Os padres da Alemanha não apoiam o controverso Caminho Sinodal Alemão, segundo estudo encomendado pela Conferência Episcopal Alemã.

O estudo, oficialmente intitulado “Quem se torna padre?”, descobriu que os padres estão “afastados das preocupações de reforma da Igreja”, disse o autor principal, Matthias Sellmann, na última sexta-feira (17).

“Os padres também claramente não apoiam o Caminho Sinodal Alemão”, enfatizou Sellmann.

Críticas e indiferença

Inaugurado pelo arcebispo de Munique-Freising, o cardeal Reinhard Marx em 2019, o projeto plurianual e multimilionário não só não conseguiu convencer os padres alemães, mas também atraiu críticas do papa Francisco, de cardeais, de teólogos e muitos bispos em todo o mundo pela sua própria premissa, abordagem e resoluções.

Ao mesmo tempo, a maioria dos católicos alemães é supostamente indiferente ao Caminho Sinodal Alemão. Uma pesquisa realizada em setembro de 2020 mostrou que apenas 19% dos católicos concordaram com a afirmação de que o Caminho Sinodal era do seu interesse. A grande maioria dos alemães respondeu negativamente.

Essa descoberta contrasta fortemente com as afirmações feitas por Marx, que disse em setembro de 2019 que “inúmeros fiéis na Alemanha consideram que (estes temas) devem ser debatidos".

Desde então, o Caminho Sinodal aprovou resoluções exigindo que a Igreja adotasse a ideologia de gênero, a ordenação de mulheres e outros objetivos controversos. Os organizadores agora trabalham para transformar o projeto num órgão de controle permanente – chamado “concílio sinodal” – para supervisionar a Igreja na Alemanha.

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Novos padres

Segundo uma declaração da Conferência Episcopal Alemã, o estudo teve como objetivo investigar “a formação sócio-religiosa e as motivações dos sacerdotes recém-ordenados, a fim de tomar decisões estratégicas de pessoal com base nos resultados”.

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Os pesquisadores entraram em contato com todos os 847 padres ordenados entre 2010 e 2021 na Alemanha para participarem no estudo. “No total, participou uma amostra representativa de 17,8%”, diz o estudo.

Entre outras descobertas, mais de 70% dos entrevistados disseram que a oração silenciosa foi onde descobriram a sua vocação. “Então, onde criamos esses lugares de oração silenciosa em nossa paisagem pastoral?”, perguntou o bispo de Fulda, dom Michael Gerber, que dirige a comissão vocacional dos bispos.

O autor principal, Sellmann, expressou preocupação de que os padres estivessem mais interessados ​​em ser pastores e na liturgia do que em atuar como supervisores ou líderes de equipe, o que não estava de acordo com o papel que se esperava que desempenhassem “como gestores de organizações cada vez maiores e complexos mais ricos em recursos”.

Outra preocupação crítica identificada pelo estudo, segundo Sellmann, é que o padre ocupa uma posição particular e idealizada em “teologia romana”.

“O que é necessário é uma vontade determinada, consistente e tanto espiritual como teologicamente bem fundamentada para mudar de rumo”, pediu o teólogo alemão.

No entanto, não está claro se quaisquer mudanças de rumo proporcionarão padres que apoiam o Caminho Sinodal - ou mesmo padres no futuro: como Sellmann admitiu, as vocações provavelmente diminuirão ainda mais, dado que os padres tendem a vir de famílias fiéis com muitos filhos, uma fonte que está “secando”.