O bispo auxiliar de Essen, Alemanha, dom Ludger Schepers, celebrou uma missa no final de um curso de formação para diaconisas. O chamado “Círculo do Diaconato”, uma série de cursos de vários anos de preparação para a introdução de mulheres diaconisas na Igreja foi organizado, pela terceira vez, pela Rede de Diaconato de Mulheres.

“As formandas vêm de toda a Alemanha. O que têm em comum é que se sentem chamadas ao diaconato. Elas passaram por um extenso processo de seleção para o programa de formação. Cada uma delas tem uma sólida formação teológica e está profundamente enraizada na Igreja. Algumas delas são ativas no ministério eclesiástico", diz um comunicado de imprensa datado de 15 de abril.

“Como parte do programa de formação, nos últimos anos as mulheres se reuniram a cada dois meses durante um fim de semana no Waldbreitbacher Klosterberg”, continua o comunicado. Esta é a casa mãe das freiras franciscanas de Waldbreitbach, entre as cidades de Bonn e Koblenz.

“O bispo auxiliar Schepers há muito apoia e acompanha a rede do Diaconato Feminino”, diz o comunicado de imprensa.

“No seu sermão, que proferiu junto com a irmã Edith-Maria Magar, superiora-geral das Irmãs Franciscanas de Waldbreitbach, ele disse que as mulheres também são chamadas. Com razão, as mulheres se sentem discriminadas e marginalizadas na Igreja por causa de sua vocação", acrescentou.

“Elas estão indignadas com o fato de esse desequilíbrio não ser considerado uma ofensa a ser remediada", continua o comunicado à imprensa. "Embora ainda não seja possível ordenar as mulheres, ele e os líderes do curso abençoaram cada uma delas ao receberem seu certificado", disse.

Irmentraud Kobusch, responsável pelo lançamento do chamado “Círculo do Diaconado”, disse: “Esta formação continua sendo vista com ceticismo e desconfiança por muitos bispos e não é previsível quando ou se as mulheres um dia serão admitidas no diaconato. pela Igreja Católica”.

Além do bispo auxiliar Schepers, o bispo de Limburg, dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã (DBK), também apoiou a "Rede do Diaconato Feminino" e os cursos de formação correspondentes. “São uma bênção para a nossa Igreja”, escreveu dom Bätzing em um comunicado de imprensa.

Assim, no outono de 2021, o presidente do DBK “aceitou pessoalmente o convite das participantes, procurou dialogar com elas e conhecê-las”.

Em abril de 2023, dom Schepers anunciou “que os bispos alemães em Roma exigirão resolutamente que as mulheres sejam admitidas ao diaconado, que a admissão de mulheres a todos os ministérios sacramentais seja examinada e que sejam dados passos nesta direção”.

A Igreja sempre rejeitou a ordenação de mulheres ao sacerdócio, como disse expressamente o papa são João Paulo II na sua Carta Apostólica Ordinatio sacerdotalis de 1994.

O Sacramento da Ordem é único, mas existe em três níveis: diácono, presbítero e bispo. Neste contexto, admitir mulheres ao diaconado significaria que também poderiam ser sacerdotes ou mesmo bispos, porque agora é um único sacramento de ordenação: quem é diácono, em princípio, também pode ser validamente ordenado sacerdote e bispo.

Em abril de 2023, dom Schepers também falou sobre o sermão dos leigos na celebração da missa, dizendo que esta medida deveria ter sido adotada há muito tempo e que já é praticada em muitos lugares da Alemanha.

A decisão do Caminho Sinodal Alemão, por exemplo, de permitir que mulheres e homens não ordenados preguem na missa, chega tarde porque já é praticada há muito tempo em muitas paróquias, disse o bispo auxiliar.

Em março de 2023, o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, sob a direção do cardeal Arthur Roche, interveio contra esta medida. A carta de várias páginas rejeitou claramente tais exigências, embora já tivessem sido adotadas no Caminho Sinodal Alemão com a aprovação da maioria dos bispos.

O Caminho Sinodal é um processo de vários anos que começou em dezembro de 2019 e no qual participaram bispos e leigos da Alemanha para abordar temas como o exercício do poder, a mudança na moral sexual católica, no sacerdócio e no papel das mulheres na Igreja, propondo até que possam receber a ordem sacerdotal.

Sobre esses temas, vários membros do Caminho Sinodal expressaram, publicamente e em diversas ocasiões, posições contrárias à doutrina católica, o que fez com que ao menos 100 bispos e cardeais de todo o mundo alertassem sobre o perigo do cisma.

Dom Schepers atua como comissário do DBK “para a pastoral LGBTQ”. Nesta função, reconheceu “a própria culpa da Igreja contra as pessoas queer”, em janeiro de 2023, por ocasião do Dia da Memória das Vítimas do Nacional Socialismo.