sinalizam a importância da consagração”, disse Lindemann, “previu que os participantes cujas paróquias tocam os sinos de consagração com mais frequência relatariam uma crença mais forte na Presença Real”. Essa previsão se confirmou. Especificamente, houve uma crença substancialmente maior entre os fiéis que sempre ouviram os sinos de consagração na missa (M = 3,43) do que entre aqueles que nunca os ouviram antes (M = 2,53).

Outros fatores que tendiam a resultar em uma maior crença na presença de Jesus Cristo na Eucaristia são maior frequência à missa e pontos de vista politicamente conservadores.

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Os participantes também responderam sobre a localização do sacrário no altar, mas o estudo constatou que não havia relação entre o local onde ele é colocado e a crença eucarística. Sexo, idade e etnia também não apresentaram efeito.