Andrea Tornielli, diretor editorial do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, pediu uma “solução de dois Estados” e o reconhecimento da Palestina como Estado em editorial publicado no último domingo (27).

A Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu em 1948 que o então protetorado britânico daria lugar a dois novos países, um judeu e outro árabe. Os judeus aceitaram o plano e fundaram Israel. Os países árabes recusaram a proposta porque incluía a criação de Israel. O Egito invadiu a Faixa de Gaza e a Jordânia invadiu a Cisjordânia, territórios que formariam o novo Estado árabe na região.

No editorial, Tornielli cita o anúncio do presidente da França, Emmanuel Macron, na rede social X que o país reconheceria a Palestina como Estado. A ideia foi rechaçada por Alemanha e Itália, da União Europeia, além de Estados Unidos, Reino Unido, e Austrália.

O Brasil reconhece Palestina como um país desde 2010. Na Europa, Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem a Palestina como país, assim como os 22 da Liga de Países Árabes, além de vários países da África e da Ásia.

Além de afirmar a Palestina como um Estado, Macron pediu a desmilitarização do grupo radical islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza. O presidente exigiu a libertação dos reféns israelenses mantidos pelo grupo terrorista, pediu ajuda humanitária para Gaza e disse que a Palestina deve aceitar a desmilitarização e reconhecer plenamente Israel.

O Hamas, financiado, patrocinado e financiado pelo Irã, tem como objetivo expresso em seus estatutos a destruição do Estado de Israel e, portanto, recusa a solução de dois Estados.

O lema “Palestina do Rio ao mar”, usado por manifestantes pró-palestinos ao redor do mundo, expressa exatamente essa ideia. Uma palestina do rio Jordão até o mar Mediterrâneo implica o desaparecimento de Israel.

Em 2015, a Santa Sé assinou seu primeiro tratado com o Estado da Palestina. Tornielli citou o “acordo abrangente” entre as duas partes, dizendo que o tratado afirmava o direito do povo palestino a um Estado “independente, soberano, democrático e viável”.

Embora o papa Francisco tenha sido o primeiro papa a usar o termo “Estado da Palestina” em sua visita à Terra Santa em 2014, Tornielli destacou que o papa Bento XVI disse que “o Estado de Israel tem o direito de existir e desfrutar de paz e segurança” e que “o povo palestino tem o direito a uma pátria independente e soberana”.

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Antes de Bento XVI, no início da década de 1990, o papa são João Paulo II estabeleceu relações com o Estado de Israel e com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), segundo Tornielli. A OLP, entidade com que Israel fez os acordos de paz de Oslo em 1993 dando início à Autoridade Palestina, governa hoje apenas a Cisjordânia, tendo perdido a Faixa de Gaza para o Hamas.

“Espera-se que a Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a implementação da solução de dois Estados, compreendendo a urgência de uma resposta comum ao drama palestino, busque decisivamente uma solução para finalmente garantir a esse povo um Estado com fronteiras seguras, respeitadas e reconhecidas”, escreveu Tornielli no editorial.

Macron disse em sua publicação na rede social X que planeja anunciar o reconhecimento de um Estado palestino na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro, em Nova York, EUA.

"O que ele diz não importa. Não vai mudar nada", disse o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a declaração de Macron.

Embora o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, tenha rejeitado o plano, ele disse que apoiava a "solução de dois Estados", mas disse que ela deve garantir "segurança duradoura para palestinos e israelenses".

Em nível local, o Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França chamou a decisão de uma falha moral e disse que ela coloca em risco a segurança dos judeus no mundo todo, os principais grupos judaicos dos EUA se recusaram a comparecer a uma reunião com o governo francês devido à sua declaração.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, condenou “veementemente” a decisão de Macron, dizendo que a medida “recompensa o terror e corre o risco de criar outro representante iraniano, assim como Gaza se tornou”.

“Um Estado palestino nessas condições seria uma plataforma de lançamento para aniquilar Israel — não para viver em paz ao lado dele”, disse Netanyahu . “Sejamos claros: os palestinos não buscam um Estado ao lado de Israel. Eles buscam um Estado em vez de Israel”.