Antes de uma reunião de alto risco da Conferência Episcopal Alemã (CEA) na próxima segunda-feira, um grupo de leigos alertou que os bispos afastam “cada vez mais do povo de Deus” com o Caminho Sinodal Alemão e o plano de estabelecer um conselho sinodal.

O Caminho Sinodal Alemão é um processo de discussões entre bispos e o Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK, na sigla em alemão), uma organização formada basicamente de funcionários leigos da Igreja na Alemanha, iniciado em 2019 sob a alegação de buscar soluções para o problema do abuso sexual cometido por clérigos. O Caminho Sinodal Alemão já aprovou propostas de ordenar mulheres, acabar com o celibato sacerdotal e mudar a doutrina sexual da Igreja especialmente para aprovar o homossexualismo.

A CEA deve discutir, e possivelmente votar, os estatutos de uma comissão sinodal durante a assembleia plenária da primavera, que terá lugar de 19 a 22 de fevereiro em Augsburgo, na Alemanha.

A iniciativa de leigos Neuer Anfang (Novo Começo), grupo crítico do Caminho Sinodal Alemão, pediu ontem (15) aos bispos que reconsiderassem a ideia, lembrando-lhes que o papa Francisco e a Santa Sé intervieram repetidamente contra o processo e os planos para um órgão permanente para supervisionar a Igreja na Alemanha.

Em carta aberta publicada ontem (15), o Neuer Anfang também apelaram aos bispos para que aceitassem que os próprios fundamentos sobre os quais se baseiam as propostas do Caminho Sinodal eram “feitos de areia”: a alegação de que havia uma “suposta dimensão católica específica de abusos sexuais” foi refutada por um estudo protestante sobre abusos.

O Neuer Anfang argumenta que, dada esta falta de legitimidade e uma premissa questionável, os bispos deveriam antes enfrentar os desafios reais que a Igreja enfrenta na Alemanha.

“Os senhores ainda percebem que, como pastores corajosos e líderes ousados, são urgentemente necessários em outro lugar?”, perguntaram os signatários: o editor e autor Bernhard Meuser, a ex-participante do Caminho Sinodal Dorothea Schmidt e o teólogo Martin Brüske. “O país enfrenta uma catástrofe demográfica, econômica e social”.

Os três acrescentaram que a Igreja Católica na Alemanha “perdeu a sua substância espiritual, a sua relevância intelectual e a sua luminosidade profética”.

A carta alerta os bispos sobre o desperdício de energia “numa disputa indigna” com o ZdK desde o início do processo em 2019. O ZdK aprovou os estatutos do comitê em 25 de novembro de 2023.

O papa Francisco criticou diretamente o trabalho da comissão preparatória em uma carta privada na qual descreve o comitê como um dos “numerosos passos que estão sendo dados por segmentos significativos” da Igreja na Alemanha “que ameaçam desviá-la cada vez mais do caminho comum da Igreja universal”.

Em janeiro de 2023, a Santa Sé afirmou “que nem o Caminho Sinodal, nem qualquer órgão por ele estabelecido, nem qualquer conferência episcopal tem competência para estabelecer um ‘conselho sinodal’ a nível nacional, diocesano ou paroquial”.