Para o papa Francisco, “negociar não é fraqueza, mas é força. Não é rendição, mas é coragem”, disse o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, numa entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera.

O cardeal respondia à polêmica que surgiu sobre o que foi divulgado de uma entrevista do papa à rede de TV suíça RSI no sábado (9), que deve ir ao ar no próximo dia 20 de março.

O papa Francisco deu sua opinião sobre aqueles que “pedem a coragem da rendição, da bandeira branca” enquanto “outros dizem que isso legitimaria os mais fortes”.

“É uma interpretação”, disse o papa. “Mas creio que é mais forte quem vê a situação, quem pensa nas pessoas, quem tem a coragem da bandeira branca, para negociar”.

Para Francisco, “essa palavra negociar é uma palavra corajosa. Quando você vê que está derrotado, que as coisas não estão indo bem, precisa ter a coragem de negociar. E você fica com vergonha, mas se continuar assim, quantas mortes então? E vai acabar pior ainda. Negociar a tempo, procurar um país para atuar como mediador. Hoje, por exemplo, com a guerra na Ucrânia, há muitos que querem atuar como mediadores. Turquia, por exemplo... Não tenha vergonha de negociar antes que as coisas piorem."

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O governo ucraniano respondeu dizendo que, durante a Segunda Guerra Mundial, não se falava em “negociações de paz com Hitler”.

No domingo (10), o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse: “O papa usa o termo bandeira branca, e responde retomando a imagem proposta pelo entrevistador, para indicar com ela a cessação das hostilidades, a trégua alcançada com o valor da negociação. Noutra parte da entrevista, falando de outra situação de conflito, mas referindo-se a qualquer situação de guerra, o papa afirma claramente: ‘A negociação nunca é uma rendição’”.

O cardeal Parolin falou hoje (12) sobre a polêmica, reiterando que “como recordado pelo diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, citando as palavras do Santo Padre de 25 de fevereiro passado, o apelo do Pontífice é que ‘se criem as condições para uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura’”.

“Neste sentido é óbvio que a criação de tais condições não diz respeito apenas a uma das partes, mas sim a ambas, e a primeira condição parece-me ser precisamente a de pôr fim à agressão”, continuou.

“A Santa Sé prossegue esta linha e continua a pedir um ‘cessar-fogo’ – e cessar fogo deveriam fazer antes de tudo os agressores – e, portanto, a abertura de tratativas”, concluiu o cardeal Parolin.