24 de jul de 2025 às 10:25
As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram ontem (23) que um "desvio de munições" resultou em a igreja da Sagrada Família em Gaza ser atingida acidentalmente na semana passada.
A explosão de 17 de julho matou três civis na igreja e feriu nove pessoas, entre elas o pároco, padre Gabriel Romanelli. A igreja vem servindo de abrigo para cerca de 600 pessoas desde o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista islâmico Hamas em outubro de 2023. Entre os refugiados na paróquia há católicos, cristãos ortodoxos e muçulmanos.
O atual conflito na região começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram Israel, mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram centenas de israelenses, 50 dos quais, vivos e mortos, ainda são mantidos reféns por terroristas na faixa de Gaza.
Autoridades israelenses disseram na semana passada que a paróquia foi atingida "por engano" por fogo das Forças de Defesa de Israel. Em comunicado divulgado ontem (23), Nadav Shoshani, porta-voz militar, disse que uma investigação das FDI mostrou que a igreja foi atingida "devido a um desvio não intencional de munições".
"O impacto causou danos à estrutura e feriu vários civis de Gaza", disse Shoshani, sem mencionar as três mortes na paróquia.
Um dos mortos é Saad Issa Kostandi Salameh, de 60 anos de idade, que era gerente de manutenção da paróquia e estava no pátio no momento da explosão. Os outros dois mortos são Foumia Issa Latif Ayyad, uma mulher de 84 anos de idade, e Najwa Abu Daoud, de 70 anos de idade, que estavam recebendo atendimento psicológico na hora do ataque dentro de uma tenda do projeto de apoio psicossocial da Cáritas.
Ontem, o Comando Sul das FDI concluiu uma investigação sobre o ataque de morteiro à igreja da Sagrada Família na Cidade de Gaza na quinta-feira, 17 de julho de 2025.
As FDI “direcionam seus ataques militares exclusivamente a alvos militares e trabalham para mitigar os danos a civis e à infraestrutura civil o máximo possível, incluindo instituições religiosas”, disse o comunicado.
O exército israelense “lamenta qualquer dano causado a civis”, disse também o comunicado.
Perigos graves
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O patriarcado latino de Jerusalém disse ontem que soube dos resultados do inquérito por meio de reportagens da mídia.
“As conclusões publicadas da investigação só ressaltam os graves perigos de conduzir operações militares nas proximidades de locais religiosos e civis”, diz o comunicado do patriarcado latino.
As conclusões “destacam mais uma vez a importância vital de defender os princípios do direito internacional humanitário”, diz o patriarcado.
O Hamas, que governa a Faixa de Gaza, mantém seus combatentes e suas instalações de combate misturados à população civil de Gaza.
A declaração de ontem da FDI disse que os militares "facilitaram a entrada de ajuda humanitária, como alimentos, equipamentos médicos e medicamentos, na igreja da Sagrada Família em Gaza", embora o patriarcado tenha dito ontem que a ajuda "ainda não foi entregue" à paróquia.
Trabalhadores humanitários distribuiriam alimentos e suprimentos médicos para a paróquia e bairros vizinhos quando fossem autorizados a entrar na área, disse o patriarcado.
O bombardeio agravou ainda mais as tensões numa região já repleta de conflitos, principalmente nos quase dois anos desde que o Hamas invadiu Israel, dando início a um conflito prolongado que deixou dezenas de milhares de mortos.
A igreja da Sagrada Família, a única paróquia católica em Gaza, tem sido frequentemente o centro das atenções da mídia e da comunidade internacional em meio ao conflito. Ela forneceu abrigo e ajuda a centenas de pessoas na região devastada pela guerra.
Embora a FDI tenha feito uma admissão de erro sem precedentes na semana passada, o patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, agravou ainda mais as tensões quando sugeriu a um jornal italiano que o ataque pode ter sido feito de propósito.
"Dizem que foi um erro”, disse o cardeal na semana passada. “Mesmo que todos aqui acreditem que não foi".







