O Departamento de Educação do Reino Unido quer proibir a propagação da ideologia de gênero nas escolas públicas, estabelecer idade mínima para a educação sexual e proteger os direitos dos pais sobre a educação dos filhos.

Ideologia de gênero é a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher.

A ideia contraria a Escritura que diz, no livro do Gênesis 1, 27: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou. Homem e mulher Ele os criou”, na tradução oficial da CNBB.

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 369: “O homem e a mulher foram criados, quer dizer, foram queridos por Deus: em perfeita igualdade enquanto pessoas humanas, por um lado; mas, por outro, no seu respectivo ser de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são, com uma mesma dignidade, «à imagem de Deus». No seu «ser homem» e no seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador.

Uma proposta de atualização das orientações para aulas sobre Relacionamentos, Sexo e Educação para a Saúde, que agora passa por um período de comentários públicos de oito semanas, proíbe as escolas de ensinar que “gênero é um espectro”. Em vez disso, ao responder sobre a identidade de gênero, as escolas teriam que “ensinar os fatos sobre o sexo biológico” e não poderiam apresentar opiniões sobre gênero como se fossem fatos.

“Material que sugira que o gênero de alguém é determinado pelos seus interesses ou escolhas de vestuário não deve ser usado, pois corre o risco de levar os alunos que não cumprem os estereótipos sexuais a questionar o seu gênero, quando de outra forma não o teriam feito”, diz a orientação proposta.

A proposta afirma que “as escolas não devem ensinar sobre o conceito mais amplo de identidade de gênero” e chama o conceito de “um assunto altamente contestado e complexo”. A proposta acrescenta que as escolas “devem deixar claro que um indivíduo deve ter 18 anos antes de poder redesignar legalmente o seu gênero”. Para estudantes com menos de 18 anos, a proposta afirma que “o sexo legal de uma criança será sempre igual ao seu sexo biológico e, na escola, os garotos não podem ser legalmente classificados como garotas ou vice-versa”.

Ao utilizar “recursos externos”, a orientação proposta instruiria as escolas a “evitar materiais que utilizem desenhos animados ou diagramas que simplifiquem demais esse conceito complexo ou que possam ser interpretados como sendo destinados a crianças mais novas”. A orientação também diz que “as escolas devem consultar antecipadamente os pais sobre o conteúdo dos recursos externos sobre este tema e pôr à disposição deles todos os materiais mediante pedido”.

A orientação também afirma que as escolas devem ensinar aos alunos as leis relacionadas com grupos protegidos, o que inclui aqueles que passam por discriminação por mudança de sexo, orientação sexual, religião, sexo e outras características.

Segundo a orientação proposta, as escolas não terão aulas de educação sexual até o quinto ano, em que os alunos geralmente têm nove ou dez anos de idade. A proposta também estabelece diretrizes baseadas na idade para o tipo de educação sexual que os alunos recebem.

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No entanto, os pais podem excluir os seus filhos de todas ou de algumas aulas de educação sexual, exceto aulas que fazem parte do currículo de ciências e ensinam tópicos como puberdade e reprodução sexual. Um aluno com pelo menos 16 anos de idade pode optar por voltar às aulas de educação sexual com ou sem a aprovação dos pais, o que também faz parte das orientações existentes.

As diretrizes estabeleceriam mais proteção dos direitos dos pais. Segundo a proposta, as escolas precisam pôr à disposição todo o material de educação sexual para ser avaliado pelos pais.

A secretária de Estado da Educação do Reino Unido, Gillian Keegan, disse em comunicado que a proposta “coloca a proteção das crianças no centro e consagra o direito dos pais de saberem o que os seus filhos aprendem”.

“Isso vai apoiar as escolas sobre como e quando ensinar tópicos muitas vezes difíceis e delicados, não deixando dúvidas sobre o que é apropriado ensinar aos alunos em todas as fases escolares”, disse Keegan. “Os pais podem ter certeza de uma vez por todas de que seus filhos vão aprender apenas conteúdos apropriados à idade.”

O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak disse num comunicado que ficou “horrorizado” ao ouvir relatos do que escolas estavam dando como educação.

“Agirei sempre rapidamente para proteger as nossas crianças e essa nova orientação fará exatamente isso, ao mesmo tempo que vai apoiar os professores a ensinar esses tópicos importantes com sensibilidade e dará aos pais acesso ao conteúdo curricular, se assim o desejarem”, disse Sunak.

A organização de defesa do cristianismo na esfera pública Christian Concern e o Christian Legal Centre (CLC, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos com sede em Londres, apoiou as diretrizes propostas.

“Estamos contentes e aliviados pelo fato de as crianças da escola primária estarem agora protegidas de tais lições”, disse a diretora-executiva da CLC, Andrea Williams, em comunicado. “Mas isso deve ser apenas um começo. Muito dano já foi causado e muita confusão semeada. As escolas devem voltar às suas raízes cristãs e às crenças bíblicas sobre a identidade e a ética sexual, que preparam as crianças e as famílias estáveis ​​para a vida.”

As mudanças ocorrem poucos meses depois da Inglaterra ter proibido a prescrição de medicamentos para mudança de sexo a menores, em março. A Escócia logo o seguiu, encerrando essas prescrições em abril. As mudanças políticas resultam de um estudo independente da médica Hilary Cass, que encontrou evidências insuficientes para apoiar a eficácia e segurança do fornecimento destes medicamentos às crianças.