O presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu estabelecer um direito nacional ao aborto durante um discurso de campanha em Tampa, na Flórida, nesta terça-feira (23). Biden culpou o ex-presidente Donald Trump pela revogação em 2022 pela Suprema Corte dos EUA da decisão Roe x Wade, da mesma Suprema Corte, que liberou o aborto nos EUA em 1973.

Ao falar a uma multidão de apoiadores no Hillsborough Community College, Biden, que é católico, chamou a revogação da Roe x Wade de "um acordo político" feito por Trump com "a base evangélica do Partido Republicano para fazer vista grossa para suas falhas morais e de caráter".

Ele criticou os republicanos como "extremos" por aprovarem leis para proteger a vida dos nascituros, destacando em particular o limite de seis semanas para abortos na Flórida, que deve entrar em vigor em 1º de maio, como "bizarro".

"Sejamos claros, há uma pessoa que é responsável por esse pesadelo, e ele é reconhecido e se gaba disso, Donald Trump", disse Biden.

"Trump está literalmente nos fazendo retroceder 150 anos", continuou. Segundo Biden, Trump é responsável pelos esforços para limitar o aborto, a fertilização in vitro e a droga abortista mifepristona.

Embora Trump tenha dito recentemente que não vai sancionar uma proibição nacional do aborto se reeleito, Biden acusou Trump de estar trabalhando secretamente com os republicanos no Congresso dos EUA para aprovar uma proibição federal do aborto.

"Agora as mulheres nos EUA têm menos direitos do que suas mães e suas avós tinham, por causa de Donald Trump”, disse Biden. “Foi Donald Trump que arrancou os direitos das mulheres na América. Seremos todos nós que vamos restaurar esses direitos para as mulheres".

Exortando as pessoas a votarem em novembro, ele prometeu estabelecer um direito nacional ao aborto.

"Vamos ensinar a Donald Trump e aos republicanos extremistas uma lição valiosa: não mexam com as mulheres da América”, disse. “Elejam um Congresso democrata e Kamala e eu faremos de Roe x Wade a lei do país novamente".

Biden também elogiou uma emenda  abortista que vai ser votada na Flórida em novembro e pode consagrar o direito ao aborto na constituição do Estado.

Se aprovada a emenda na eleição em novembro, a constituição da Florida dirá: “Nenhuma lei deverá proibir, penalizar, atrasar ou restringir o aborto antes da viabilidade ou quando necessário para proteger a saúde do paciente, conforme determinado pelo prestador de cuidados de saúde do paciente”.

Biden apoiou o esforço para adicionar a emenda abortista à constituição estadual, dizendo: "Vamos fazer isso".

"Desde que a Suprema Corte disse que os Estados deveriam decidir, em Estados de todo o país, Ohio, Kansas, Michigan, Kentucky, Wisconsin, Virgínia, mulheres e homens de todas as origens votaram em número recorde para proteger a liberdade reprodutiva", disse Biden. "Em novembro, vocês podem adicionar a Flórida a essa lista. É possível. Vocês estão prontos para fazer isso? Vocês têm que aparecer e votar".

Campanha de Trump responde

O presidente do Comitê Nacional Republicano, Michael Whatley, respondeu ao discurso de Biden dizendo à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, ao qual pertence ACI Digital, que a "agenda radical abortista do presidente em exercício - recusando-se a apoiar quaisquer limites e permitindo o aborto até o nascimento - está totalmente fora de contato com a maioria dos americanos".

"Mas isso não vai impedi-lo de apresentar isso aos eleitores da Flórida. Biden deve ter esquecido que milhares de americanos fugiram de políticas democratas extremistas para Estados prósperos e pró-vida como a Flórida", continuou.

A secretária nacional de imprensa da campanha de Trump, Karoline Leavitt, disse à CNA que, embora Biden "possa ser um autoproclamado católico, ou um 'católico de cafeteria', como foi recentemente descrito pelo arcebispo de Washington, D.C. (o cardeal Wilton Gregory)", suas ações "provam que ele não merece o voto dos católicos americanos".

"Biden apoia o aborto até o nascimento, seu departamento de Justiça ataca e prende ativistas pró-vida, e o FBI de Biden planejou se infiltrar em missas católicas para espionar os participantes. O presidente Trump vai acabar com a discriminação de Biden contra todos os cristãos e vai defender a liberdade religiosa, como fez em seu primeiro mandato", disse ela.

Eleitores da Flórida têm grande importância

Em resposta ao discurso de Biden, a presidente do grupo pró-vida Florida Right to Life, Lynda Bell, disse à CNA que "não estava surpresa, mas enojada".

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Bell chamou a emenda abortista da Flórida promovida por Biden de "radical", afirmando: "Biden não se importa com as mulheres, Biden não se importa com as garotas, Biden não se importa com a segurança, Biden se importa com os votos. Se ele acha que sacrificar bebês até o nascimento vai dar um voto a ele, então ele o fará. O homem não tem nenhum princípio."

Um grupo de moradores pró-vida da Flórida que fazem parte da organização conservadora Turning Point USA também fez um "comício pela vida" do lado de fora do prédio onde Biden fez seu discurso.

O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, também criticou Biden por fazer uma viagem à Flórida para defender o aborto e disse que seus esforços para vencer na Flórida seriam em vão.

"Ele veio tentar apoiar uma emenda constitucional que obriga o aborto até o nascimento, que vai eliminar o consentimento dos pais para menores, e isso está escrito de uma forma intencionalmente projetada para enganar os eleitores", disse DeSantis. "Então, tudo o que posso dizer é que os floridenses não estão comprando o que Joe Biden está vendendo e, em novembro, vamos desempenhar um papel fundamental para enviá-lo de volta a Delaware, onde ele pertence."

Democratas depositam esperanças no aborto

A vice-presidente dos EUA Kamala Harris também entrou em campanha nesta semana defendendo o aborto legalizado nacionalmente.

Em uma parada em sua turnê "Reproductive Freedoms" (Liberdades Reprodutivas, em inglês) em La Crosse, Wisconsin, na segunda-feira (22), Harris acusou Trump de orquestrar a revogação de Roe x Wade.

O professor de política da Universidade Católica da América, John White, disse à CNA que, embora acredite que os eleitores abortistas vão às urnas em grande número, ele não acredita que eles serão capazes de ganhar o Estado da Flórida.

"O aborto é um fator motivador na eleição deste ano", disse White. "Se o passado prenuncia o presente, esse tema favorece os democratas".

White observou no entanto, que, nos últimos anos, a Flórida “caminhou claramente em direção aos republicanos".

"A emenda abortista nas urnas torna o Estado mais competitivo e os republicanos podem ter que gastar mais dinheiro defendendo seus candidatos do que contavam fazer", concluiu.