6 de jul de 2025 às 09:27
O papa Leão XIV disse hoje (6), depois de rezar a oração do Ângelus no Vaticano, que a fé não se trata só de cumprir “deveres religiosos” e disse que o mundo e a Igreja precisam de “discípulos apaixonados” que testemunhem o Reino de Deus “onde quer que estejam”.
"A Igreja e o mundo não precisam de pessoas que cumprem os seus deveres religiosos mostrando a sua fé como um rótulo exterior; precisam, pelo contrário, de operários desejosos de trabalhar no campo da missão, de discípulos apaixonados que testemunhem o Reino de Deus onde quer que estejam", disse o papa no Ângelus de hoje.
Essa é a última oração mariana do Ângelus que Leão XIV reza no Palácio Apostólico, no Vaticano, antes de ir passar as férias de verão, que ocorrem nos meses de julho e agosto na Itália, em Castel Gandolfo, palácio fortificado do século XVII às margens do lago Albano, a cerca de 40 km de Roma. "Hoje vou a Castel Gandolfo para um breve descanso", disse ele.
O papa vai para esse local, escolhido como residência de verão pelos papas desde meados do século XVII, esta tarde, por volta das 17h (meio-dia no horário de Brasília). Ele ficará lá até 20 de julho, quando voltará para o Vaticano.
Leão XIV desejou que “todos possam aproveitar as férias para recuperar o corpo e o espírito”.
Na oração mariana, única aparição pública do papa neste mês, período em que reduziu sua agenda e cancelou as audiências gerais das quartas-feiras, ele enfatizou a "importância da missão" à qual todos os fiéis são chamados, cada um segundo sua vocação e nas situações específicas em que o Senhor os colocou.
Leão XIV disse que o Reino de Deus brota como uma semente na terra, e os homens e as mulheres de hoje, "mesmo quando parecem dominados por tantas outras coisas, esperam uma verdade maior, procuram um sentido mais pleno para as suas vidas, desejam a justiça, levam dentro de si um anseio de vida eterna".
No entanto, ele disse que poucos trabalhadores vão trabalhar "no campo semeado pelo Senhor" e lamentou que "poucos são aqueles que se apercebem disso, que param para acolher o dom, que o anunciam e o levam aos outros".
"Cristãos de ocasião"
"Talvez não faltem os cristãos de ocasião, que de vez em quando dão lugar a algum sentimento religioso ou participam em algum evento", disse o papa.
Leão XIV enfatizou então que há "poucos" que estão dispostos a trabalhar todos os dias no campo de Deus, "cultivando no seu coração a semente do Evangelho para depois levá-la à vida cotidiana, à família, aos locais de trabalho e de estudo, aos vários ambientes sociais e àqueles que se encontram em necessidade".
De qualquer modo, o papa disse que, para isso, "não são necessárias muitas ideias teóricas sobre conceitos pastorais".
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"É preciso, acima de tudo, rezar ao Dono da messe", disse ele.
Por isso, Leão XIV enfatizou que o primeiro e mais importante deve ser "a relação com o Senhor", para a qual devemos "cultivar o diálogo com Ele".
"Então, será Ele que nos tornará seus operários e nos enviará ao campo do mundo, como testemunhas do seu Reino", disse também o papa.
Por fim, ele pediu a intercessão de Nossa Senhora para que "nos acompanhe no caminho do seguimento do Senhor, para que também nós possamos tornar-nos operários alegres do Reino de Deus".
Oração em inglês por vítimas de enchentes nos EUA
Depois da oração do Angelus, Leão XIV rezou em inglês pelas vítimas das enchentes no condado de Kerr, no centro-sul do Texas, EUA, que deixaram cerca de 50 mortos, entre eles 15 crianças, e dezenas de desaparecidos, segundo um relatório provisório de autoridades locais.
Esse é um evento sem precedentes na região no último século, uma região predominantemente rural a cerca de 100 km da cidade de San Antonio. Na região, havia um acampamento de verão com 750 meninas.
“Gostaria de expressar sinceras condolências a todas as famílias que perderam entes queridos, em especial suas filhas que estavam num acampamento de verão, no desastre causado pela inundação do rio Guadalupe”, disse o papa, falando sobre a tragédia no acampamento Mystic.
Ele também fez um apelo aos líderes políticos para que atendam aos clamores das pessoas feridas pela guerra, dizendo que "o diálogo deve substituir a violência das armas".
“A paz é o desejo de todos os povos e o grito doloroso daqueles dilacerados pela guerra”, disse Leão XIV da janela do Palácio Apostólico. “Peçamos ao Senhor que toque os corações e inspire as mentes dos governantes, para que a violência das armas seja substituída pela busca do diálogo”.