Na sexta-feira (23), um grande grupo de jovens levou vida às ruas de Jerusalém pela primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em outubro do ano passado. Cerca de mil crianças e jovens de escolas cristãs percorreram a Via Dolorosa, na Cidade Velha, oferecendo orações pela paz, deixando um rastro de esperança.

Pequena multidão de estudantes e professores de escolas cristãs de Jerusalém participam de Via Sacra organizada pela custódia da Terra Santa na última sexta-feira (23). Marinella Bandini
Pequena multidão de estudantes e professores de escolas cristãs de Jerusalém participam de Via Sacra organizada pela custódia da Terra Santa na última sexta-feira (23). Marinella Bandini

A iniciativa, intitulada “A Via Sacra… Um Caminho de Paz”, foi organizada pela Custódia da Terra Santa e envolveu 12 instituições, incluindo duas escolas da Igreja Anglicana e a escola da Igreja Apostólica Armênia, bem como vários grupos católicos. Estiveram presentes também o custódio franciscano da Terra Santa, padre Francesco Patton, e o delegado apostólico em Jerusalém, dom Adolfo Tito Yllana.

A Via Sacra começou no santuário da Flagelação e terminou no convento franciscano de São Salvador. As primeiras oito estações aconteceram ao longo do percurso tradicional da Via Dolorosa. Em cada estação, depois da leitura das Escrituras e da oração, duas crianças soltaram um par de pombas, sinal visível da oração pela paz e pela liberdade levantada pelos participantes mais jovens.

Pomba voa logo depois de ser solta em frente à quarta estação da Via Sacra, ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém, durante a Via Sacra para estudantes de escolas cristãs em Jerusalém, realizada na última sexta-feira (23). Em cada estação, duas crianças soltavam um par de pombas, sinal visível da oração pela paz. Marinella Bandini
Pomba voa logo depois de ser solta em frente à quarta estação da Via Sacra, ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém, durante a Via Sacra para estudantes de escolas cristãs em Jerusalém, realizada na última sexta-feira (23). Em cada estação, duas crianças soltavam um par de pombas, sinal visível da oração pela paz. Marinella Bandini

“Todos os anos organizamos uma Via Crucis com os alunos das escolas”, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN a que pertence ACI Digital, o vigário da Custódia da Terra Santa e diretor das Escolas Terra Sancta, padre Ibrahim Faltas. No ano passado, o evento teve uma ressonância particular: os alunos usaram lenços vermelhos – da cor do sangue – com a imagem da estátua vandalizada de Jesus, que havia sido profanada poucas semanas antes nas dependências do santuário da Flagelação.

A estátua quebrada e desfigurada nunca foi restaurada e tornou-se um símbolo do sofrimento de Jesus. Também este ano foi feita a primeira estação da Via Sacra em torno da estátua.

Crianças ao redor de estátua vandalizada de Jesus no início da Via Sacra para crianças de escolas cristãs em Jerusalém, organizada pela custódia da Terra Santa na última sexta-feira (23). Marinella Bandini
Crianças ao redor de estátua vandalizada de Jesus no início da Via Sacra para crianças de escolas cristãs em Jerusalém, organizada pela custódia da Terra Santa na última sexta-feira (23). Marinella Bandini

“Para os lenços escolhemos o branco, a cor da paz”, disse Faltas. “As inscrições 'Da nobis pacem Domine' e 'Concede-nos a paz' ​​formam uma cruz no tecido. Também imprimimos uma pomba com um ramo de oliveira no bico, símbolo da paz.”

Faltas enfatizou a importância da liberdade de culto à luz de relatórios recentes que sugerem que o governo israelense poderia considerar restringir o acesso à esplanada das mesquitas no Monte do Templo durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.

“Jerusalém deve estar aberta a todos; essa é a sua natureza. As pessoas não podem ser impedidas de ir rezar, em qualquer idade. Todos têm o direito de orar em seus locais de culto. Se durante o Ramadã as pessoas não conseguirem chegar às mesquitas, seria um problema significativo”, disse.

As estações 9 a 14 aconteceram no convento franciscano de São Salvador e no final da Via Sacra, o custódio da Terra Santa fez uma breve meditação sobre o dom de Jesus, que deu a vida por toda a humanidade — até por aqueles que o perseguiram.

Via Sacra para estudantes de escolas cristãs de Jerusalém chega ao convento franciscano de São Salvador na última sexta-feira (23). As estações 9 a 14 aconteceram na igreja. Marinella Bandini
Via Sacra para estudantes de escolas cristãs de Jerusalém chega ao convento franciscano de São Salvador na última sexta-feira (23). As estações 9 a 14 aconteceram na igreja. Marinella Bandini

“Peçamos-lhe a graça de manter os nossos corações livres do ódio e do desejo de vingança contra aqueles que nos prejudicam. Peçamos a graça de que todos os muros construídos de inimizade e ódio sejam demolidos. Peçamos a Jesus, que estendeu os braços entre o céu e a terra, que nos ajude hoje a construir uma ponte de paz através do nosso compromisso com a paz e a reconciliação na Terra Santa e em todo o mundo”, disse Patton.

Depois da recitação da “Oração Simples” atribuída a são Francisco de Assis, o delegado apostólico em Jerusalém, dom Adolfo Tito Yllana, concedeu a bênção final com a relíquia da Santa Cruz.

Crianças seguram pombas, que soltaram momentos depois, durante a Via Sacra para estudantes de escolas cristãs em Jerusalém, na última sexta-feira (23). Marinella Bandini
Crianças seguram pombas, que soltaram momentos depois, durante a Via Sacra para estudantes de escolas cristãs em Jerusalém, na última sexta-feira (23). Marinella Bandini

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Depois do evento, o custódio conversou com os jornalistas presentes no evento e comentou a participação das crianças.

“Esta Via Sacra também teve como objetivo encorajar nossos filhos a permanecerem firmes na esperança”, disse. “Nos momentos em que parece que as pessoas não conseguem chegar a um acordo, devemos bater com mais insistência à porta de Deus com as nossas orações, para que aqueles que devem e podem oferecer uma solução para esta guerra possam ser guiados de volta à razão”.