Segundo a advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina, o governo “profanador de templos” da Nicarágua organiza há meses eventos fora das igrejas católicas, o que faz com que algumas sejam obrigadas a suspender as missas.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, era um dos líderes da Frente Sandinista de Libertação Nacional, grupo guerrilheiro de esquerda que tomou o poder em 1979. Ortega soma mais de 30 anos no poder. Sua mulher, Rosario Murillo é vice-presidente do país.  

“A ditadura sandinista ordena aos prefeitos que utilizem os átrios das paróquias para realizar atividades pagãs e assim profanar os templos”, escreveu Molina em sua conta na rede social X, na sexta-feira (19).

“As missas tiveram que ser suspensas em alguns templos porque os sons provocados pelas atividades da ditadura não permitem que os fiéis ouçam”, acrescentou.

Martha Patricia Molina é autora do relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?, um texto de mais de 300 páginas, que em sua última atualização relata pelo menos 667 ataques contra a Igreja.

Molina disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, na segunda-feira (22), que esses eventos de prefeitos “só foram vistos em algumas dioceses, mas agora são generalizados. Recentemente montaram até um ringue de boxe em frente à Catedral de León”.

Isso foi denunciado em uma publicação de sábado (20). “Não existe outro espaço naquela cidade para realizar esse tipo de evento? As paredes da catedral estavam urinadas e sujas, espero que o prefeito daquela cidade os mande limpar”, escreveu.

 

“O ringue de boxe foi o presente mais triste” que o governo enviou a “dom Sócrates René Sándigo no seu aniversário. Os ditadores nem sequer respeitaram isso. Ditadura criminosa, vulgar e profanadora de templos”, acrescentou.

O bispo de León, dom Sócrates René Sándigo Jirón, fez 59 anos na sexta-feira (19).

Foi o único bispo da Igreja na Nicarágua que votou nas eleições de 2021, processo descrito por vários líderes nacionais e internacionais como uma “farsa”, e graças ao qual Daniel Ortega continua na presidência pelo quarto mandato consecutivo.

Molina disse à ACI Prensa que o governo da Nicarágua “também o mantém sob vigilância”. “Imagine, se ele é o mais próximo do regime e eles o têm sob vigilância, como manterão os outros”, alertou.